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Vozes de fé e mulheres resistentes na América que rejeita os migrantes

Construction continues on new border wall system project near Yuma, AZ.  Recently constructed border ...
05 abril 2025

A reação das Igrejas americanas à política de imigração da presidência Trump ainda não está completamente definida, mas desde o início ofereceu uma visão clara das preocupações e das críticas.

O primeiro sinal forte de desilusão surgiu no dia seguinte ao juramento do presidente dos EUA da parte de uma mulher. A bispa episcopal de Washington, Marian Edgar Budde, conhecida pelo seu empenho na justiça social e os direitos humanos, instou o presidente a «mostrar piedade» para com os imigrantes, lembrando que «as pessoas que recolhem a fruta nos campos e limpam os nossos escritórios, mesmo não sendo cidadãos ou não tendo documentos adequados são bons vizinhos e pagam os impostos».

Trump respondeu-lhe indiretamente confiando a uma mulher o recém-criado Gabinete da Fé instituído na Casa Branca: trata-se da telepregadora Paula White, pastora da chamada teologia da prosperidade («Deus premeia quem tem uma fé forte com riqueza e saúde»), sua conselheira espiritual.

A Igreja católica americana também ergueu a sua voz em defesa dos migrantes. O cardeal Robert McElroy, antigo bispo de San Diego, atual arcebispo metropolitano de Washington, sublinhou que as deportações em massa são «incompatíveis com a doutrina católica». O jesuíta e escritor James Martin reiterou numa entrevista ao diário italiano La Stampa que a Conferência Episcopal dos Estados Unidos, «os bispos individualmente, bem como os párocos e os leigos, deveriam defender com maior determinação os direitos dos migrantes e dos refugiados». Esta batalha, naturalmente, não será fácil. O vice-presidente Vance acusou os bispos católicos de receberem centenas de milhões de dólares para ajudar os migrantes, insinuando que o seu empenho fosse mais ligado à proteção dos «seus negócios» do que a um verdadeiro desejo de justiça social. O Estado do Texas acusou algumas paróquias de oferecerem refúgio aos migrantes, protegendo-os das autoridades. A reação do cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque, foi firme: «É verdadeiramente indecente. Verdadeiramente mau».

Apesar das dificuldades, o apoio da Igreja aos imigrantes mantém-se firme e determinado. De acordo com uma análise do Washington Post, em 2023 a Igreja recebeu 123 milhões de dólares em donativos para assistência aos migrantes e gastou 134 milhões. Na fronteira entre os Estados Unidos e o México a Irmã Norma Pimentel, diretora executiva da Catholic Charities no Vale do Rio Grande, trabalha incansavelmente pelos imigrantes da América Latina que procuram entrar nos Estados Unidos. Agora também através das suas pinturas: «Ajudo muitos imigrantes que estão a sofrer por causa das políticas introduzidas pela nova administração nos Estados Unidos. Queremos levar esperança a estas famílias. Exprimo este amor a elas e ao mundo através das pinturas que faço».

RITANNA ARMENI