A paz é responsabilidade de toda a família humana

 A paz é responsabilidade  de toda a família humana  POR-006
08 fevereiro 2024

A paz «não é responsabilidade de alguns, mas de toda a família humana: colaboremos todos para a sua construção com gestos de compaixão e de coragem», disse o Papa no Angelus ao meio-dia de domingo, 4 de fevereiro, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, recitando a prece mariana com cerca de quinze mil fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, e introduzindo-a com uma meditação sobre o Evangelho do quinto domingo do tempo comum (Mc 1, 29-39).

Amados irmãos e irmãs
bom dia!

O Evangelho da Liturgia mostra-nos Jesus em movimento: com efeito, Ele acaba de pregar e, tendo saído da sinagoga, vai a casa de Simão Pedro, onde cura a sogra; depois, ao cair da tarde, sai de novo à porta da cidade, onde encontra muitos doentes e possessos e cura-os; na manhã seguinte, levanta-Se cedo e retira-se para rezar; por fim, põe-Se de novo a caminho através da Galileia (cf. Mc 1, 29-39). Jesus em movimento.

Detenhamo-nos neste movimento contínuo de Jesus, que nos diz algo importante sobre Deus e, ao mesmo tempo, nos interpela com algumas perguntas sobre a nossa fé.

Jesus que sai ao encontro da humanidade ferida mostra-nos o rosto do Pai. É possível que dentro de nós ainda exista a ideia de um Deus distante, frio, indiferente ao nosso destino. O Evangelho, pelo contrário, mostra-nos que Jesus, depois de ter ensinado na sinagoga, sai para que a Palavra que anuncia possa chegar, tocar e curar as pessoas. Ao fazê-lo, revela-nos que Deus não é um mestre distante que nos fala do alto; pelo contrário, é um Pai cheio de amor que se aproxima, que visita as nossas casas, que quer salvar e libertar, curar de todos os males do corpo e do espírito. Deus está sempre próximo de nós. A atitude de Deus pode ser expressa em três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Deus que se aproxima para nos acompanhar, terno, e para nos perdoar. Não vos esqueçais disto: proximidade, compaixão e ternura. É esta a atitude de Deus.

Este caminhar incessante de Jesus interpela-nos. Podemos interrogar-nos: descobrimos o rosto de Deus como Pai de misericórdia, ou acreditamos e proclamamos um Deus frio, distante? A fé dá-nos a inquietação do caminho ou é para nós uma consolação íntima que nos deixa tranquilos? Rezamos apenas para nos sentirmos em paz, ou a Palavra que ouvimos e pregamos leva-nos também, como Jesus, a ir ao encontro dos outros para difundir a consolação de Deus? É bom que nos interroguemos sobre estas questões.

Olhemos, então, para o caminho de Jesus e recordemos que o nosso primeiro trabalho espiritual é este: abandonar o Deus que julgamos conhecer e converter-nos diariamente ao Deus que Jesus nos apresenta no Evangelho, que é o Pai do amor e o Pai da compaixão. O Pai que é próximo, compassivo e terno. E quando descobrimos o verdadeiro rosto do Pai, a nossa fé amadurece: deixamos de ser “cristãos de sacristia”, ou “cristãos de salão”, mas sentimo-nos chamados a ser portadores da esperança e da cura de Deus.

Que Maria Santíssima, Mulher a caminho, nos ajude a anunciar e a testemunhar o Senhor próximo, compassivo e terno.

Depois do Angelus, o Papa dirigiu os seus melhores votos às famílias da Ásia oriental que celebram o Ano Novo lunar no próximo sábado, lançando um apelo a favor da paz no mundo e pedindo em particular para rezar pelas populações que sofrem com a guerra na Ucrânia, na Palestina e em Israel. Em seguida, recordou a celebração em Itália do Dia da vida e saudou os jovens que vieram para o Dia de oração e reflexão contra o tráfico, que terá lugar a 8 de fevereiro. Por fim, mencionou os incêndios que atingiram o centro do Chile e o encontro “Peregrinos de esperança no caminho da paz”, promovido pelo Dicastério para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica.

Queridos irmãos e irmãs!

No próximo dia 10 de fevereiro, na Ásia Oriental e em diversas partes do mundo, milhões de famílias celebrarão o ano novo lunar. Envio-lhes a minha cordial saudação, com o desejo de que esta festa seja uma ocasião para viver relações de afeto e gestos de cuidado, que contribuam para criar uma sociedade solidária e fraterna, onde cada pessoa seja reconhecida e acolhida na sua dignidade inalienável. Ao invocar a bênção do Senhor sobre todos, convido-vos a rezar pela paz, pela qual o mundo tanto anseia e que, hoje como nunca, está ameaçada em muitos lugares. Ela não é responsabilidade de alguns, mas de toda a família humana: colaboremos todos para a construir com gestos de compaixão e de coragem!

E continuemos a rezar pelas populações que sofrem com a guerra, especialmente na Ucrânia, na Palestina e em Israel.

Hoje, em Itália, celebramos o Dia da Vida, com o tema “A força da vida surpreende-nos”. Uno-me aos Bispos italianos no desejo de superar as visões ideológicas para redescobrir que toda a vida humana, mesmo aquela mais marcada por limitações, tem um valor imenso e é capaz de dar algo aos outros.

Saúdo os jovens de tantos países que vieram para o Dia mundial de oração e reflexão contra o tráfico, que será celebrado no dia 8 de fevereiro, memória de Santa Josefina Bakhita, a religiosa sudanesa que foi escrava quando menina. Ainda hoje, muitos irmãos e irmãs são enganados com falsas promessas e depois sujeitos a exploração e abuso. Juntemo-nos todos para combater o dramático fenómeno global do tráfico de seres humanos.

Rezemos também pelos mortos e feridos nos incêndios devastadores que atingiram o centro do Chile.

E saúdo todos vós que viestes de Roma, de Itália e de muitas partes do mundo. Saúdo em particular os consagrados e as consagradas de mais de 60 países que participam no encontro “Peregrinos de esperança no caminho da paz”, promovido pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Saúdo os estudantes de Badajoz (Espanha) e os da Escola Salesiana “Sévigné” de Marselha; bem como os fiéis polacos de Varsóvia e de outras cidades; e os grupos de San Benedetto del Tronto, Ostra e Cingoli. E vejo ali bandeiras japonesas, saúdo os japoneses! E vejo ali bandeiras polacas, saúdo os polacos, e todos vós, e os jovens da Imaculada.

Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!