Novidades na composição da assembleia e na tipologia dos participantes

Sínodo: também leigas
e leigos com direito de voto

 Sínodo: também leigas e leigos com direito de voto  POR-017
27 abril 2023

Não muda a natureza nem o nome — que continua a ser Sínodo dos Bispos — mas muda a composição dos participantes na assembleia de outubro próximo, no Vaticano, sobre o tema da sinodalidade, na qual participará um número significativo de membros «não bispos», entre os quais sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e leigas, nomeados diretamente pelo Papa, 50% dos quais «se pede» que sejam mulheres. Um pedido explícito, juntamente com o de «valorizar» a presença dos jovens. Todos terão direito de voto, atingindo um número de membros votantes na nova sala do Sínodo de cerca de 370, num total de mais de 400 participantes. Até agora, havia um pequeno número de membros votantes não bispos, que eram alguns membros de institutos religiosos clericais.

Estas são as principais mudanças e novidades introduzidas a 26 de abril pelo Papa para o Sínodo que selará no outono o percurso sinodal que ele mesmo iniciou em 2021. «Não é uma revolução, mas uma importante mudança», fizeram questão de especificar os cardeais Mario Grech e Jean-Claude Hollerich, respetivamente secretário-geral e relator-geral do Sínodo, ilustrando as novidades num meeting point na Sala de Imprensa do Vaticano.

As novas disposições, comunicadas a 26 de abril numa carta aos responsáveis das assembleias continentais celebradas em África, Ásia, Médio Oriente e Oceânia, não revogam o regulamento atual, a constituição apostólica Episcopalis communio de 2018, que já previa a presença de «não-bispos». Com estas novidades — que se justificam no contexto do processo sinodal que Francisco quis iniciar «a partir de baixo» — o número é especificado: 70 entre sacerdotes, consagrados, diáconos, leigos, provenientes das Igrejas locais em representação o povo de Deus. Por conseguinte, já não haverá «auditores».

«Deste modo, a especificidade episcopal da assembleia sinodal não resulta afetada, mas, pelo contrário, confirmada», sublinha a Secretaria Geral do Sínodo. «Fala-se de 21 por cento da assembleia, que continua a ser plenariamente uma assembleia dos bispos, com uma certa participação de não-bispos», reiterou Hollerich. «A sua presença assegura o diálogo entre a profecia do povo de Deus e o discernimento dos pastores».

Mais pormenorizadamente, os membros «não bispos» são nomeados pelo Papa a partir de uma lista de 140 pessoas indicadas pelas conferências episcopais e pela assembleia dos Patriarcas das Igrejas católicas orientais (20 para cada um). Como já foi referido, pede-se que metade sejam mulheres e que os jovens sejam valorizados: «Porque o nosso mundo é assim», observaram os dois cardeais. Na escolha, os cardeais têm em conta a cultura geral, a «prudência», mas também o conhecimento e a participação no processo sinodal. Como membros, têm direito de voto. Um aspeto importante, embora Grech espere «que um dia possamos prescindir do voto. O sínodo é um discernimento, uma oração, não procuramos votos».

Também terão direito a voto os cinco religiosos e religiosos eleitos pelas respetivas organizações de superioras-gerais e superiores-gerais (Uisg para o ramo feminino e Usg para o masculino). Eles — e esta é a outra novidade — substituem os dez clérigos dos institutos de vida consagrada previstos no passado. Todas as eleições — realizadas em plenária e mediante voto secreto pelos respetivos Sínodos, Conselhos e Conferências episcopais — devem ser ratificadas pelo Papa. E enquanto o Papa não confirmar a eleição, os nomes dos eleitos não serão conhecidos pelo público.

Pela primeira vez, aparecerão no Sínodo as figuras dos «facilitadores». Uma escolha, explicou Grech, que nasceu da experiência dos grupos de estudo, «que nos mostrou que estes peritos criam uma dinâmica que pode dar frutos». «Há bispos que nunca participaram no Sínodo, por isso temos de facilitar a dimensão espiritual», explicou Hollerich, sublinhando que, pela primeira vez, estarão também presentes na assembleia bispos de países que não têm conferência episcopal. O “seu” Luxemburgo é um deles, mas também a Estónia e a Moldávia. Desta forma, concordaram os dois cardeais, «a Igreja ficará mais completa e será uma alegria tê-la toda reunida em Roma».

Salvatore Cernuzio