
Alessandro Di Bussolo e Edoardo Giribaldi
No coração pulsante da praça de São Pedro, onde o eco das orações se fundiu com a celebração de dezenas de milhares de fiéis, ressoou o mais profundo apelo à unidade, um desejo renovado de Leão XIV. Um apelo encarnado nas vozes de quem, no âmbito do Jubileu dos movimentos, das associações e das novas comunidades, transformou a dor em esperança: «We are one», «Somos um», disse Hussam Abu Sini, médico oncologista árabe. Palavras que animaram a tarde de sábado, 7 de junho, pouco antes da Vigília de Pentecostes, presidida à noite pelo Papa, e que representaram um baluarte contra as divisões que «diante dos nossos olhos» afligem as nossas existências, como recordou o próprio Pontífice na homilia.
Antes do início da Vigília, a sua chegada à praça de S. Pedro, a bordo do papamóvel, foi acolhida com grande entusiasmo. Um olhar sugestivo foi oferecido pelos estandartes das várias comunidades vindas a Roma — representadas por cerca de 70.000 fiéis reunidos no abraço do hemiciclo de Bernini e nas áreas adjacentes — que ondulavam no ar quente do crepúsculo romano. Depois do hino do Jubileu, “Peregrinos de esperança”, a passagem de Leão XIV entre os vários setores da praça foi acompanhada pela música dos Gen Rosso, um grupo nascido de um dom de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. A volta de papamóvel durou cerca de meia hora, durante a qual Leão XIV abençoou e saudou os presentes que se encontravam atrás das barreiras, detendo-se em particular junto das crianças.
O Pontífice dirigiu-se depois para o adro da basílica, onde foi recebido pelo arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização e responsável pela organização do Jubileu. «Diante de Vossa Santidade está presente a grande e multiforme realidade eclesial dos movimentos», afirmou o prelado, sublinhando como tal participação representa um «sinal evidente da grande obra de evangelização», realizada com «convicção e credibilidade». O arcebispo concluiu a saudação invocando para o bispo de Roma apoio, alegria e força nos momentos de dificuldade.
«O doador de todo o bem, que no único batismo e na variedade dos carismas e ministérios manifesta o corpo da Igreja, acompanhe os movimentos e as associações que representais e que enriquecem a missão evangelizadora da Esposa de Cristo», proclamou Leão XIV durante a Vigília, introduzindo o canto Veni, Creator Spiritus. Ao som das suas notas, os representantes das associações e dos movimentos presentes aproximaram-se do círio pascal colocado junto ao ambão, do qual retiraram a luz para acender sete lâmpadas. Depois da proclamação do Evangelho de Lucas (4, 16-21), o Pontífice proferiu a homilia; a liturgia prosseguiu depois com a renovação das promessas batismais e a invocação do Espírito Santo. A Vigília concluiu-se por fim com a bênção apostólica.
Anteriormente, a animar a pré-Vigília na praça de S. Pedro, tinham sido as histórias de esperança provenientes de contextos de guerra, dificuldades, pobreza e renascimento. Relatos autênticos de como a fé e a proximidade da Igreja podem transformar a dor em esperança. Não só a história de Abu Sini, que partilhou a sua própria experiência na Terra Santa, entre os dramas do conflito e a força da comunidade. Com a sua família, escolheu permanecer unido à Igreja para dar testemunho de Cristo nos lugares da encarnação, descobrindo uma missão também na sua própria profissão: ser sinal de amor no sofrimento.
Nicola Boricchi, da comunidade Novos Horizontes, contou um percurso de redenção: de uma juventude marcada pela droga, abandono e raiva, à cura interior, uma «Deus-incidência», como a definiu, graças ao encontro com aqueles que o acolheram sem julgar, no seio da associação fundada por Chiara Amirante. Hoje é pai, empresário e testemunha de uma misericórdia que transforma, oferecendo trabalho a quem se encontra em dificuldade.
Aline Minani, da Comunidade de Santo Egídio, falou de Goma, na martirizada República Democrática do Congo, onde os jovens formam uma «aliança com os idosos» para combater o isolamento e a miséria. Isto, explicou a jovem, «impede-nos de enlouquecer de medo, porque nos liberta da ansiedade constante sobre a nossa própria sobrevivência». E essa aliança «faz renascer uma esperança de paz». A este respeito, Minani citou Floribert Bwana Chui, um jovem membro da Comunidade morto em 2007 por ter recusado, em nome do Evangelho, um suborno na alfândega para deixar passar alimentos estragados que teriam prejudicado a população. Foi beatificado no domingo, 15 de junho, em Roma, e o seu exemplo é «um farol de esperança para todos os jovens do Congo, de África e do mundo». Por fim, Pedro Sánchez Sáez e María Begoña Ballester Zapata, do Caminho Neocatecumenal, falaram da sua missão na Ucrânia, onde vivem com doze filhos no meio da guerra. Entre crises e reconciliações, veem a fidelidade de Deus sustentar a sua família e o seu testemunho de amor e esperança numa terra ferida.