Francisco retomou o ciclo de visitas às paróquias da periferia de Roma para se encontrar com os sacerdotes, uma iniciativa iniciada em setembro de 2023 para continuar a visitar a sua diocese (interrompida pela pandemia) e, de certa forma, também as famosas “Sextas-feiras da Misericórdia”, durante o Jubileu da Misericórdia. Na tarde de 5 de abril, o Pontífice foi à paróquia de Santo Henrique que Bento viii , em 1014, consagrou imperador do Sacro Império Romano.
A quarta paróquia visitada pelo Pontífice nos últimos meses foi construída de 1997 a 1998 em estilo moderno com estrutura de madeira, circundada por parques e áreas de recreio infantis e também por alguns vestígios arqueológicos do período medieval, situa-se na xi prefeitura da diocese, no setor norte. Um bairro pequeno e hospitaleiro onde, no entanto, os habitantes sofrem de um sentimento geral de negligência e abandono, como acontece há muito tempo, por exemplo, com a falta de escolas — básicas e secundárias — construídas somente nos últimos anos. Mas trata-se de um bairro onde os laços sociais são fortes e a paróquia de Santo Henrique representa um centro religioso e comunitário para famílias que se transferiram recentemente.
E foi precisamente na paróquia que o bispo auxiliar Daniele Salera e o pároco Massimiliano Memma, que há doze anos dirige a comunidade de 10.000 fiéis, acolheram o Papa à sua chegada no habitual Fiat 500 l , após um percurso de aproximadamente 40 minutos. Francisco conversou com os 35 sacerdotes e diáconos da prefeitura durante cerca de uma hora e meia, como nas ocasiões precedentes. Um diálogo a portas fechadas no teatro paroquial, que começou com a oração e a invocação ao Espírito; depois o Papa, respondeu a várias perguntas sobre temas principalmente pastorais.
Entre os presentes havia também alguns capelães de Rebibbia que já se tinham encontrado com o Papa por ocasião da sua visita à prisão feminina para a missa “in Coena Domini” na Quinta-feira Santa. A sua presença ofereceu a oportunidade para abordar o tema das dificuldades vividas nas prisões, a começar pela emergência do suicídio, bem como do acompanhamento dos presos e presas. Alguns dos capelães, explicou D. Salera à margem do encontro, disseram ao Papa que o trabalho e o estudo são muitas vezes «oportunidades para qualificar o percurso e reativar para uma nova vida». Foi «um encontro muito agradável», acrescentou o prelado. «A presença dos capelães da prisão de Rebibbia levou a conversa ao tema das difíceis condições de vida dos presos. Falamos várias vezes sobre a extrema pobreza e a deterioração que frequentemente se manifesta nos encarcerados; e como, no período de detenção, o trabalho e tudo o que pode dar dignidade serve para uma recuperação efetiva».
Todos os sacerdotes e diáconos ficaram «muito contentes com este encontro, com a escuta e as respostas que o Papa lhes deu», relatou o bispo auxiliar enumerando, entre outros temas no centro da conversa, a preparação dos jovens, a formação dos sacerdotes e a «misericórdia» destinada a categorias de pessoas que se sentem afastadas da Igreja, incluindo quantos abandonaram o sacerdócio. Depois, a preparação para o Jubileu, com o Papa que se disse «feliz com o modo como a diocese de Roma vive o Sínodo e o caminho que conduz ao Ano Santo». A uma pergunta mais específica sobre este último tema, ou seja, como viver bem a espera até 2025, Francisco sugeriu dois caminhos: «Criatividade e coragem», o que em termos concretos significa iniciar «percursos para aproximar muitas pessoas», renunciando a «velhos esquemas que impedem o testemunho e o anúncio do Evangelho». Abordou-se também «o tema da participação das mulheres na formação dos sacerdotes».
O Papa pareceu comovido com o ambiente sereno na paróquia, e com o testemunho dos sacerdotes que vivem «alegremente» o seu ministério, «com simplicidade», contudo no meio de grandes bolsas de pobreza que requerem tanta «paciência». O próprio Francisco confirmou-o fora da paróquia a um grupo de jornalistas a quem, depois do habitual gracejo sobre a sua saúde («Ainda estou vivo!»), revelou que foi «bonito» ver a experiência destes párocos «que trabalham tanto», sempre «na linha de vanguarda». E tudo «correu muito bem, falamos de tudo», disse o Pontífice, que recebeu de presente um ícone da “Salus populi Romani”, de que é devoto, feito por um pároco pintor.
Entretanto, logo que a notícia se espalhou, acorreu ao adro um grupo de cerca de 50 fiéis, sobretudo avós, mulheres e crianças que acabavam de sair da escola, além de algumas religiosas ativas na paróquia. Ninguém sabia da chegada do Papa, nem sequer os que trabalham na paróquia, onde foi mantida a máxima discrição devido à natureza particular do evento. Francisco retribuiu a espera parando à saída, por volta das 17h45, para passar alguns momentos com as pessoas que o saudavam com aplausos e gritos (um rapaz chegou a saudá-lo com a expressão «Daje Fra’!»); apertou a mão de quem o foi cumprimentar, abençoou todas as crianças e, do carro, colocou a sua assinatura no gesso de uma criança com o braço quebrado. Depois, acariciou a pequena Chiara, de 1 ano, que sofre de problemas auditivos.