A uma delegação de Irmãos oblatos diocesanos

No caminho do serviço humilde e escondido

 No caminho do serviço humilde e escondido  POR-017
27 abril 2023

O «dom de si» deve ser vivido no «serviço escondido, humilde, às vezes até humilhante»: eis «o caminho a seguir para cada cristão», recordou o Pontífice saudando uma delegação de Irmãos oblatos diocesanos, recebidos em audiência na manhã de 14 de abril, na Biblioteca particular do Palácio apostólico do Vaticano.

Estimados irmãos
bom dia e bem-vindos!

Agradeço ao Superior a sua saudação e estou feliz por receber um grupo de irmãos consagrados. Para mim, são preciosas as ocasiões em que me posso encontrar com irmãos consagrados: é um testemunho do valor desta presença na Igreja, que merece ser redescoberta. Por isso, agradeço-vos e encorajo-vos, pois sois um sinal, pequeno, mas importante, diria indispensável, no mosaico das vocações na Igreja.

Em primeiro lugar, sois sinal da fraternidade segundo o Evangelho. E sois assim precisamente mediante o vosso ser irmãos: não pelo que fazeis, pela organização, pelas atividades... Tudo isto é bom e necessário, mas a fraternidade edifica-se com uma forma concreta de vida. Uma forma estável, que naturalmente cada um de vós vive de modo diferente, com a própria personalidade e os próprios dons e também limites; mas a caraterística comum e qualificadora é esta fraternidade. Penso — e espero — que se trate de uma fonte de alegria interior para vós, pois é a maneira de vos assemelhardes a Jesus, que viveu esta dimensão de ser irmão de cada homem, irmão universal. É um aspeto próprio do mistério da Encarnação. Esta é a primeira coisa que vos desejo: a alegria de ser irmãos.

Vós sois irmãos oblatos. Este é o segundo aspeto: a oblação, o dom de si no serviço. Jesus, com a forma de Deus, assumiu a forma de servo; mas atenção: não um serviço daqueles que todos dizem: que bom, um serviço a aplaudir, “que é notícia”. Não! Um serviço escondido, humilde, às vezes até humilhante. Este — como sabemos — é o caminho a seguir por todos os cristãos. No entanto, vós a tendes por carisma: a oblação. E também nisto, para quem vive assim, o Espírito Santo dá alegria interior. Madre Teresa falava frequentemente dela: a alegria de servir. Quando Maria foi ajudar Isabel, não havia fotógrafos à sua espera, não havia jornalistas. Ninguém o soube. É aí que reside a alegria: conhecida só pelo Senhor! A bem-aventurança do serviço. Este é o meu segundo desejo.

E o último está ligado ao serdes diocesanos. Irmãos Oblatos Diocesanos. Também esta é uma dimensão da Encarnação: ser fiel a uma terra, a um povo, a uma diocese. Às vezes, gostaríamos de salvar o mundo! Mas Deus diz-te: sê fiel a esse serviço, àquelas pessoas, àquela obra... Jesus salvou o mundo oferecendo a vida pelas ovelhas perdidas da casa de Israel, e assim cumpriu a fidelidade do Pai; amou até ao fim aqueles que o Pai lhe tinha confiado, derramou o seu sangue por eles e assim derramou-o por todos. Esta é a lei do amor: não se pode amar a humanidade de modo abstrato, ama-se esta pessoa, aquelas pessoas. A fidelidade é um bem raro! Já um salmo o dizia: «A fidelidade desapareceu entre os filhos do homem» (Sl 12, 2). O serviço diocesano é uma escola de fidelidade. E fazei-lo mediante o vosso ser irmãos oblatos.

Fraternidade, oblação, diocesanidade. Um lindo programa de vida! Que o Senhor vos acompanhe sempre neste caminho e que Nossa Senhora vos preserve na alegria e na fidelidade. Abençoo-vos de coração e peço-vos por favor que rezeis por mim. Obrigado!