O Papa Francisco recitou o Angelus dominical ao meio-dia de 26 de novembro, transmitida da capela da Casa Santa Marta, devido a um «problema de inflamação nos pulmões», como ele próprio informou. Pouco antes, a Sala de Imprensa da Santa Sé tinha comunicado a notícia aos jornalistas acreditados, anunciando que a oração seria «transmitida em direto na televisão e nos ecrãs da praça de São Pedro», onde se encontravam doze mil fiéis, «pelos Vatican Media e em streaming no site de Vatican News». Como se sabe, no sábado de manhã, o diretor da mesma Sala de Imprensa, Matteo Bruni, tinha anunciado o cancelamento das audiências matinais «devido» ao «ligeiro estado febril» de Francisco. Depois, no início da tarde, Bruni fez uma atualização sobre a tac a que o Papa foi submetido em Roma, no Hospital da Ilha Tiberina — Gemelli, «para excluir o risco de complicações pulmonares», especificando que o exame tinha dado «resultados negativos». Foi com estas palavras que o Pontífice introduziu a meditação, antes do Angelus.
Queridos irmãos e irmãs
bom domingo!
Hoje não posso ir à janela porque tenho um problema de inflamação nos pulmões e será Monsenhor Braida a ler a reflexão porque é ele que a prepara e fá-la sempre muito bem! Muito obrigado pela vossa presença!
Este é o texto do comentário à página evangélica da solenidade de Cristo Rei, de Mateus (25, 31-46) sobre o juízo final, lido por monsenhor Paolo Luca Braida, chefe de gabinete da secção para os Assuntos gerais da Secretaria de Estado.
Hoje, último domingo do ano litúrgico e solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, o Evangelho fala-nos do Juízo Final (cf. Mt 25, 31-46) e diz-nos que será sobre a caridade.
A cena que nos apresenta é a de uma sala real, na qual Jesus, «o Filho do Homem» (v. 31), está sentado num trono. Todos os povos estão reunidos aos seus pés e entre eles sobressaem «os benditos» (v. 34), os amigos do rei. Mas quem são eles? Que têm de especial estes amigos aos olhos do seu Senhor? Segundo os critérios do mundo, os amigos do rei deveriam ser aqueles que lhe deram riqueza e poder, que o ajudaram a conquistar territórios, a vencer batalhas, a tornar-se grande entre outros soberanos, talvez a aparecer como stars nas primeiras páginas dos jornais ou nas redes sociais, e a eles deveria dizer: «Obrigado, porque me tornaste rico e famoso, invejado e temido». Isto de acordo com os critérios do mundo.
Mas, segundo os critérios de Jesus, os seus amigos são outros: são aqueles que o serviram nos mais fracos. Isto porque o Filho do Homem é um Rei completamente diferente, que chama “irmãos” aos pobres, que se identifica com os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os doentes, os presos, e diz: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes» (v. 40). É um Rei sensível ao problema da fome, à necessidade de uma casa, à doença e à prisão (cf. vv. 35-36): realidades infelizmente sempre muito atuais. Pessoas famintas, desabrigadas, muitas vezes vestidas como podem, enchem as nossas ruas: encontramo-las todos os dias. E mesmo no que diz respeito à enfermidade e à prisão, todos sabemos o que significa estar doente, cometer erros e pagar as consequências.
Ora, o Evangelho de hoje diz-nos que se é “bendito” quando se responde a estas pobrezas com amor, com serviço: não virando as costas, mas dando de comer e beber, vestindo, abrigando, visitando, numa palavra, estando próximo de quem precisa. E isto porque Jesus, o nosso Rei que se diz Filho do homem, tem as suas irmãs e irmãos prediletos nas mulheres e nos homens mais frágeis. A sua “sala real” está instalada onde há quem sofre e precisa de ajuda. Esta é a “corte” do nosso Rei. E o estilo com que os seus amigos, aqueles que têm Jesus por Senhor, são chamados a distinguir-se é o seu próprio estilo: compaixão, misericórdia, ternura. Enobrecem o coração e descem como óleo sobre as chagas de quem é ferido pela vida.
Por isso, irmãos e irmãs, perguntemo-nos: acreditamos que a verdadeira realeza consiste na misericórdia? Acreditamos na força do amor? Acreditamos que a caridade é a manifestação mais régia do homem e uma exigência irrenunciável para o cristão? E, por fim, uma pergunta particular: sou amigo do Rei, isto é, sinto-me pessoalmente envolvido nas necessidades dos sofredores que encontro no meu caminho?
Maria, Rainha do Céu e da Terra, nos ajude a amar Jesus, nosso Rei, nos seus irmãos mais pequeninos.
No final, o Papa presidiu à recitação do Angelus e concedeu a bênção apostólica. Depois da prece mariana, monsenhor Braida leu as saudações do Pontífice aos vários grupos presentes, durante as quais foram recordadas a celebração diocesana da 38ª Jornada mundial da juventude, a comemoração do Holodomor, na Ucrânia, a trégua entre Israel e Palestina e a Cop28 em Dubai.
Amados irmãos e irmãs!
Celebramos hoje a 38ª Jornada Mundial da Juventude nas Igrejas particulares, sobre o tema “Alegres na esperança”. Abençoo todos os que participam nas iniciativas promovidas nas dioceses, em continuidade com a jmj de Lisboa. Abraço os jovens, presente e futuro do mundo, e encorajo-os a serem protagonistas alegres da vida da Igreja.
Ontem, a atormentada Ucrânia comemorou o Holodomor, o genocídio perpetrado pelo regime soviético que causou a morte de milhões de pessoas por fome, há 90 anos. Essa ferida lacerante, em vez de sarar, torna-se ainda mais dolorosa com as atrocidades da guerra que continua a fazer sofrer aquele querido povo. Por todos os povos dilacerados pelos conflitos, continuemos a rezar sem nos cansarmos, porque a oração é a força da paz que quebra a espiral do ódio, rompe o ciclo da vingança e abre caminhos de reconciliação que não se esperam. Hoje damos graças a Deus porque finalmente há trégua entre Israel e a Palestina e alguns reféns foram libertados. Rezemos para que todos eles sejam libertados o mais depressa possível — pensemos nas suas famílias! — rezemos para que entre mais ajuda humanitária em Gaza e para que se insista no diálogo: é a única via, a única via para a paz. Aqueles que não querem o diálogo não querem a paz.
Para além da guerra, o nosso mundo está ameaçado por outro grande perigo, o climático, que põe em risco a vida na Terra, especialmente as gerações futuras. E isto é contrário ao projeto de Deus, que criou tudo para a vida. Por isso, no próximo fim de semana, irei aos Emirados Árabes Unidos para falar na cop 28 em Dubai, no sábado. Agradeço a todos os que acompanharem esta viagem com a oração e com o compromisso de levar a peito a preservação da casa comum.
Dou-vos as boas-vindas, peregrinos de Itália e de outras partes do mundo, especialmente do Paquistão, da Polónia e de Portugal. Saúdo os fiéis de Civitavecchia, Tarquinia e Piacenza, e a Deputação San Vito Martire de Lequile (Lecce). Saúdo os crismandos de Viserba (Rimini), o grupo “Assisi nel vento” e o Coro “Don Giorgio Trotta” de Vieste.
Desejo a todos bom domingo. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!