Indicações de Francisco ao Conselho nacional da Renovação no Espírito Santo

Oração, evangelização e testemunho na comunhão

 Oração, evangelização  e testemunho na comunhão  POR-004
25 janeiro 2024

Oração, evangelização e testemunho na comunhão: eis os três aspetos da missão da Renovação no Espírito Santo realçados pelo Papa no discurso ao Conselho nacional italiano do movimento eclesial, recebido em audiência na manhã de 20 de janeiro, na sala do Consistório.

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Dou-vos as boas-vindas, Presidente e membros do Conselho nacional da Renovação no Espírito Santo. E, através de vós, saúdo todos aqueles que aderem a este movimento eclesial.

Como sabeis, nestes anos promovi charis como organização internacional de serviço para a Renovação carismática católica. E também recentemente, em novembro passado, tive a oportunidade de falar aos participantes no encontro organizado por charis . Encorajo-vos a continuar a percorrer este caminho de comunhão e a valorizar as indicações que vos sugeri.

Hoje, convosco, que vos ocupais do movimento a nível nacional, gostaria de partilhar uma visão pastoral da vossa presença e do vosso serviço. Em primeiro lugar, dou graças ao Senhor e agradeço-vos pelo bem que as comunidades da Renovação semeiam no meio do santo povo fiel de Deus, favorecendo também uma espiritualidade simples e alegre. E friso sobretudo dois aspetos importantes: o serviço à oração, especialmente de adoração; e o serviço à evangelização. Oração e evangelização.

O movimento carismático, pela sua natureza, dá espaço e ênfase à oração, especialmente à prece de louvor, e isto é muito importante. Num mundo dominado pela cultura do ter e da eficiência, e também numa Igreja às vezes demasiado preocupada com a organização — prestai atenção a isto! — devemos dar espaço ao à gratidão, ao louvor e à admiração perante a graça de Deus. Peço-vos, irmãos e irmãs, que continueis a servir a Igreja nisto, sobretudo promovendo a prece de adoração. Uma adoração em que predomine o silêncio, em que a Palavra de Deus prevaleça sobre as nossas palavras, em síntese, uma adoração em cujo centro esteja verdadeiramente Ele, o Senhor, não nós.

Este é o primeiro aspeto pelo qual vos agradeço e encorajo: a oração. O segundo é o da evangelização, que também pertence, por assim dizer, ao Adn do movimento carismático. O Espírito Santo, acolhido no coração e na vida, não pode deixar de abrir, mover, fazer sair; o Espírito impele sempre a comunicar o Evangelho, a sair, e fá-lo com a sua inesgotável fantasia. Compete a nós ser dóceis e colaborar com Ele, como nos narram os Atos dos Apóstolos sobre Estêvão, Filipe, Barnabé, Pedro, Paulo e os outros. Eles não dispunham de um manual sobre o modo de proceder: foi o Espírito que os moveu e eles fizeram muitas coisas grandes. E lembrai-vos sempre que o primeiro anúncio se faz com o testemunho de vida! De que serve recitar longas orações e entoar muitos cânticos bonitos, se depois não sei ser paciente com o meu próximo, se não sei estar perto da mãe que se encontra sozinha — é o quarto mandamento: escandalizo-me com homens e mulheres cujos pais estão num lar para idosos e não os vão visitar — ou com aquela pessoa em dificuldade... A caridade concreta, o serviço escondido é sempre a verificação do nosso anúncio: sem a realidade da caridade, palavras, gestos e cânticos não servem para nada.

Oração e evangelização. Mas se viestes ao encontro do Papa, não é apenas para ser confirmados nestes dois caminhos que pertencem ao vosso carisma e à vossa história. Também o Sucessor de Pedro tem um carisma, que é o da comunhão, e sobretudo nisto pode e deve confirmar-vos. Em primeiro lugar, comunhão com os vossos bispos. Sabeis bem que, em cada Igreja particular, os movimentos eclesiais devem procurar sempre a comunhão efetiva. E o que significa isto? Quer dizer que a comunidade da Renovação deve estar ao serviço de toda a comunidade diocesana, de toda a comunidade paroquial, segundo as indicações pastorais do bispo. Comunhão também com as demais realidades eclesiais, associações, movimentos, grupos: dar testemunho de fraternidade, de estima mútua na diversidade, de colaboração no compromisso em iniciativas comuns, ao serviço do povo de Deus e também nas questões sociais em que está em jogo a dignidade das pessoas. Obrigado pelo esforço que já fazeis neste sentido e exorto-vos a ser construtores de comunhão, em primeiro lugar entre vós: prestai atenção à tagarelice! A comunhão entre vós é muito importante; e também a comunhão no âmbito do vosso movimento, e depois nas paróquias e dioceses.

Caros irmãos e irmãs, obrigado por terdes vindo. Ide em frente com alegria. Que Nossa Senhora vos ampare, que esteja sempre no meio de vós como entre os primeiros discípulos no Cenáculo (cf. At 1, 14). Tive uma “história especial” convosco, pois no início eu não gostava do movimento, dizia que era uma escola de samba, não um movimento eclesial. Depois, como arcebispo, vi como trabalháveis, como enchíeis a catedral durante os encontros, e comecei a ter grande apreço por vós. Ide em frente, mas não como escola de samba, como movimento eclesial! Abençoo-vos de coração, bem como o vosso serviço. E, por favor, peço-vos que rezeis por mim. Orai com o corpo, com tudo, por mim!

[Bênção].