O método do silêncio

12 outubro 2023

OPapa Francisco interveio no início do Sínodo sobre a sinodalidade, insistindo acerca do que diferencia uma assembleia eclesial de uma reunião política e realçando a centralidade da escuta do Espírito Santo. O Sínodo que começou a 4 de outubro é peculiar, semelhante apenas àquele de 1986, sobre a comunhão. Com efeito, a comunhão na Igreja e a sinodalidade como modo de viver e exprimir esta comunhão representam aspetos fundamentais e não estão ligados a temas específicos.

O bispo de Roma indicou também um método aos membros do Sínodo, com uma solicitação que ampliou, pedindo compreensão, inclusive aos jornalistas chamados a narrar o que acontece no Vaticano neste mês de outubro. Francisco explicou que, no Sínodo, a prioridade deve ser dada à escuta, acima de tudo à escuta do Espírito Santo. Ouvir o que os outros têm a dizer, ouvir o que os distantes têm a dizer, compartilhar a sua experiência. Para o fazer, é necessária uma ascese. É preciso manter um espaço protegido, para evitar que as posições individuais e os protagonismos prevaleçam sobre a harmonia sinfónica do conjunto.

O Papa pede explicitamente «um certo jejum da palavra pública para preservar isto». Pede também que quanto se publica consiga de algum modo transmitir isto. Francisco acrescentou: «Alguns dirão — já o dizem — que os bispos têm medo e por isso não querem que os jornalistas falem...». Explicitando assim a atitude e o discernimento exigidos, em primeiro lugar, dos membros do Sínodo. Na tarde do primeiro dia de assembleia, deu-se a conhecer o regulamento dos trabalhos destes dias, onde se lê que «cada um dos participantes está vinculado à discrição e à confidencialidade, tanto no que diz respeito às suas intervenções como às intervenções dos demais participantes». Manter este espaço protegido não significa não saber o que acontece. Com efeito, este é o Sínodo com mais transmissões diretas em streaming da história: das meditações do retiro espiritual às saudações, dos relatórios introdutórios de cada módulo aos briefings diários a respeito dos conteúdos do debate. Há bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas de todas as partes do mundo que, juntos, num clima de oração, não de oposição nem de polarização, procuram nas próximas semanas compreender as sendas que o Espírito indica para um anúncio evangélico capaz de alcançar todos e para uma Igreja que seja cada vez mais fiel à sua origem, uma Igreja de portas abertas, «a casa paterna onde há lugar para cada um, com a sua vida laboriosa».

Andrea Tornielli