O mundo volte a inclinar-se diante de Deus e a paz florescerá

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04 janeiro 2024

Fui à Terra Santa com fé e oração, àqueles lugares onde a guerra grassa, onde há ódio, onde há vingança, onde uns matam outros, onde não há água, nem comida, onde não há eletricidade. Até durante o Natal, os dias mais sagrados para nós, não pararam de combater, de matar, tanto na Ucrânia como na Faixa de Gaza. Fui a essa terra com as armas mais sofisticadas do mundo, ou seja, a fé e a oração, que podem sempre mover montanhas e, assim, pôr fim aos conflitos... Mas por que não é assim?

Estive em todos os lugares onde Jesus viveu. Estive em Nazaré, em Belém, no lugar onde ele foi crucificado, morto e depois ressuscitou, por isso pergunto-me: “Senhor, por que não há paz? Tu queres a paz”. Sempre pensei nesta oração: “Livra-nos, Senhor, de todo o mal, concede-nos a paz nos nossos dias”... Então, por que não concedes a paz nos nossos dias?

Pensei muito no facto de que, quando entramos no Santo Sepulcro, temos de nos inclinar, quase quebrar as costas para entrar. Em tantas igrejas, até em Belém, devemos inclinar-nos, temos de nos inclinar perante o mistério. Por isso, penso que talvez o mundo tenha deixado de se inclinar diante de Deus, tenha deixado de viver segundo a lógica do Evangelho, porque se habituou à lógica do mundo. Nós, homens, talvez nos tenhamos colocado no lugar de Deus e queiramos mandar, condenar, mas agimos sem misericórdia, sem amor. Talvez seja por isso que não há paz, porque já não nos inclinamos diante de Deus, perante o mistério.

Ontem foi a festa de São João Apóstolo (27 de dezembro, ndr), que foi ao túmulo de Jesus e se inclinou para poder entrar, para poder ver que o seu corpo tinha desaparecido, que tinha ressuscitado. Mas hoje já não nos inclinamos, embora as portas aqui na Terra Santa nos digam que devemos fazê-lo para compreender o mistério de Deus, para compreender o seu amor, a sua misericórdia, para viver segundo a lógica dos ensinamentos de Jesus, segundo a lógica do Evangelho.

Dou graças ao Senhor por ter vivido estes dias na Terra Santa e por começar a compreender o mistério de Deus. A oração do Pai-Nosso, a oração que Jesus nos ensinou, diz “seja feita a tua vontade, Senhor”, não a minha, porque quando há a minha vontade há guerras, há muitas mortes. “Venha a nós o teu reino”, não o nosso, o nosso é o reino da destruição. “Santificado seja o teu nome”, não o meu, porque quando o meu nome é santificado eu sou perigoso para os outros. Depois do Pai-Nosso, o sacerdote diz: “Livra-nos, Senhor, de todo o mal, dá-nos a paz nos nossos dias”. A minha esperança é que a paz floresça realmente no coração dos homens.

konrad krajewski