Regina caeli — O Papa convidou a recitar o terço sobretudo pela martirizada Ucrânia

Os responsáveis pelas nações escutem o desejo de paz
de quem sofre

People attend the Regina Caeli prayer led by Pope Francis at the Vatican, May 7, 2023. Vatican ...
11 maio 2023

Na véspera da tradicional súplica a Nossa Senhora venerada no santuário de Pompeia, que «o Beato Bartolo Longo quis dedicar à paz», o Papa exortou os fiéis a rezarem o terço com esta intenção específica, confiando ao Senhor de modo especial a situação da «martirizada Ucrânia». O convite ressoou no Regina caeli de 7 de maio, recitado pelo Pontífice da janela do Palácio apostólico do Vaticano. «Que os chefes das nações escutem o desejo dos povos que sofrem e querem a paz!», disse, dirigindo-se às 20 mil pessoas presentes na praça de São Pedro e àquelas que o seguiam através dos meios de comunicação. Precedentemente, como de costume, Francisco comentou o trecho litúrgico dominical, extraído do Evangelho de João e dedicado ao último discurso de Jesus antes de morrer.

Estimados irmãos e irmãs bom dia!

O Evangelho da liturgia de hoje (Jo 14, 1-12) refere-se ao último discurso de Jesus antes da sua morte. O coração dos discípulos está perturbado, mas o Senhor dirige-lhes palavras tranquilizadoras, convidando-os a não ter medo, não tenhais medo: de facto Ele não os está a abandonar, mas vai preparar-lhes um lugar e guiá-los rumo àquela meta. O Senhor indica a todos nós hoje o lugar maravilhoso para onde ir e, ao mesmo tempo, diz-nos como chegar lá, indica-nos o caminho a percorrer. Ele diz-nos para onde ir e como lá chegar.

Antes de mais, para onde ir. Jesus vê a angústia dos discípulos, vê o medo que têm de serem abandonados, tal como acontece connosco quando somos obrigados a separar-nos de alguém que amamos. Por isso, diz: «Pois vou preparar-vos um lugar [...] para que onde eu estiver, estejais vós também» (vv. 2-3). Jesus usa a imagem familiar da casa, lugar das relações e da intimidade. Na casa do Pai, diz ele aos seus amigos e a cada um de nós, há lugar para ti, és bem-vindo, serás acolhido para sempre pelo calor de um abraço, e eu estou no céu a preparar um lugar para ti! Prepara-nos aquele abraço com o Pai, o lugar para toda a eternidade.

Irmãos e irmãs, esta Palavra é fonte de consolação, é fonte de esperança para nós. Jesus não se separou de nós, mas abriu-nos o caminho, antecipando o nosso destino final: o encontro com Deus Pai, em cujo coração há lugar para cada um de nós. Por isso, quando sentirmos cansaço, desorientação e até fracasso, lembremo-nos para onde está orientada a nossa vida. Não devemos perder de vista a meta, mesmo que hoje corramos o risco de a esquecer, de esquecer as perguntas finais, as importantes: para onde vamos? Para onde caminhamos? Por que vale a pena viver? Sem estas perguntas, concentramos a vida só no presente, pensamos que temos de a gozar o mais possível, e acabamos por viver só o momento, sem um propósito, sem um objetivo. Mas a nossa pátria está no céu (cf. Fl 3, 20), não esqueçamos a grandeza e a beleza da meta!

Uma vez descoberta a meta, também nós, como o apóstolo Tomé no Evangelho de hoje, nos perguntamos: como podemos saber o caminho? Por vezes, sobretudo quando há grandes problemas a enfrentar e se tem a sensação de que o mal é mais forte, surge a pergunta: que devo fazer, que caminho devo seguir? Escutemos a resposta de Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). “Eu sou o caminho”. O próprio Jesus é o caminho a seguir para viver na verdade e ter vida em abundância. Ele é o caminho e, por isso, a fé n’Ele não é um “pacote de ideias” no qual acreditar, mas um caminho a percorrer, uma viagem a realizar, um caminho com Ele. É seguir Jesus, porque Ele é o caminho que conduz à felicidade que não acaba. Seguir Jesus e imitá-lo, sobretudo com gestos de proximidade e de misericórdia para com os outros. Eis a bússola para alcançar o Céu: amar Jesus, o caminho, tornando-se sinais do seu amor na terra.

Irmãos e irmãs, vivamos o presente, tenhamos nas mãos o presente, mas não nos deixemos dominar: olhemos para o alto, olhemos para o Céu, recordemos a meta, pensemos que somos chamados para a eternidade, ao encontro com Deus. E, do Céu ao coração, renovemos hoje a escolha de Jesus, a escolha de O amar e de caminhar atrás d’Ele. Que a Virgem Maria, que seguindo Jesus já chegou à meta, ampare a nossa esperança.

No final da antífona mariana, o Pontífice recordou as duas beatificações celebradas no sábado, dia 6, em Espanha e no Uruguai; depois, encorajou o empenho da associação Meter, fundada pelo padre Fortunato Di Noto, por ocasião do 27º Dia das crianças vítimas; saudou também os novos guardas suíços que prestaram juramento na véspera; por fim, dirigiu o pensamento à Ucrânia, lançando o seu apelo de paz aos responsáveis das nações.

Prezados irmãos e irmãs!

Ontem foram celebradas duas beatificações. Em Montevideu, no Uruguai, foi beatificado o bispo Jacinto Vera, que viveu no século xix . Pastor preocupado com o seu povo, testemunhou o Evangelho com generoso zelo missionário, favorecendo a reconciliação social no clima tenso da guerra civil. Em Granada, Espanha, foi beatificada a jovem Maria de la Concepción Barrecheguren y García. Acamada por uma grave doença, suportou os sofrimentos com grande força espiritual, suscitando em todos admiração e consolação. Faleceu em 1927, com 22 anos. Um aplauso aos dois Beatos!

Saúdo de coração todos vós, romanos e peregrinos da Itália e de muitos países, em particular os fiéis provenientes da Austrália, Espanha, Inglaterra e os estudantes do Colégio de S. Tomás de Lisboa.

Saúdo a Associação Meter e o seu fundador padre Fortunato Di Noto, que continuam o compromisso de prevenir e contrastar a violência contra os menores; hoje celebram o 27º Dia das Crianças Vítimas; há 30 anos defendem a infância dos abusos e da violência. Estou próximo de vós, irmãos e irmãs, e acompanho-vos com a oração e o meu afeto. Nunca vos canseis de estar da parte de quem é vítima, está ali Cristo Menino que vos espera, obrigado!

Saúdo o grupo de doentes de fibromialgia da Área Médica do Vicariato de Roma; as Irmãs de São José Benedito Cottolengo; a Associação Leigos da Misericórdia; a Família Camiliana Leiga; os fiéis de Pozzuoli, Caraglio e Valle Grana; os Coros de Empoli e Ponte Buggianese.

Uma saudação especial aos novos Guardas Suíços, às suas famílias e amigos, e às autoridades helvéticas que participaram nas celebrações deste benemérito Corpo. Um aplauso aos Guardas, todos!

Amanhã será elevada a tradicional Súplica a Nossa Senhora do Rosário em Pompeia, naquele Santuário que o Beato Bartolo Longo quis dedicar à paz. Neste mês de maio, recitemos o Rosário, pedindo à Virgem Santíssima o dom da paz, especialmente para a martirizada Ucrânia. Possam os responsáveis pelas nações escutar o desejo do povo que sofre e quer a paz!

Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!