Cerca de 70000 acólitos e acólitas na Praça de São Pedro

Embaixadores de esperança

 Embaixadores de esperança  POR-031
01 agosto 2024

O sol estava ainda quente quando, pouco depois das 17h30 de 30 de julho, o Papa Francisco chegou à Praça de São Pedro para se encontrar com os acólitos e as acólitas que participavam na 12ª peregrinação da sua Associação internacional (Coetus internationalis ministrantium — Cim). Um calor acrescido pela alegria de cerca de 70.000 acólitos e acólitas que vieram ao túmulo de Pedro, provenientes de vários países. O maior grupo (35.000) veio da Alemanha.

Centrada no tema “Contigo” (Is 41, 10), a peregrinação começou no dia anterior, segunda-feira 29, e prolonga-se até sábado 3 de agosto. Bandeiras e lenços coloridos agitavam-se no meio da multidão, enquanto o Pontífice, a bordo do jipe branco aberto, fazia um longo percurso para saudar os presentes, chegando quase a meio da Via della Conciliazione e, assim, abraçando também de forma ideal os muitos fiéis que estavam atrás das barreiras que ladeavam a rua.

A bordo do veículo com Francisco estavam cinco acólitos que representavam todos os que estavam reunidos na Praça de São Pedro. Um lugar, comentou o Pontífice no início do encontro, que «é sempre bonito», mas com os jovens «é ainda mais bonito!».

«A nossa peregrinação — explicou o cardeal jesuíta Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e presidente do cim , na saudação ao Papa Francisco — tem como lema “Contigo”, referindo-se em primeiro lugar a Cristo. Porque é a Ele que nos dirigimos de modo especial durante o serviço do altar». “Contigo”, acrescenta o cardeal, «significa também aproximar-se uns dos outros», pois «a amizade com Cristo obriga-nos a cultivar a amizade com os membros mais pobres da nossa esfera social», estendendo a mão aos «pobres, perseguidos, oprimidos, desabrigados, desempregados, refugiados ou sem pátria, todas as crianças e jovens que são bulingados e se sentem sozinhos».

O Coro das Nações, composto por 500 peregrinos provenientes de todos os países inscritos, ritmou os vários momentos do encontro com cânticos, sobre os quais “velou”, de certa forma, o padroeiro dos acólitos, São Tarcísio, jovem mártir do século iii a.C., morto quando levava a Eucaristia aos cristãos na prisão.

Depois de ler o trecho do Evangelho de Mateus que narra a revelação do Filho de Deus sobre as águas (14, 22-33), o Papa Francisco dirigiu-se aos jovens, exortando-os a estar ao lado do próximo «não com palavras, mas com ações, com gestos, com o coração, com uma proximidade concreta: chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram, sem julgamentos nem preconceitos, sem fechamentos, sem exclusões».

Os presentes ouviram as suas palavras em silêncio.

Alguns estavam sentados no adro, ao lado do Papa. Entre eles, também jovens com deficiência; e o entusiasmo transparece nos seus rostos sorridentes, sinal de uma Igreja “de portas abertas” para todos e que não deixa ninguém para trás.

O mesmo entusiasmo elevou-se como a maré durante a oração dos fiéis, juntamente com o incenso que sai de um grande turíbulo colocado no adro da basílica do Vaticano. Os jovens alternavam-se ao microfone para elevar as intenções em diferentes línguas: alemão, francês, romeno, português e húngaro, os sotaques dos vários países ressoavam incessantemente para invocar sobretudo «a paz na Europa e no mundo», para que «os povos compreendam que a verdadeira paz só pode ser encontrada na colaboração e no respeito recíproco», pondo fim à violência e à guerra. Rezou-se também pelos próprios acólitos, para que cresçam na fé com coragem; e pelo «futuro da Igreja», para que «tenha sempre um lugar seguro no coração dos crentes, até em tempos difíceis, e continue a ser um lugar de refúgio e de esperança para todos os homens». Os acólitos e as acólitas, foram os votos do cardeal Hollerich, «levarão para casa, como testemunhas, a alegria destes dias e encontrarão a força para levar a mensagem do Evangelho na sua vida quotidiana e a luz e a esperança às suas comunidades».

Depois da oração do Pai-Nosso, que o Pontífice introduziu em alemão e que cada acólito recitou na sua língua materna, chegou o momento da troca do sinal da paz, acompanhado de um cântico em que ressoou várias vezes a palavra Shalom.

O encontro concluiu-se no início da noite. Depois de ter concedido a bênção a todos os presentes, o Papa deixou a praça, parando de novo para saudar os jovens. Muitos ofereceram-lhe um presente, pediram-lhe uma fotografia ou um pensamento escrito num bloco de notas. Com todos, Francisco sorriu e trocou algumas palavras. Ao fundo, o coro entoava o hino do encontro: «Con te, mit dir, with you, contigo, avec toi...». Mil sotaques, um único desejo: servir Deus e os homens com alegria, na Igreja e nas ruas do mundo, por toda a vida.

Isabella Piro