As periferias de uma grande cidade como Milão são frequentemente palco de várias emergências que povoam as páginas dos jornais e alarmam a opinião pública: casas ocupadas, imigrantes não integrados, baby gangs, macro e microcriminalidade...
Raramente, porém, se fala do papel fundamental, muitas vezes silencioso, desempenhado por algumas mulheres na integração de diferentes nacionalidades e gerações nestes lugares de fronteira.
Diante de uma banca do mercado, à espera na paragem do autocarro ou na fila para o pediatra, a partir de um pequeno detalhe da vida quotidiana, começa-se a contar a própria história e descobre-se que estão mais próximas umas das outras do que se imaginava. Entre estas mulheres das periferias, ainda menos conhecidas, há também algumas mulheres consagradas. Vou citar apenas dois exemplos. No bairro de Baggio, três Irmãs da Anunciação, duas professoras primárias e uma assistente social, filhas espirituais de São Carlos de Foucauld, vivem há cinco anos num edifício municipal. Do outro lado da cidade, no bairro de Quarto Oggiaro, as Irmãs da Adoração do Santíssimo Sacramento, religiosas beneditinas de clausura, instalaram-se em setembro passado.
Na diversidade das suas vidas, estas religiosas consagradas suscitam a simpatia de todos os que as encontram, em primeiro lugar as crianças, que rezam com elas e por elas, mas também as numerosas pessoas que se oferecem para prestar algum serviço útil para as suas comunidades ou para um almoço compartilhado.
Estas presenças femininas, tão diferentes da ideia comum de mulher, tão diversas umas das outras, e no entanto tão unidas na oferta da própria vida a Cristo, permitem derrubar barreiras sociais e culturais que às vezes parecem insuperáveis. Vale a pena contar dois episódios. Uma tarde, as beneditinas encontraram-se com cerca de vinte mães muçulmanas. Depois da descrição recíproca das suas histórias de vida, começam a fazer as perguntas mais íntimas: «Como viveis a inveja entre vós?»; «Porque usais um anel no dedo?»; «O que significa também para vós usar um véu?». Uma familiaridade inesperada.
A alguns quilómetros de distância, as Irmãs da Anunciação, entre os seus numerosos encontros quotidianos e inesperados, prepararam uma visita com algumas universitárias voluntárias à casa de uma senhora muito negligenciada: ela é habitualmente vista a caminhar pelas ruas de pijama. Para aquela ocasião, a senhora sentiu-se tão honrada que foi ao cabeleireiro e até comprou três copos para oferecer chá aos seus hóspedes. Passaram toda a manhã juntas.
As emergências das periferias permanecem, mas entre as mulheres que dão a vida, abrem-se caminhos inéditos de diálogo e de encontro. Trata-se de caminhos que somente as mulheres sabem escrever.
PIERLUIGI BANNA
Presbítero da Diocese de Milão, patrologista