Da Igreja Greco-Católica Ucraniana

Abraçar a fé, não as armas

 Abraçar a fé, não as armas  POR-008
02 julho 2025

Lorena Leonardi

Com uma única voz, sofrida e esperançosa, a oração do rosário elevou-se na manhã de 28 de junho, na Praça Pia, para dar início ao Jubileu da Igreja Greco-Católica Ucraniana no túmulo do apóstolo Pedro. O fluxo de cerca de cinco mil fiéis, reconhecíveis pelas numerosas bandeiras nacionais e lenços azuis e amarelos atados aos ombros, deu início à peregrinação ao longo da Via della Conciliazione.

No final, depois de atravessar a Porta Santa, em São Pedro, houve o encontro com Leão XIV — durante o qual o Pontífice saudou e abençoou algumas mães de soldados mortos na frente de batalha — e a liturgia divina em rito bizantino-ucraniano presidida pelo arcebispo-mor de Kyiv-Halyč, Sviatoslav Shevchuk, concelebrada pelos bispos da Igreja greco-católica ucraniana provenientes de todo o mundo. No dia seguinte, no Pontifício Colégio Ucraniano de São Josafat, teve início o Sínodo dos Bispos da Igreja greco-católica ucraniana, centrado na pastoral da família em tempo de guerra.

Sob o sol romano, os grupos reconhecem-se e cumprimentam-se gritando «Glória à Ucrânia». Irmãos na dor, sabem que as suas lágrimas têm todas o mesmo sabor, muitas vezes mais amargo pela distância dos seus entes queridos que arriscam a vida. Quase não há homens. Entre os peregrinos, mulheres em trajes tradicionais bordados, a maioria usando chapéus de palha branca para se proteger do calor, com alguns adolescentes e crianças pela mão. Svitlana chegou há 25 anos a San Severo, província de Foggia, vinda de Ivano-Frankivs’k. Na mão, ela agita uma pequena bandeira do seu país, enquanto os olhos se enchem de lágrimas ao pensar no marido, Aleksander, há três anos na frente de batalha. Os filhos e netos do casal vivem na Apúlia. O homem, atualmente em Zaporizhzhia, é o único da família que ficou «em casa». E mesmo que a Itália «seja bonita e dê trabalho», é para outro lugar que todos sonham voltar um dia: «As nossas mães estão lá, a nossa pátria está lá», repete Svitlana, abanando a cabeça.

Também o padre Roman Pelo está na Itália há mais de vinte anos, «metade da minha vida». O sacerdote que veio de Udine acompanhando cerca de quarenta fiéis sorri: os passos são pesados, por trás de cada rosto há o desespero por um filho que não voltou, a dor por um marido mutilado, a angústia por um neto que ficou órfão. Na pastoral, a parte mais difícil, explica o sacerdote, é «estabelecer contacto com aqueles que passam por estas situações e procuram justiça». O desejo do presbítero é que «a esperança não fique apenas proclamada, mas seja praticada» por aqueles que podem realmente «trabalhar pela paz, porque enquanto falamos há um povo que sofre».

De Cleveland, Ohio, nos Estados Unidos da América, chega Bohdan John Danylo, eparca de São Josafat de Parma: «Através da oração e da nossa presença, testemunhando ao mundo que estamos vivos e firmes, defendemos a Ucrânia e a esperança de um amanhã melhor». Na véspera do Sínodo, sublinha a urgência de preservar as famílias tão provadas pelo conflito, na confiança num «novo» pós-guerra habitado por homens determinados a construir uma «sociedade pacífica». Faz-lhe eco o padre Vasil Marciuk, à frente de uma centena de ucranianos greco-católicos vindos de Bergamo «para partilhar com todos os ucranianos o dom do perdão e de uma oração em conjunto. Comovemo-nos ao ver esta multidão, tantas bandeiras, e esperamos que o Senhor abençoe a nossa pátria e o nosso povo».

Aos cerca de cem fiéis da região de Donetsk, acompanhados pelo padre Aleksander Bohomaz, junta-se Maria Elena Virvan, longe da Ucrânia há muitos anos e hoje em busca de «um caminho de esperança para uma paz justa». Forte da certeza de que «Deus é justo», também Elena, de Pescara, mas nascida em Leopoli, onde vivem o filho com a esposa e os seus três filhos, ainda pequenos. Eles falam todos os dias, por telefone e videochamada. Nenhum deles quer ir embora: «Quem gostaria de abandonar a sua casa? Quem quer fugir da sua terra? Deveríamos sair dos países como turistas, não como refugiados».

Neste Ano Santo, o padre Roman Mykievych celebra 25 anos de sacerdócio: é pároco de Tysmenytsia, cidade no oeste do país, e esta viagem a Roma é para ele uma ocasião de agradecimento. Nos momentos difíceis, as intenções de oração multiplicam-se: há «o motivo principal, a paz», mas também «aqueles que ajudam os outros», sem esquecer «os falecidos, os soldados que sacrificaram a própria vida». E quando tudo à volta desaba, a solução não é pegar em armas, mas abraçar a fé, da qual, conclui o Pe. Roman, deriva a esperança em Cristo, «verdadeira paz».