Exposição fotográfica “Women ’s Cry” na praça de São Pedro

Abrir os olhos ao invisível

 Abrir os olhos ao invisível  POR-019
11 maio 2023

«O grito das mulheres ensina-nos a ser capazes de ver o bem, para o fazer crescer, e a ver o mal para não ficarmos prisioneiros dele, para o redimirmos», afirmou o prefeito do Dicastério para a comunicação, Paolo Ruffini, durante a conferência de imprensa de apresentação da exposição fotográfica “Women’s Cry”, aberta durante todo o mês de maio na colunata esquerda da praça de São Pedro, no Vaticano. Uma iniciativa promovida pela União mundial das organizações femininas católicas (Umofc) através do Observatório mundial das mulheres, criado há um ano em colaboração com o Dicastério para a comunicação, e que se tornou possível graças ao apoio da agência Handshake.

A exposição é composta por 26 fotografias, tiradas por um grupo de oito fotógrafas e fotógrafos internacionais, que aceitaram o desafio de dar voz ao grito, muitas vezes escondido, das mulheres no mundo. Do coração da Amazónia a uma favela brasileira, das ilhas gregas às fronteiras ucranianas, das terras altas da Anatólia à Índia e ao interior do Bangladesh. As imagens, expostas em suportes de madeira recuperados da tempestade Vaia de 2018 no Triveneto, são acompanhadas por algumas frases da encíclica do Papa Francisco “Fratelli tutti”.

As 26 fotografias, sublinhou Paolo Ruffini, «têm a força, o poder de obrigar a parar, a ver, a admirar-se e a imprimir dinamismo». Elas «exigem uma mudança, antes de mais nada, em quem as vê», «põem em movimento algo que não para». Estas imagens também «nos questionam, não oferecem respostas, mas confrontam-nos com a nossa cegueira. Rasgam a armadura de hipocrisia que nos envolve. Deixam-nos sem palavras, mas mudados. Todos verdadeiros irmãos e irmãs, capazes de ver com o coração».

Por sua vez, María Lía Zervino, presidente da Umofc, sublinhou que a exposição representa «um sinal do modo como a Igreja hoje não deixa as mulheres sozinhas, como quer abraçar todas as mulheres do mundo, crentes e não-crentes, para transformar, para melhorar a sua vida, a das suas famílias e dos seus povos». O Observatório mundial das mulheres da Umofc, acrescentou, procura dar visibilidade às mulheres que, para muitos, são invisíveis. «Muitas são deixadas para trás — acrescentou María Lía Zervino — procuramos o clamor daquelas que caíram no oceano da indiferença, da globalização da indiferença, como diz o Papa Francisco. Os oito fotógrafos foram precisamente àquelas periferias».

«Partimos à procura das imagens certas — disse a cineasta Lia Giovanazzi Beltrami, criadora da exposição — encontramos muitas das mulheres retratadas e procuramos contar a sua história, da Amazónia ao Bangladesh, da Turquia ao Togo, da Grécia às fronteiras ucranianas. Cada fotografia narra um drama, mas traz em si uma profunda esperança. Quisemos contar a história da esperança, uma flor no deserto, para seguir em frente».

As próximas etapas da exposição serão Cannes, Veneza e Nova Iorque. Está igualmente prevista a apresentação da exposição no Ruanda. Entretanto, no dia 13 de maio, véspera da Assembleia geral da Umofc, programada em Assis de 14 a 20, as participantes visitarão a exposição, levando as cores do mundo ao Vaticano. Além disso, no dia 24, o grupo de dança brasileiro “Laudato si’ Amazonia — O espaço da vida na terra” participará na audiência geral do Papa Francisco e dançará à volta das fotografias expostas. Uma das fotografias mostra as jovens do grupo que dançam no coração de uma favela. Outra foto mostra o cocar sagrado feito pelas mulheres indígenas da Amazónia, que será entregue ao Pontífice em agradecimento pela sua proximidade aos povos daquela região.

“Women’s Cry” insere-se na sequência da exposição organizada em outubro de 2021, também na colunata da praça de São Pedro, intitulada “Emoções para gerar mudanças”. A iniciativa teve lugar no âmbito do Ano Laudato si’ e em paralelo com a Cop26 em Glasgow, na Escócia. A exposição fora organizada por Lia Giovanazzi Beltrami, com fotografias de Asaf Ud Daula, do Bangladesh. (charles de pechpeyrou)