Conclusões do ii encontro das Comissões episcopais da catequese de Espanha, Itália e Portugal

Importância do “caminho comum” e da “partilha de experiências”

 Importância do “caminho comum” e da “partilha de experiências”  POR-011
16 março 2023

Terminou em Lisboa, a 7 de março, o ii encontro das Comissões episcopais da catequese de Espanha, Itália e Portugal. A iniciativa que analisou o ministério do catequista e os desafios para a evangelização da Igreja no sul da Europa destacou a necessidade de «um processo sinodal», em «rede» para dar «respostas novas a desafios novos».

«Deparamo-nos com muitos desafios e é necessário realizar um trabalho em rede. Temos de trabalhar em conjunto para podermos iniciar um caminho em comum para ajudarmos os catequistas a realizarem bem a sua missão» explicou ao educris D. António Moiteiro, bispo de Aveiro e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé ( ceecdf ).

Reunidos, pela primeira vez em abril passado na cidade de  Madrid, Espanha, os responsáveis do sul da Europa contam com o apoio do Dicastério para a evangelização.

«Apresentamos esta ideia, em setembro passado ao pró-prefeito do Dicastério para a evangelização, arcebispo D. Rino Fisichella, que nos tem dado apoio e acompanha de perto os trabalhos», garante o responsável português.

Mudar a ideia de que «os sacramentos são celebrações de despedida»

D. José Rico Pavés, bispo de Asidonia-Jerez e presidente da Comissão para a evangelização, a catequese e o catecumenato de Espanha ( cecc ) destaca a importância «de partilhar o que vamos fazendo em cada país» numa «altura de profunda mudança».

«Esta partilha permite-nos enfrentar os desafios da catequese que são similares em várias partes do mundo, numa altura de profunda mudança».

Refletindo sobre a realidade espanhola o presidente da cecc dá conta de «um processo de trânsito» e considera fundamental «ultrapassar, internamente, a ideia de que a catequese está vinculada a um sacramento».

«Estamos num processo de trânsito. A ideia de cristandade está hoje ultrapassada. Partimos de um lugar onde a catequese ainda está marcada pelo ritmo escolar e onde se vincula a catequese a um sacramento. Sem querer transmitimos aos fiéis a ideia de que os sacramentos são celebrações de despedida», lamentou.

Para o responsável é fundamental «saber transmitir a ideia de que a catequese faz parte de um itinerário para formar cristãos» e dá conta de uma Comissão episcopal «plenamente empenhada em mudar este paradigma».

Perante o «reconhecimento que significa tornar o ser catequista um ministério instituído», o prelado alegrou-se pelo «reconhecimento da função eclesial que desenvolvem os catequistas» e destacou a «função dos que serão instituídos no país vizinho».

«A Conferência episcopal espanhola considera que estes catequistas hão-de ser coordenadores de outros catequistas e serão formadores de catequistas não instituídos».

A realidade da Igreja em Espanha:
largar os critérios do mundo

Pertencendo a uma Igreja local que tem enfrentado várias crises nos últimos anos, D. José Rico Pavés considerou que o caminho passa «pela reconversão interna» e por uma abordagem «amável» para com todos acerca «da verdade de Jesus e do seu evangelho».

«Há uns anos fizemos um diagnóstico, na Conferência episcopal espanhola, e concluímos que o principal problema está dentro. Chama-se secularização interna. Perdemos o ardor na transmissão da fé. A integridade e o modo como habitamos o mundo. Vamo-nos conformando aos critérios do mundo e abandonamos o Evangelho», considerou.

Perante várias situações que parecem querer colocar a Igreja «fora da esfera pública», o prelado deu conta da existência de «um laicismo beligerante, em algumas zonas, que pretende desterrar dos espaços públicos, da escola e da família, toda a experiência religiosa».

«Temos aí um desafio que passa, desde logo, por sermos capazes de anunciar o evangelho de modo amável. Mesmo os que nos querem rejeitar, só preencherão os seus anseios em Jesus e no seu evangelho. Só aí encontrarão a sua paz» concluiu.

Trazer a riqueza do catecumenato
para a catequese dos mais novos

Também presente no ii encontro o padre Jourdan Pinheiro, responsável pelo setor para o catecumenato na Conferência episcopal italiana ( cei ), falou ao educris acerca desta experiência que junta três organismos da Igreja.

«Esta é uma mudança que se faz com muita esperança. Tivemos, desde a primeira hora, a possibilidade de livremente nos escutarmos, com poucas teses, mas com muitas experiências que nos enriquecem. Os “tempos” diferentes de cada igreja são sempre oportunidade para um novo olhar».

Centrando o seu trabalho no catecumenato para adultos, em Itália,  o responsável deu conta do caminho que se tem vindo a percorrer.

«Hoje, em Itália, temos para toda a catequese um parâmetro claramente de inspiração catecumenal. Não se trata de uma interpretação rígida, mas do desafio de estar atento. Quando nos aproximamos aos mais novos fazemo-los participantes de um itinerário em comunidade. Recebem um primeiro anúncio, na comunidade e em família, que decorrerá com pequenas expressões de serviço, de palavras e de oração, numa oração específica», explicitou.

Para o responsável é fundamental que «cada um vá avançando neste itinerário de acordo com as suas capacidades», mais do que através de «estruturas rígidas e escolarizadas».

«A transmissão da fé, a sua assunção em cada um tem mais a ver com o tempo necessário para interiorizar do que com a necessidade de realizar tudo rapidamente. Trata-se de acompanhar, ajudar a fazer brotar em cada um aquilo que o Senhor fará nascer, e isso leva o seu tempo», completou.

No encontro, e para além de D. António Moiteiro, presidente da ceecdf , D. José Rico Pavés, bispo de Asidonia-Jerez e presidente da ceecc , de Espanha, e Jourdan Pinheiro, responsável pelo Setor do catecumenato, de Itália, participaram o sacerdote Francisco Romero Galván, diretor do Secretariado da ceecc , de Espanha, e  María Molina, responsável pelo departamento das publicações da ceecc, de Espanha. De Portugal estiveram presentes Fernando Moita, diretor do Secretariado nacional da educação cristã, e a irmã Maria Arminda Faustino, coordenadora do Departamento da catequese no snec .