Missa celebrada pelo cardeal José Tolentino de Mendonça na véspera da maratona de Roma

Quem corre espera

 Quem corre espera  POR-012
23 março 2023

«Os maratonistas são candidatos à esperança que escolhem não se resignar ao que é possível para a sua vida e sonham com o impossível». Esta foi a definição da experiência da maratona sugerida pelo cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a cultura e a educação, na missa celebrada no sábado 18 de março, véspera da Maratona de Roma, na igreja dos artistas lotada, por iniciativa de Athletica Vaticana.

No final, a Oração do maratonista e a bênção dos atletas — profissionais e amadores, acompanhados por treinadores, dirigentes e familiares — que também rezaram para que o desporto seja um instrumento e uma linguagem de paz. Dando voz a esta esperança estava Viktorya Gudyma, mãe maratonista ucraniana (presente com o filho Lev, de 11 anos), que fugiu de Kyiv sob as bombas e foi convidada pela polidesportiva do Vaticano. Entre os presentes encontrava-se Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a comunicação, e embaixadores junto da Santa Sé.

«A maratona é democrática, todos podem participar juntos», disse o cardeal. E «é também uma experiência espiritual porque não se corre apenas com o corpo, mas também com o coração: com histórias, lágrimas, desejos, muita energia de transformação, um desejo de mudança».

«Porque é que tantas pessoas, mesmo as que já não são jovens, optam por correr? Porque têm um desejo no coração, não se resignam ao “possível” e sonham com o “impossível” para a sua vida», disse o cardeal. «Os maratonistas são buscadores de esperança. Procuram novos caminhos e partilham-nos, aceitam desafios e sacrifícios, e tudo isto está no âmago da espiritualidade».

«Até a crise que surge durante a maratona, como também na nossa vida, é um momento fundamental», relançou ele. A ponto que «quando chegamos à meta, com as nossas fraquezas, mas levados pelo coração, sabemos muitas coisas mais importantes sobre nós próprios, sobre a nossa alma: é um momento de autoconstrução». E é precisamente por estas razões, concluiu o cardeal, recordando a Copa dos últimos, que «todos ganham na maratona — um sonho, uma alegria, uma beleza, uma peregrinação — porque tem a ver com a dimensão profunda da vida. Mesmo aquele que vem por último é um verdadeiro primeiro».

Durante a celebração, animada pelo coro da diocese de Roma, foram lembradas três corredoras mortas recentemente: Viridiana Rotondi, Matilde Masini e Elisabetta Beltrame.

Concelebraram com o cardeal o padre Andrea Palmieri, assistente espiritual de Athletica Vaticana, e três sacerdotes maratonistas. Entre os corredores, o diácono Samuel Anderson e o ministrante Massimiliano Quirico.