Saudação na paróquia de Saint-Gilles em Bruxelas

A caridade é um fogo que aquece o coração

 A caridade é um fogo que aquece o coração  POR-040
03 outubro 2024

No terceiro dia da sua viagem na Bélgica, 28 de setembro, depois de ter celebrado a missa privadamente na nunciatura apostólica, sua residência em Bruxelas, o Papa saudou brevemente a vice-presidente da Comissão europeia, Margarítis Schinás, a vice-presidente da Comissão europeia para a democracia e a demografia, Dubravka Šuica, a representante da Organização mundial da saúde (Oms) na União europeia, Oxana Domenti, e o diretor regional da Oms para a Europa, Hans Kluge. Em seguida, deixou a sede da representação papal e foi à paróquia de Saint-Gilles, onde teve lugar o encontro com alguns desabrigados assistidos por agentes pastorais. Nessa ocasião, o Pontífice dirigiu aos presentes esta breve saudação.

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

Obrigado pelo convite para o pequeno-almoço! É bom começar o dia entre amigos, e é esse o ambiente que se vive em Saint-Gilles.

Agradeço a Marie-Françoise, Simon e Francis pelo que disseram e estou feliz por ver como o amor aqui alimenta continuamente a comunhão e a criatividade de todos: até criaram La Biche de Saint-Gilles, e imagino que seja uma cerveja muito boa! Pela tarde vos direi se é boa ou não.

Como dizia Marie-Françoise, “a misericórdia aponta o caminho da esperança” — expressão muito bela! — e olhar-nos uns aos outros com amor ajuda todos a vislumbrar o futuro com confiança e a recomeçar cada dia. A caridade é assim: é um fogo que aquece o coração, e não há mulher ou homem na terra que não precise do seu calor.

É verdade que não são poucos os problemas a enfrentar — bem o sabeis — como nos disse Simon, e que por vezes encontramos rejeições e incompreensões, como nos disse Francis, mas a alegria e a força que provêm do amor partilhado são maiores do que qualquer dificuldade, e sempre que nos envolvemos em dinâmicas de solidariedade e de cuidado mútuo damo-nos conta de que recebemos muito mais do que damos (cf. Lc 6, 38; At 20, 35).

No final do nosso encontro, será oferecida à paróquia uma estátua de São Lourenço, diácono e mártir dos primeiros séculos, famoso também por ter apresentado aos seus acusadores, que queriam os tesouros da Igreja, os membros mais frágeis da comunidade cristã a que pertencia, a de Roma, a coisa mais importante, mas também a mais frágil: os pobres, os necessitados.

Não foi um simples modo de dizer e nem uma mera provocação. Era e é a pura verdade: a Igreja tem a sua maior riqueza nos seus membros mais fracos, e se queremos realmente conhecer e mostrar a sua beleza, será bom que todos nos entreguemos uns aos outros assim, na nossa pequenez, na nossa pobreza, sem fingimentos e com muito amor. Quem nos ensinou isto primeiro foi o Senhor Jesus, que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9).

Caros amigos, obrigado por me acolherem entre vós e obrigado pelo caminho que estão a percorrer juntos. Obrigado pelo pequeno-almoço! Abençoo-vos a todos e rezo por vós. E peço-vos que rezeis também por mim. Obrigado!