O sinal de uma presença

 O sinal de uma presença  POR-004
08 abril 2025

Andrea Tornielli

Ainesperada participação do Papa Francisco nos últimos momentos da celebração litúrgica do Jubileu dedicado aos doentes e ao mundo da saúde representa uma mensagem cheia de significado. Mesmo no tempo da realidade virtual, no tempo em que acreditamos que podemos participar em tudo a partir de um ecrã de computador, estar presente fisicamente é muito importante. Estar presente, fazer o esforço de viajar, de sair, de esperar; fazer o esforço de caminhar, de se aproximar dos outros, de transpirar, de se expor ao sol ou às intempéries, faz sentido para encontrar pessoalmente o olhar dos que nos rodeiam, para experimentar a companhia dos outros, para fazer parte de um povo peregrino. Com o seu gesto não anunciado, o Sucessor de Pedro ensina-nos que nada pode ser verdadeiramente substituído pela presença física, pelo estar presente. A chegada do Papa ao adro de São Pedro é, portanto, em si mesma, uma mensagem mais significativa do que qualquer palavra: apesar da sua voz ainda débil, apesar das cânulas de oxigénio, ele quis estar presente.

Há depois um segundo significado: Francisco escolheu, para a sua primeira saída após o fim da hospitalização no Gemelli, uma celebração jubilar que ele sente particularmente: uma celebração dedicada aos doentes, aos que sofrem e a quantos cuidam dos que sofrem. Embora o pior já tenha passado, o Papa é um convalescente que ainda mostra os sinais da doença. Frágil entre os frágeis, não renunciou a viver o “seu” Jubileu, confessando-se na basílica e atravessando a Porta Santa como fazem milhares de pessoas todos os dias. A porta que tinha escancarado como Pontífice na noite de Natal, atravessou-a como um simples peregrino ainda a sofrer as consequências de uma pneumonia.

Por fim, a saída de surpresa de domingo de manhã fala-nos da relação do pastor com o seu rebanho, do bispo com o seu povo. Apesar da sua convalescença, apesar dos avisos dos médicos, Francisco não renunciou ao encontro com o povo, mesmo ciente dos riscos para a sua saúde. Ao fazê-lo, diz-nos que, embora as circunstâncias possam por vezes ditar a abordagem virtual devido à hospitalização, ao confinamento devido à pandemia ou à impossibilidade de viajar, o encontro em presença é insubstituível. Pois, como disse há pouco mais de um ano, «o amor precisa de concretude, o amor precisa de presença, de encontro, precisa de tempo e espaço dados: não pode ser reduzido a palavras bonitas, a imagens num ecrã...». E isto aplica-se também ao amor do Papa pelo povo de Deus, a quem sempre “falou” também com os gestos e a ternura.