O Papa batizou uma criança durante a visita às enfermarias de oncologia e neurocirurgia pediátrica da clínica

«Miguel Ángel, meu filho chama-se Miguel Ángel»

 «Miguel Ángel, meu filho chama-se Miguel Ángel»  POR-014
06 abril 2023

«Miguel Ángel». Foi com voz muito terna, marcada pelo sotaque do povo peruano, que a mãe pronunciou o nome do filho para o apresentar ao Papa Francisco. No momento mais imprevisível para ela: o batismo num berço de um quarto da ala D da policlínica “Agostino Gemelli” em Roma. E para batizar Miguel Ángel, o Papa: quem poderia tê-lo imaginado? Certamente não uma jovem mãe que, nestas horas, investe toda a sua esperança aguardando a demissão assinada pelos médicos para Miguel Ángel. Sinal de que ele está bem e podem voltar para casa, juntos.

Francisco aproximou-se da jovem e perguntou-lhe gentilmente o nome do pequenino que estava a dormir naquele momento. «Miguel Ângelo», respondeu-lhe imediatamente. E depois corrigiu-se com um sorriso materno: «Miguel Ángel». Dando assim substância à intuição do Papa Bergoglio sobre a transmissão da fé que, nas famílias, deve ter lugar «em dialeto», na língua de origem. Portanto catequese encarnada.

Para Miguel Ángel, a vida cristã começou na sexta-feira, 31 de março de 2023, no hospital. No sinal da admiração dos que estavam ao seu lado. E do assombro, quando ele crescer e vir as fotos, ouvindo a narração dos seus familiares: «Estávamos lá, cansados, quando se abriu a porta e entrou o Papa e te batizou...».

«Miguel Ángel, batizo-te em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» foram as palavras do Papa, que aspergiu o bebé com água recolhida no recipiente utilizado para conter instrumentos esterilizados nas enfermarias e laboratórios médicos. E, despertado pela água, Miguel Ángel «respondeu» com um choro vigoroso. O próprio Francisco, foi o primeiro a tentar acalmá-lo acariciando suavemente o seu rostinho. Depois abençoou-o e sussurrou à mãe: «Já é cristão. Quando for à paróquia, diga que o Papa o batizou».

O Pontífice que batiza um recém-nascido num lugar de sofrimento — onde ambos estavam hospitalizados — é o sinal de vida, simples e forte, que acompanhará a próxima Semana Santa. Francisco realizou este gesto na tarde de sexta-feira 31 de março, quando quis encontrar-se com as crianças, indo aos seus quartos na ala de oncologia pediátrica e neurocirurgia infantil.

Entre carícias e sorrisos, ofereceu-lhes ovos de chocolate para recordar que, também — e talvez sobretudo — nas “enfermarias da dor”, a Páscoa é a festa cristã mais importante. E depois livros sobre o Menino Jesus, no fundo um “coetâneo” deles: Nacque Gesù a Betlemme di Giudea (Jesus nasceu em Belém da Judeia), um pequeno volume para a infância — publicado pelo Apostolado da Oração e editado por Filippo M. Grasso e pelo Bispo Daniele Libanori, auxiliar de Roma — sobre a Natividade, como é narrada nos Evangelhos de Mateus e de Lucas.

Em particular, Francisco encorajou os familiares que, ao lado dos seus filhos, vivem uma experiência lacerante no hospital, procurando nunca perder a esperança. A eles o dom dos terços para rezar, especialmente nos momentos de desânimo, quando o sofrimento “morde” mais duramente. O Papa também quis dedicar um pensamento aos funcionários do hospital que trabalham na linha da frente, expressando gratidão pela abnegação e espírito de serviço. Depois de ter deixado uma dedicatória, regressou à ala da policlínica onde ficou até 1 de abril.