O Bispo de Roma prossegue os seus encontros com o clero da sua diocese desta vez com os sacerdotes mais jovens na Casa dos Discípulos do Divino Mestre em Portuense

Das crises
não saímos sozinhos

 Das crises não saímos sozinhos  POR-023
06 junho 2024

Na tarde de quarta-feira, 29 de maio, o Papa Francisco deslocou-se à periférica região portuense da capital italiana para encontrar 90 sacerdotes da Diocese de Roma com até dez anos de ordenação. Um segundo encontro, após o do dia 14 de maio, com os que tinham mais de 40 anos de sacerdócio. O próximo compromisso do Pontífice, já anunciado pelo Vicariato de Roma, será no dia 11 de junho com a faixa “média” do clero romano.

Receção da comunidade de religiosas


Francisco foi recebido pelas Irmãs Discípulas do Divino Mestre, e ao saudá-las, começou imediatamente a dialogar com as cinco religiosas, italianas e estrangeiras, que o acolheram juntamente com o vice-gerente da Diocese de Roma, Pe. Baldo Reina. Em seguida, todas as irmãs, as mais idosas na primeira fila, e as colaboradoras da estrutura, cumprimentaram o Papa e presentearam-no com uma casula costurada por elas: «Dou-vos a minha bênção. Não vos canseis de fazer o bem!», disse o Santo Padre ao despedir-se das religiosas.

O diálogo com os sacerdotes 


Na Igreja dedicada a Jesus Divino Mestre, o Pontífice foi recebido pelos jovens sacerdotes com um forte aplauso, alguns — explicou o bispo Michele Di Tolve, delegado para o cuidado do diaconato, do clero e da vida religiosa — recém-ordenados em 2024. Francisco iniciou o encontro com uma oração e a leitura do Evangelho do dia, depois «visto que nos convocou no dia da memória de São Paulo vi », disse Di Tolve, o Papa recitou com os sacerdotes uma oração dedicada ao santo do dia.

Proximidade, crise, serviço, pastoral


Posteriormente, houve perguntas e respostas a portas fechadas — como em ocasiões anteriores — sobre temas principalmente pastorais. Entre eles, informa a Sala de Imprensa do Vaticano, «a experiência dos primeiros anos de sacerdócio, a feliz descoberta da fé do povo, mas também o desafio do contacto e do serviço aos doentes, aos quais se deve responder com proximidade, compaixão, ternura e, por fim, as crises que se encontram na vida sacerdotal».

Menos bisbilhotice, mais diálogo


«De uma crise, não se sai sozinho», disse o Papa. Com os sacerdotes, referiu-se também à Diocese de Roma, «ao seu desenvolvimento, à sua beleza, a algumas fraquezas, às quais devemos responder não com bisbilhotices, mas com o diálogo», e deteve-se ainda sobre o caminho sinodal em andamento, sobre o risco de o reduzir a um slogan em vez de o viver como um modo de ser Igreja. Nesse sentido, o Papa citou novamente Paulo vi e a exortação apostólica Evangelii nuntiandi, que ainda é relevante hoje: «Uma joia que sustenta o nosso trabalho pastoral».

A solidão na grande cidade, a proximidade, a paternidade, as relações difíceis, mais uma vez, foram os temas do diálogo com Francisco que, novamente, reiterou «a importância de estar perto dos idosos, como um “teste de proximidade”, perguntando a si mesmo: Quando estou com eles, eu escuto-os?». Ao saudar os jovens sacerdotes, o Papa agradeceu-lhes pela oração e pela franqueza do diálogo.

Di Tolve: «No centro, as crises da guerra, o pós-pandemia e as problemáticas da juventude».

«Foi um encontro muito desejado pelo Santo Padre», explicou Di Tolve à margem da reunião. Os sacerdotes «perguntaram ao Papa o que significa atravessar a crise das pessoas e a crise em que eles se encontram, porque há situações difíceis» numa época complicada, marcada pela “guerra”, pelas consequências da pandemia, pelos «jovens que estão presos a mentalidades que os desorientam», ou até pela situação em que se encontram algumas casas em Roma onde, diz Di Tolve, «há idosos que estão no 5º, 6º ou 7º andar sem elevador e que não têm condições de se locomover».

As quatro “proximidades”


Para o prelado, a este encontro foi um bom incentivo para os sacerdotes que começaram recentemente o seu ministério. Disse Di Tolve: «Não são suficientes os anos de formação no seminário para serem treinados, é necessário exercer concretamente o ministério». E assim, «as perguntas dos nossos sacerdotes eram precisamente a referência ao facto de se tornarem pastores no meio do povo de Deus, com as várias atribuições, com a disposição pessoal, do tempo para viver a relação com Deus, com os outros, com as necessidades do povo». Entre conselhos, perguntas e sugestões, o Papa recomendou, em particular, as «quatro proximidades» a serem vividas sempre: «proximidade com Deus, proximidade com o bispo, proximidade uns com os outros em fraternidade e proximidade com o povo de Deus».

Orações por Mianmar


No final, todos os sacerdotes cumprimentaram o Papa. Cada um compartilhou algumas palavras, um presente, uma piada com o Pontífice. A um sacerdote de Mianmar, país também mencionado na audiência geral, o Papa garantiu a sua proximidade: «Eu rezo sempre por Mianmar e envio-lhe uma bênção especial». Por fim, Francisco também gravou uma mensagem de vídeo via smartphone para uma paróquia: «Sede alegres... e rezai por mim!».

Os encontros com o clero de Roma


Este foi o segundo encontro do Papa com o clero da sua diocese, dividido por tempo de ordenação. De setembro de 2023 até ao início de maio, Francisco visitou diversos bairros de Roma para encontrar párocos e ouvir deles os desafios, dificuldades, mas também riquezas, gratificações e boas obras numa Diocese que, como o Pontífice disse tantas vezes, também se tornou «território de missão» — algo que o próprio Papa repetiu em várias ocasiões — «faz sempre muito bem» a um bispo.

Salvatore Cernuzio