Se é de uma pausa que precisamos

12 outubro 2023

Estamos sempre com pressa e, no entanto, perenemente atrasados. Queremos tudo e imediatamente, mas parece que nunca estamos satisfeitos. Um dos males do nosso tempo é, sem dúvida, a aceleração espasmódica do nosso agir diário (pelo menos nos países industrializados). Já há vinte anos, o psiquiatra Vittorino Andreoli observava que «a pressa é o imperativo da sociedade contemporânea». E, desde então, a situação certamente não melhorou. Em 2015, o filósofo francês Jean-Paul Galibert cunhou o termo «cronofagia» para indicar um dos traços distintivos do turbocapitalismo, que literalmente devora o nosso tempo. Paradoxalmente, dispomos de instrumentos tecnológicos cada vez mais poderosos, que abreviam de modo exponencial o tempo necessário para resolver os nossos problemas (pensemos nas aplicações da Inteligência artificial) e, contudo, temos a sensação de estar sempre atrasados, inevitavelmente um passo atrás em relação ao programa que tínhamos estabelecido.

Não é por acaso que uma das frases que mais frequentemente repetimos nos nossos dias é: «Não tenho tempo». Mas devemos encontrar este tempo. Acima de tudo para nos reencontrarmos. Caso contrário, não só viveremos «vidas de correrias» — retomando o título de um livro de Zygmunt Bauman — mas vidas inexoravelmente insatisfeitas. Com efeito, se o agora continuar a ser o único parâmetro de juízo da nossa vida, não seremos capazes de sentir o sabor das experiências vividas, nem de captar o sentido do caminho que temos à nossa frente.

Um dos pensadores que mais perscrutou as consequências desta liquefação do tempo — e da sua perigosa perda de significado — é o próprio Bauman, que nestes anos foi muitas vezes associado às reflexões de Francisco sobre a contemporaneidade. É sugestivo reler hoje — depois das palavras do Papa na abertura do Sínodo, quando invocou a exigência que a Igreja tem de desacelerar um momento, de fazer «uma pausa» e de se pôr «à escuta» — o que Bauman escreveu no início do seu livro A arte da vida. O sociólogo polaco começou a sua reflexão a partir de uma interrogação sobre a felicidade. Uma pergunta, explicou, para «induzir a parar e pensar. Uma pausa? Sim, uma pausa em busca da felicidade, que (a maioria dos leitores concordará) é o que temos no pensamento a maior parte do tempo».

Fazer uma pausa — e é o que a experiência do Sínodo nos diz agora — é exatamente o que precisamos como antídoto contra a tirania do efémero, a «cultura da pressa» — para citar o estudioso Stephen Bertman — que nos impede de observar o mundo e até de olhar para nós próprios. Uma pressa que se reverte sobre si mesma, bem diferente da «pressa» de Maria que, como o Papa nos recordou tantas vezes, é a «urgência do serviço» que «nos impele sempre para cima e para o outro». Portanto, fazer uma pausa para dar espaço. Espaço aos relacionamentos, aos afetos. Em síntese: espaço às pessoas. Todos nos lembramos da pergunta que Francisco dirigiu aos jovens pais: «Perdeis tempo com os vossos filhos? Brincais com os vossos filhos? Não lhes digais: não incomodeis!». Uma pergunta que vai além da relação pai-filho, mas que abrange todas as relações humanas e, para quantos acreditam, também a relação fundamental com Deus. Perder tempo para estar com os outros é, na realidade, o maior lucro que o próprio tempo nos pode oferecer.

Alessandro Gisotti