A Paixão do Senhor
A Paixão de Cristo vive de novo nos membros do seu Corpo místico. No Domingo de ramos, infelizmente as notícias confirmam como a humanidade é cada vez mais vítima do ódio e das guerras. Do grito de dor e desolação de tantos irmãos e irmãs que sofrem fez-se porta-voz o Papa Francisco no Angelus de 24 de março, recitado ainda com os paramentos, antes de conceder a bênção final da missa da solenidade. Rezou pelos mortos e feridos no vil atentado terrorista de sexta-feira à noite em Moscovo, mas também por aqueles que choram por causa dos conflitos, especialmente na martirizada Ucrânia e em Gaza. Igualmente significativa, no aniversário da morte (24 de março de 1980) e na memória litúrgica de Santo Óscar Arnulfo Romero y Galdámez, bispo mártir de San Salvador, foi a recordação do Pontífice de uma jovem e de um rapaz assassinados na Colômbia a 19 de março.
As suas palavras foram ouvidas por mais de sessenta mil pessoas, que o bispo de Roma saudou enquanto fazia um longo trajeto no seu jipe branco aberto pela praça de São Pedro, decorada com uma infinidade de flores e plantas. Pouco antes, tinha terminado a celebração eucarística, iniciada às 10 horas com a tradicional comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém. Cerca de 400 fiéis de todo o mundo, com palmeiras entrelaçadas e ramos de oliveira nas mãos, atravessaram a praça desde o Braço de Constantino até ao obelisco, ao som de “Hosana ao filho de David”. O Papa — do adro da basílica do Vaticano, onde aguardava a procissão — abençoou e aspergiu os símbolos verdes desta antiga tradição. Em seguida, presidiu à santa missa.
A primeira leitura foi proclamada em espanhol, o Salmo 21 em italiano e a segunda leitura em inglês. A narração da Paixão do Senhor, tirada do Evangelho de Marcos, foi cantada em italiano. Além da oração dos fiéis, foram elevadas intenções em chinês, pela Igreja, para que «à volta da cruz do seu Senhor procure sempre a unidade, a reconciliação e a comunhão»; em francês, pelos governantes, a fim de que «saibam enfrentar e superar todos os conflitos com a arte do diálogo e do respeito mútuo»; em polaco, pelos que sofrem por causa do abandono e da solidão, para que «sintam próxima a presença do Servo do Senhor, que infunde consolação e esperança em todas as dores»; em alemão, pelos cristãos perseguidos «que estão unidos de modo especial à Paixão do Filho de Deus, a fim de que do sacrifício de amor de Cristo tirem força, mansidão e perseverança»; em iorubá, língua falada na África ocidental, por todas as comunidades cristãs a caminho da Páscoa, para que «sejam testemunhas da própria fé, na oração e na caridade».
No momento da consagração, os cardeais Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas orientais, Giovanni Battista Re e Leonardo Sandri, respetivamente decano e vice-decano do Colégio cardinalício, aproximaram-se do altar. Concelebraram 60 cardeais, entre os quais Pietro Parolin, secretário de Estado, com numerosos arcebispos, bispos e prelados, entre eles os arcebispos Edgar Peña Parra, substituto da Secretaria de Estado, Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e Organizações internacionais, e Luciano Russo, secretário do Setor para o pessoal diplomático da Santa Sé; com os monsenhores Roberto Campisi, assessor, e Javier Domingo Fernández González, chefe do protocolo. O rito foi dirigido pelo arcebispo Diego Ravelli, mestre das Celebrações litúrgicas pontifícias, e acompanhado pelos cânticos do coro da Capela Sistina e do coro-guia. Os ministrantes do Colégio Mater Ecclesiae prestaram o serviço litúrgico.
Da decoração e dos arranjos encarregaram-se os empregados do Serviço de jardinagem e meio ambiente da Direção de infraestruturas e serviços do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, em colaboração com quantos ofereceram as plantas e as flores. Na celebração foram distribuídos ramos de oliveira fornecidos pela Associação nacional “Città dell’Olio” da região da Sardenha, algumas “palmeiras fénix”, doadas pelo Caminho Neocatecumenal, e os famosos “palmurelli” entrelaçados, oferecidos pelo empresário Errico Grazia de San Remo. A empresa romana de floricultura, “Flora Olanda”, emprestou as oliveiras colocadas aos pés do adro da basílica e do obelisco no centro da praça.