A força invisível da fé

 A força invisível da fé   POR-008
02 julho 2025

Numa entrevista aos meios de comunicação do Vaticano, concedida na manhã de 14 de junho no contexto do Jubileu do desporto, o treinador português Sérgio Conceição fala sobre o poder transformador do desporto e de como a fé «é a força invisível» que sustenta cada um dos seus passos.

Mister, o que o levou a aceitar o convite para participar neste Jubileu do desporto? Que significado atribui a uma iniciativa como esta, que junta fé e prática desportiva?

Para mim é uma honra estar aqui e participar neste Jubileu. A palavra mais importante é a Esperança: o que todos nós queremos ter é esta esperança num mundo melhor, com estes valores que nós, dentro do desporto, tentamos transmitir. E envolver todos, porque o desporto é muito importante para tantas pessoas e o meu exemplo é precisamente esse: é encontrar no desporto o caminho certo para avançar e chegar aos meus objetivos.

Penso que o desporto não é só para os melhores, o desporto é para todos e é preciso criar as condições para isso.

No podcast Bitaites D’Ouro partilhou uma imagem muito bonita: diz frequentemente aos seus jogadores para deixarem os chinelos debaixo da cama, para que, ao ajoelharem-se de manhã, aproveitem para agradecer a Deus por mais um dia de vida. Que papel tem a fé na sua vida pessoal e profissional?

Está tudo ligado. Está tudo ligado.

A minha fé, aquilo que eu procuro todos os dias, é agradecer a Deus por tudo aquilo que me proporcionou. Passei por momentos muito difíceis e por momentos muito felizes, mas faz parte do trajeto, faz parte do percurso. E tudo o que vem de Deus, tudo o que vem de Jesus Cristo, para mim, é uma aprendizagem.

Há momentos em que, obviamente, estamos mais abalados, com algumas situações que acontecem na nossa vida, mas faz parte do trajeto. É preciso acreditar sempre que é um privilégio estarmos vivos, podermos viver de uma forma apaixonada a nossa vida, a nossa família, os nossos amigos. E por isso eu digo: temos de agradecer todos os dias a Deus por mais um dia.

Passou por momentos extremamente difíceis quando era muito jovem. Que palavra deixaria, hoje, a jovens que, como o Sérgio de outros tempos, atravessam uma perda profunda e sentem dificuldade em continuar a sonhar em grande?

Acho que essas dificuldades que nós encontramos na nossa vida têm que servir de escudo e de mola, no fundo, para que cada um de nós possa atingir aquilo que são os nossos sonhos, os nossos objetivos; concluir algumas das metas que nós nos propomos quando somos mais jovens. Não é fácil, não é fácil.

E essa luta é uma luta diária. E com essa força quase invisível, que vem da fé, uma força que não se sente, mas que nos sustenta a cada passo que damos. Acho que é importante referir isto. Permite-nos a nós, de uma forma sustentada, exatamente nessa mesma fé, nessa mesma vontade e proximidade que temos a Jesus, a Deus, ter força, no fundo, e equilíbrio, esse equilíbrio emocional. Porque é muito importante nos diferentes momentos da nossa vida, e eu acredito que quando se é jovem não se tem uma maturidade como se tem aos 30 ou 40 ou 50 anos, mas é exatamente nesses momentos que nos devemos fechar connosco próprios, falar muito connosco e olhar para aquilo que é essa mesma fé, essa mesma vontade de estar próximo de Deus.

Num mundo em que o futebol é muitas vezes sinónimo de fama e rivalidade, como tenta cultivar nos seus jogadores valores como a humildade, o respeito e o espírito de equipa?

Acho que é fundamental exatamente essa humildade, esse espírito de equipa, esse espírito de sacrificar por si e pelo companheiro. Partilhar tantas emoções é fundamental numa equipa de futebol, numa família. Acho que esses valores dentro daquilo que é o futebol, dentro daquilo que são as equipas, são extremamente benéficos, principalmente numa idade de formação para os nossos jovens. Acho que o futebol continua a ser um desporto muito importante, assim como todos os outros desportos coletivos e individuais, porque nos unem a ter esse sentido de equipa, esse sentido de família, que é absolutamente essencial na nossa vida.