Para as Olimpíadas uma trégua das guerras

 Para as Olimpíadas  uma trégua das guerras  POR-030
25 julho 2024

«Que os Jogos Olímpicos sejam uma ocasião para estabelecer uma trégua das guerras, demonstrando um sincero desejo de paz». No final do Angelus de domingo, 21 de julho — poucos dias antes do início dos Jogos de Paris — o Papa reiterou o seu desejo de que o desporto se torne ocasião concreta para «unir pacificamente pessoas de diferentes culturas». Falando ao meio-dia da janela do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice introduziu a recitação da prece mariana com os fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, comentando o trecho do Evangelho dominical de Marcos (6, 30-34) e propondo uma reflexão sobre a ligação entre «descanso e «compaixão».

Estimados irmãos e irmãs bom domingo!

O Evangelho da liturgia de hoje (Mc 6, 30-34) narra que os apóstolos, depois de ter regressado da missão, se reúnem à volta de Jesus e contam-lhe o que fizeram; então Ele diz-lhes: «Vinde comigo para um lugar deserto e descansai um pouco» (v. 31). Contudo, as pessoas compreendem os seus movimentos e, quando descem do barco, Jesus encontra a multidão que o espera, sente compaixão por ela e começa a ensinar (cf. v. 34).

Assim, por um lado, o convite ao descanso e, por outro, a compaixão de Jesus pela multidão — é muito bom parar e refletir sobre a compaixão de Jesus. Parecem duas coisas inconciliáveis, o convite ao descanso e a compaixão, mas, pelo contrário, caminham juntas: descanso e compaixão. Vejamos!

Jesus preocupa-se com o cansaço dos discípulos. Talvez sinta um perigo que pode atingir também a nossa vida e o nosso apostolado, quando, por exemplo, o entusiasmo em cumprir a missão, ou o trabalho, bem como o papel e as tarefas que nos são confiadas, nos tornam vítimas do ativismo, e isto é negativo: demasiado preocupados com as coisas a fazer, demasiado preocupados com os resultados. Acontece, então, que ficamos inquietos e perdemos de vista o essencial, correndo o risco de esgotar as nossas energias e de cair no cansaço do corpo e do espírito. É uma admoestação importante para a nossa vida, para a nossa sociedade muitas vezes prisioneira da pressa, mas também para a Igreja e para o serviço pastoral: irmãos e irmãs, tenhamos cuidado com a ditadura do fazer! E isto pode acontecer também por necessidade nas famílias, quando, por exemplo, o pai, para ganhar o pão, é obrigado a ausentar-se para trabalhar, tendo assim que sacrificar o tempo para se dedicar à família. Muitas vezes, saem de manhã cedo, quando as crianças ainda estão a dormir, e regressam tarde da noite, quando elas já estão na cama. E isto é uma injustiça social. Nas famílias, o pai e a mãe devem ter tempo para partilhar com os filhos, para fazer crescer este amor familiar e não cair na ditadura do fazer. Pensemos no que podemos fazer para ajudar as pessoas obrigadas a viver deste modo.

Ao mesmo tempo, o descanso proposto por Jesus não é uma fuga do mundo, um retirar-se no bem-estar pessoal; pelo contrário, perante as pessoas confusas, Ele sente compaixão. E assim aprendemos no Evangelho que estas duas realidades — descanso e compaixão — estão ligadas: só se aprendermos a descansar poderemos ter compaixão. Com efeito, só é possível ter um olhar compassivo, que saiba sentir as necessidades do outro, se o nosso coração não estiver consumido pela ansiedade do fazer, se soubermos parar e, no silêncio da adoração, receber a Graça de Deus.

Por isso, queridos irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: sei parar ao longo dos meus dias? Sei parar um momento para estar comigo mesmo e com o Senhor, ou sou sempre levado pela pressa, pela pressa de fazer as coisas? Sabemos encontrar um “deserto” interior no meio do barulho e das atividades de todos os dias?

Que a Virgem Santíssima nos ajude a “descansar no Espírito”, até no meio de todas as nossas atividades diárias, e a sermos disponíveis e compassivos para com os outros.

No final do Angelus, o Pontífice renovou o seu apelo à «trégua» por ocasião dos Jogos Olímpicos. Depois, saudou alguns grupos de fiéis presentes e dirigiu o pensamento à martirizada Ucrânia, à Palestina, a Israel, a Myanmar e a «muitos outros países que estão em guerra», convidando a rezar pela paz.

Prezados irmãos e irmãs!

Esta semana começam em Paris os Jogos Olímpicos, aos quais se seguirão os Jogos Paraolímpicos. O desporto tem também uma grande força social, capaz de unir pacificamente pessoas de culturas diferentes. Espero que este evento seja um sinal do mundo inclusivo que queremos construir, e que os atletas, com o seu testemunho desportivo, sejam mensageiros da paz e bons modelos para os jovens. Em particular, segundo a antiga tradição, que os Jogos Olímpicos sejam uma ocasião para estabelecer tréguas nas guerras, demonstrando sincero desejo de paz.

Saúdo todos vós, romanos e peregrinos da Itália e de muitos países. Saúdo em particular a Equipe Notre Dame da Diocese de Quixadá, no Brasil; a Associação “Assumpta Science Center Ofekata”, empenhada em projetos solidários de formação a favor da África.

Saúdo também os Operários Silenciosos da Cruz e o Centro de Voluntários do Sofrimento, reunidos em memória do seu fundador, o Beato Luigi Novarese; as aspirantes e as jovens professas do Instituto das Missionárias da Realeza de Cristo; os jovens do grupo vocacional do Seminário Menor de Roma, que percorreram o caminho de São Francisco de Assis até Roma.

Irmãos e irmãs, oremos pela paz. Não esqueçamos a martirizada Ucrânia, a Palestina, Israel, Myanmar e muitos outros países que estão em guerra. Não o esqueçamos, não o esqueçamos. A guerra é uma derrota!

Desejo a todos bom domingo. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!