Juramento de 34 recrutas

Dedicação e coragem
no serviço

 Dedicação e coragem no serviço  POR-019
08 maio 2024

«Juro servir fiel, leal e honradamente o Pontífice reinante e os seus legítimos sucessores, dedicando-me a eles com todas as minhas forças e, se necessário, sacrificando até a minha vida em sua defesa». Trinta e quatro vezes esta fórmula solene ressoou no Pátio de São Dâmaso do Palácio apostólico. Trinta e quatro são, de facto, os novos recrutas da Guarda Suíça Pontifícia — dezasseis de língua alemã, outros tantos de língua francesa e dois de língua italiana — que prestaram juramento durante a cerimónia realizada na tarde de 6 de maio. A representar o Papa Francisco esteve o arcebispo Edgar Peña Parra, substituto da Secretaria de Estado.

«Quem quiser tornar-se grande entre vós, faça-se vosso servo, e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se vosso servo». A partir do versículo do Evangelho de Mateus, o comandante do Corpo, coronel Christoph Graf, aproveitou a oportunidade para refletir sobre o valor do serviço. Dirigindo-se aos novos guardas, Graf recordou a figura de Santa Teresa de Calcutá, «que continua a indicar-nos o que mais falta faz no nosso mundo: amor, humildade e paz». Recordou que uma vez, no Vaticano, recebeu das suas mãos pequenas medalhas com um papel onde estava escrito: «O fruto do silêncio é a oração. O fruto da oração é a fé. O fruto da fé é o amor. O fruto do amor é o serviço. O fruto do serviço é a paz».

O comandante salientou que, infelizmente, na sociedade atual, o termo “serviço” tem uma conotação negativa. «Quem está, hoje em dia, ainda disposto a fazer isto? Vendo como o mundo evolui atualmente, o desejo de dominar, de decidir, de poder dispor de tudo, parece ser muito maior do que o desejo de servir, de se pôr em segundo plano e de se dedicar a uma tarefa com empenho». Sublinhou depois como a busca do poder atrai cada vez mais o homem, de tal modo que «o mais forte despreza o mais frágil e procura sempre submetê-lo». Pelo contrário, «o serviço ajuda-o a amadurecer na capacidade pessoal de amar e, além disso, vive a experiência de ser amado. Assim, o guarda torna-se um colaborador da paz».

Por sua vez, o capelão do Corpo, o beneditino Kolumban Reichlin, recordou que o serviço na Guarda Suíça exige grande responsabilidade e sacrifício. «Vivei com coragem e determinação esta dedicação a que agora vos comprometeis publicamente», disse ele, dirigindo-se aos novos recrutas. A Guarda Suíça, acrescentou, «conhece também a dor da renúncia, conhece o medo da perda, momentos de tristeza e de crise». Mas, no final, «é sempre orientada para a vida, a alegria, a felicidade e a realização. Aquele que se oferece recebe sempre mais daquilo que doa: é esta a lógica maravilhosa do amor». Neste sentido, sublinhou o capelão, «o que nos faz progredir como indivíduos e como sociedade não é a expetativa de receber algo dos outros, mas a vontade de cada um de dar algo aos outros. Sem dedicação, a vida humana, o seu florescimento e o seu desenvolvimento são difíceis». Depois salientou que não se é guarda para ter «uma vida tranquila. Uma vida sem dedicação, sem sacrifício, sem dor não vai para além do banal». O sacrifício, concluiu, traz «alegria e satisfação», também para «a vossa geração z , caraterizada de forma especial pelo impulso para a independência e a autodeterminação; esta elevada disponibilidade para servir não é dada por certa e merece respeito e reconhecimento».

A cerimónia contou também com a presença de uma delegação da Confederação suíça, que incluía a presidente Viola Amherd, o presidente do Conselho nacional Eric Nussbaumer e a presidente do Conselho de Estados Brigitte Eva Herzog; e do presidente da Conferência episcopal suíça, D. Felix Gmür, bispo de Basileia. Segundo a tradição, participou também uma delegação do cantão anfitrião, que este ano foi Basel-Landschaft, chefiada pela presidente do governo cantonal, Monica Gschwind.