Nas grutas do Vaticano o Pontífice celebrou a missa do domingo do Bom Pastor

Aprender a escutar Deus dando testemunho do Evangelho com coragem

 Aprender a escutar Deus dando testemunho do Evangelho com coragem  POR-006
14 maio 2025

«Ser corajoso no testemunho» do Evangelho e aprender «cada vez mais a escutar» o Senhor e os outros, para «entrar em diálogo», pediu o Papa Leão XIV na missa a que presidiu na manhã de 11 de janeiro, nas Grutas do Vaticano, antes da recitação do Regina Caeli. No IV domingo do tempo pascal, ou do Bom Pastor, Dia mundial de oração pelas vocações, o Pontífice deteve-se em oração diante dos túmulos dos seus predecessores ali sepultados (Pio XII, São Paulo VI, Beato João Paulo I e Bento XVI) e perante o nicho dos pálios, celebrando a Eucaristia no altar ao lado do túmulo do Apóstolo Pedro e reiterando a importância de «encorajar os jovens a ouvir a voz do Senhor, a segui-la e a servir na Igreja». Concelebrou com o bispo de Roma o prior-geral da ordem de Santo Agostinho, padre Alejandro Moral Anton. A seguir, a homilia do Santo Padre.

Começarei com uma palavra em inglês e depois talvez outra em italiano.

O Evangelho que ouvimos, neste domingo do Bom Pastor, diz: «As minhas ovelhas ouvem a minha voz, conheço-as e elas seguem-me» (Jo 10, 27).

Penso no Bom Pastor, sobretudo no domingo de hoje, tão significativo no tempo pascal. Ao celebrarmos o início desta nova missão, do ministério para o qual a Igreja me chamou, não há melhor exemplo do que o próprio Jesus Cristo, a quem confiamos a nossa vida e de quem dependemos. Jesus Cristo, a quem seguimos, é o Bom Pastor, e é Ele que nos dá a vida: «O caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6).

Por isso, celebramos este dia com alegria e apreciamos muito a vossa presença aqui.

Hoje é o Dia da Mãe. Creio que só há uma mãe presente: feliz Dia da Mãe! Uma das mais belas expressões do amor de Deus é o amor derramado pelas mães, especialmente sobre os seus filhos e netos.

Este domingo é considerado especial por vários motivos: um dos primeiros que mencionaria é o das vocações. Durante os recentes trabalhos dos Cardeais, antes e depois da eleição do novo Papa, falamos muito das vocações na Igreja e da importância de nos interrogarmos todos juntos. Antes de mais nada e sobretudo, dando o bom exemplo com a nossa vida, com alegria, vivendo o júbilo do Evangelho, sem desencorajar os outros mas, ao contrário, procurando maneiras de animar os jovens a escutar a voz do Senhor, a segui-la e a servir na Igreja. «Eu sou o Bom Pastor» (Jo 10, 11), diz-nos Jesus.

Agora acrescento também uma palavra em italiano, porque esta missão que cumprimos já não se dirige a uma única diocese, mas a toda a Igreja: este espírito universal é importante! E encontramo-lo também na primeira Leitura que ouvimos (cf. At 13, 14.43-52). Paulo e Barnabé vão a Antioquia, dirigem-se primeiro aos judeus, que não querem escutar a voz do Senhor, e assim começam a anunciar o Evangelho ao mundo inteiro, aos pagãos. Como sabemos, partem para esta grande missão. São Paulo vem a Roma, onde acaba por a levar a cabo. Mais um exemplo do testemunho de um bom pastor. Mas nesse exemplo há também um convite muito especial a todos nós. Aliás, digo-o de maneira muito pessoal: anunciar o Evangelho ao mundo inteiro!

Coragem! Sem medo! Tantas vezes Jesus diz no Evangelho: «Não tenhais medo!». Devemos ser corajosos no testemunho que damos, com a palavra e principalmente com a vida: dando a vida, servindo, às vezes com grandes sacrifícios, para viver precisamente esta missão.

Li uma pequena reflexão que me faz pensar muito, porque aparece também no Evangelho. Neste sentido, alguém perguntou: “Quando pensas na tua vida, como explicas onde chegaste?”. A resposta que dão nesta reflexão é, de certa forma, também a minha: com o verbo “escutar”. Como é importante escutar! Jesus diz: «As minhas ovelhas ouvem a minha voz» (Jo 10, 27). E penso que é importante que todos nós aprendamos a escutar cada vez mais, a entrar em diálogo. Em primeiro lugar, com o Senhor: escutar sempre a Palavra de Deus. Além disso, escutar também os outros: saber construir pontes, saber escutar para não julgar, não fechar as portas, pensando que possuímos toda a verdade e que mais ninguém nos pode dizer nada. É muito importante ouvir a voz do Senhor, escutar-nos a nós próprios, neste diálogo, e ver para onde o Senhor nos chama.

Caminhemos juntos na Igreja, peçamos ao Senhor que nos conceda esta graça: poder escutar a sua Palavra para servir todo o seu povo!