Os responsáveis pelas nações escutem o desejo de paz
Na véspera da tradicional súplica a Nossa Senhora venerada no santuário de Pompeia, que «o Beato Bartolo Longo quis dedicar à paz», o Papa exortou os fiéis a rezarem o terço com esta intenção específica, confiando ao Senhor de modo especial a situação da «martirizada Ucrânia». O convite ressoou no Regina caeli de 7 de maio, recitado pelo Pontífice da janela do Palácio apostólico do Vaticano. «Que os chefes das nações escutem o desejo dos povos que sofrem e querem a paz!», disse, dirigindo-se às 20 mil pessoas presentes na praça de São Pedro e àquelas que o seguiam através dos meios de comunicação. Precedentemente, como de costume, Francisco comentou o trecho litúrgico dominical, extraído do Evangelho de João e dedicado ao último discurso de Jesus antes de morrer.
Estimados irmãos e irmãs bom dia!
O Evangelho da liturgia de hoje (Jo 14, 1-12) refere-se ao último discurso de Jesus antes da sua morte. O coração dos discípulos está perturbado, mas o Senhor dirige-lhes palavras tranquilizadoras, convidando-os a não ter medo, não tenhais medo: de facto Ele não os está a abandonar, mas vai preparar-lhes um lugar e guiá-los rumo àquela meta. O Senhor indica a todos nós hoje o lugar maravilhoso para onde ir e, ao mesmo tempo, diz-nos como chegar lá, indica-nos o caminho a percorrer. Ele diz-nos para onde ir e como lá chegar.
Antes de mais, para onde ir. Jesus vê a angústia dos discípulos, vê o medo que têm de serem abandonados, tal como acontece connosco quando somos obrigados a separar-nos de alguém que amamos. Por isso, diz: «Pois vou preparar-vos um lugar [...] para que onde eu estiver, estejais vós também» (vv. 2-3). Jesus usa a imagem familiar da casa, lugar das relações e da intimidade. Na casa do Pai, diz ele aos seus amigos e a cada um de nós, há lugar para ti, és bem-vindo, serás acolhido para sempre pelo calor de um abraço, e eu estou no céu a preparar um lugar para ti! Prepara-nos aquele abraço com o Pai, o lugar para toda a eternidade.
Irmãos e irmãs, esta Palavra é fonte de consolação, é fonte de esperança para nós. Jesus não se separou de nós, mas abriu-nos o caminho, antecipando o nosso destino final: o encontro com Deus Pai, em cujo coração há lugar para cada um de nós. Por isso, quando sentirmos cansaço, desorientação e até fracasso, lembremo-nos para onde está orientada a nossa vida. Não devemos perder de vista a meta, mesmo que hoje corramos o risco de a esquecer, de esquecer as perguntas finais, as importantes: para onde vamos? Para onde caminhamos? Por que vale a pena viver? Sem estas perguntas, concentramos a vida só no presente, pensamos que temos de a gozar o mais possível, e acabamos por viver só o momento, sem um propósito, sem um objetivo. Mas a nossa pátria está no céu (cf. Fl 3, 20), não esqueçamos a grandeza e a beleza da meta!
Uma vez descoberta a meta, também nós, como o apóstolo Tomé no Evangelho de hoje, nos perguntamos: como podemos saber o caminho? Por vezes, sobretudo quando há grandes problemas a enfrentar e se tem a sensação de que o mal é mais forte, surge a pergunta: que devo fazer, que caminho devo seguir? Escutemos a resposta de Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). “Eu sou o caminho”. O próprio Jesus é o caminho a seguir para viver na verdade e ter vida em abundância. Ele é o caminho e, por isso, a fé n’Ele não é um “pacote de ideias” no qual acreditar, mas um caminho a percorrer, uma viagem a realizar, um caminho com Ele. É seguir Jesus, porque Ele é o caminho que conduz à felicidade que não acaba. Seguir Jesus e imitá-lo, sobretudo com gestos de proximidade e de misericórdia para com os outros. Eis a bússola para alcançar o Céu: amar Jesus, o caminho, tornando-se sinais do seu amor na terra.
Irmãos e irmãs, vivamos o presente, tenhamos nas mãos o presente, mas não nos deixemos dominar: olhemos para o alto, olhemos para o Céu, recordemos a meta, pensemos que somos chamados para a eternidade, ao encontro com Deus. E, do Céu ao coração, renovemos hoje a escolha de Jesus, a escolha de O amar e de caminhar atrás d’Ele. Que a Virgem Maria, que seguindo Jesus já chegou à meta, ampare a nossa esperança.
No final da antífona mariana, o Pontífice recordou as duas beatificações celebradas no sábado, dia 6, em Espanha e no Uruguai; depois, encorajou o empenho da associação Meter, fundada pelo padre Fortunato Di Noto, por ocasião do 27º Dia das crianças vítimas; saudou também os novos guardas suíços que prestaram juramento na véspera; por fim, dirigiu o pensamento à Ucrânia, lançando o seu apelo de paz aos responsáveis das nações.
Prezados irmãos e irmãs!
Ontem foram celebradas duas beatificações. Em Montevideu, no Uruguai, foi beatificado o bispo Jacinto Vera, que viveu no século xix . Pastor preocupado com o seu povo, testemunhou o Evangelho com generoso zelo missionário, favorecendo a reconciliação social no clima tenso da guerra civil. Em Granada, Espanha, foi beatificada a jovem Maria de la Concepción Barrecheguren y García. Acamada por uma grave doença, suportou os sofrimentos com grande força espiritual, suscitando em todos admiração e consolação. Faleceu em 1927, com 22 anos. Um aplauso aos dois Beatos!
Saúdo de coração todos vós, romanos e peregrinos da Itália e de muitos países, em particular os fiéis provenientes da Austrália, Espanha, Inglaterra e os estudantes do Colégio de S. Tomás de Lisboa.
Saúdo a Associação Meter e o seu fundador padre Fortunato Di Noto, que continuam o compromisso de prevenir e contrastar a violência contra os menores; hoje celebram o 27º Dia das Crianças Vítimas; há 30 anos defendem a infância dos abusos e da violência. Estou próximo de vós, irmãos e irmãs, e acompanho-vos com a oração e o meu afeto. Nunca vos canseis de estar da parte de quem é vítima, está ali Cristo Menino que vos espera, obrigado!
Saúdo o grupo de doentes de fibromialgia da Área Médica do Vicariato de Roma; as Irmãs de São José Benedito Cottolengo; a Associação Leigos da Misericórdia; a Família Camiliana Leiga; os fiéis de Pozzuoli, Caraglio e Valle Grana; os Coros de Empoli e Ponte Buggianese.
Uma saudação especial aos novos Guardas Suíços, às suas famílias e amigos, e às autoridades helvéticas que participaram nas celebrações deste benemérito Corpo. Um aplauso aos Guardas, todos!
Amanhã será elevada a tradicional Súplica a Nossa Senhora do Rosário em Pompeia, naquele Santuário que o Beato Bartolo Longo quis dedicar à paz. Neste mês de maio, recitemos o Rosário, pedindo à Virgem Santíssima o dom da paz, especialmente para a martirizada Ucrânia. Possam os responsáveis pelas nações escutar o desejo do povo que sofre e quer a paz!
Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!