Regina caeli — Proximidade a quantos celebram a Páscoa e paz para o Sudão e a Ucrânia

Tristeza e consternação pelas atrocidades da guerra

 Tristeza e consternação  pelas atrocidades da guerra  POR-016
20 abril 2023

A mensagem de vida da Páscoa — que muitas Igrejas no Oriente celebraram a 16 de abril — contrasta dramaticamente com as guerras que «continuam a semear morte de formas horríveis». Por este motivo, no final do Regina Caeli dominical, recitado da janela do Palácio apostólico com os fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, o Papa convidou a rezar, «pedindo a Deus que o mundo já não experimente a consternação da morte violenta pelas mãos do homem». Precedentemente, o Pontífice comentou a passagem litúrgica do Evangelho de João, a respeito da aparição do Ressuscitado aos apóstolos e, em particular, a Tomé.

Prezados irmãos e irmãs
bom dia!

Hoje, Domingo da Divina Misericórdia, o Evangelho narra-nos duas aparições de Jesus Ressuscitado aos discípulos e em particular a Tomé, o “Apóstolo incrédulo” (cf. Jo 20, 24-29).

Na realidade, Tomé não é o único que tem dificuldade em acreditar, aliás, representa um pouco todos nós. Com efeito, nem sempre é fácil acreditar, especialmente quando, como no seu caso, se sofreu uma grande desilusão. Depois de uma grande desilusão, é difícil acreditar. Seguiu Jesus durante anos, correndo riscos e suportando dificuldades, mas o Mestre foi crucificado como um bandido e ninguém o libertou, ninguém fez nada! Morreu e todos têm medo. Como voltar a ter confiança? Como confiar na notícia segundo a qual Ele está vivo? A dúvida estava dentro dele.

No entanto, Tomé demonstra que tem coragem: enquanto os outros, receosos, estão fechados no cenáculo, ele sai, correndo o risco de que alguém o possa reconhecer, denunciar e prender. Até poderíamos pensar que, com a sua coragem, mereceria mais do que os outros encontrar o Senhor ressuscitado. Ao contrário, precisamente porque se tinha afastado, quando Jesus aparece pela primeira vez aos discípulos na noite de Páscoa, Tomé não está presente e perde a ocasião. Afastou-se da comunidade. Como poderá recuperá-la? Só voltando a estar com os outros, voltando para aquela família que tinha deixado assustada e triste. Quando o faz, quando regressa, dizem-lhe que Jesus veio, mas ele tem dificuldade em acreditar; gostaria de ver as suas feridas. E Jesus satisfá-lo: oito dias depois, aparece novamente no meio dos seus discípulos e mostra-lhe as suas chagas, as mãos, os pés, aquelas feridas que são as provas do seu amor, que são os canais sempre abertos da sua misericórdia.

Reflitamos sobre estes acontecimentos. Para acreditar, Tomé gostaria de um sinal extraordinário: tocar as chagas. Jesus mostra-lhas, mas de modo ordinário, diante de todos, na comunidade, não fora. Como se lhe dissesse: se quiseres encontrar-me, não procures longe, fica na comunidade, com os outros; e não te vás embora, reza com eles, parte o pão com eles. E di-lo também a nós. É ali que me poderás encontrar, é aí que te mostrarei, gravados no meu corpo, os sinais das chagas: os sinais do Amor que vence o ódio, do Perdão que desarma a vingança, os sinais da Vida que derrota a morte. É aí, na comunidade, que descobrirás o meu rosto, enquanto partilhares momentos de dúvida e de medo com os irmãos, estreitando-te ainda mais fortemente a eles. Fora da comunidade, é difícil encontrar Jesus!

Caros irmãos e irmãs, o convite feito a Tomé também é válido para nós. Onde procuramos o Ressuscitado? Nalgum evento especial, nalguma manifestação religiosa espetacular ou marcante, unicamente nas nossas emoções e sensações? Ou na comunidade, na Igreja, aceitando o desafio de permanecer nela, mesmo que não seja perfeita? Apesar de todos os seus limites e quedas, que são os nossos limites e quedas, a nossa Mãe Igreja é o Corpo de Cristo; e é ali, no Corpo de Cristo, que estão gravados, ainda e para sempre, os maiores sinais do seu amor. Mas perguntemo-nos se, em nome deste amor, em nome das chagas de Jesus, estamos dispostos a abrir os braços aos feridos da vida, sem excluir ninguém da misericórdia de Deus, mas aceitando todos; cada um como irmão, como irmã. Deus acolhe a todos, Deus acolhe a todos!

Maria, Mãe de Misericórdia, nos ajude a amar a Igreja e a fazer dela uma casa acolhedora para todos!

No final da antífona mariana, depois de ter manifestado a sua proximidade aos fiéis do Oriente que celebravam a Páscoa, o Pontífice expressou preocupação pela situação de instabilidade política no Sudão e invocou a paz para «os nossos irmãos e irmãs» na Rússia e na Ucrânia. A seguir, as palavras do Papa Francisco.

Desejo manifestar a minha proximidade a todos os irmãos e irmãs que, especialmente no Oriente, hoje celebram a Páscoa: caríssimos, que o Senhor Ressuscitado esteja convosco e vos encha do seu Espírito Santo! Feliz Páscoa a todos vós!

E infelizmente, em estridente contraste com a mensagem pascal, as guerras vão em frente, e continuam a semear a morte de formas horríveis. Amarguremo-nos por estas atrocidades e oremos pelas suas vítimas, pedindo a Deus que o mundo já não experimente a consternação da morte violenta pelas mãos do homem, mas a maravilha da vida que Ele dá e renova com a sua graça!

Acompanho com preocupação os acontecimentos que se verificam no Sudão. Estou próximo do povo sudanês, já tão provado, e convido a rezar para que se deponham as armas e prevaleça o diálogo, para retomar juntos o caminho da paz e da concórdia.

E penso também nos nossos irmãos e irmãs que, na Rússia e na Ucrânia, hoje celebram a Páscoa. Que o Senhor esteja próximo deles e os ajude a fazer a paz!

Saúdo todos vós, romanos e peregrinos! Em particular, os grupos de oração que cultivam a espiritualidade da Divina Misericórdia, reunidos hoje no Santuário do Espírito Santo “in Sassia”. E, convicto de interpretar os sentimentos dos fiéis do mundo inteiro, dirijo um pensamento grato à memória de São João Paulo ii , nestes dias objeto de inferências ofensivas e infundadas.

Saúdo os grupos vindos da França, Brasil, Espanha, Polónia e Lituânia; os jovens do Colégio “Saint-Jean de Passy” de Paris, com educadores e familiares. Saúdo os fiéis de Pescara, os alunos da Escola Santa Maria “ad Nives” de Génova, e os jovens de Marcheno, Brescia.

Saúdo os bombeiros de vários países europeus, vindos a Roma para uma grande manifestação aberta aos cidadãos. Obrigado pelo vosso serviço! E digo-vos algo, quando rezo por vós, peço uma graça: que não tenhais trabalho!

Desejo bom domingo a todos. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até a vista!