O Papa encorajou o programa da rai no serviço de narração do Evangelho

Para que “A sua immagine” não seja apenas uma frase no ecrã da televisão

 Para que “A sua immagine”  não seja apenas uma frase no ecrã da televisão  POR-010
09 março 2023

«A Sua Immagine. Não deixeis que estas palavras... sejam reduzidas a uma frase no ecrã. Preservai a maravilha desta Palavra, para a poderdes comunicar», disse o Papa, recebendo em audiência a 4 de março, na sala do Consistório, o grupo de trabalho do programa televisivo da rai . Publicamos o discurso pronunciado pelo Pontífice após a saudação do rogacionista Gianni Epifani, do Gabinete nacional para as comunicações sociais da Conferência episcopal italiana e responsável pelo programa de informação religiosa, o qual recordou que ele é «sobretudo uma família. Há dois pais, disse, a rai e a cei , que procuraram e quiseram um momento de aprofundamento que oferecesse uma leitura diferente do que acontece na história. E nós sentimo-nos um pouco filhos desta união».

Prezados amigos
bom dia e bem-vindos!

Agradeço ao Padre Gianni Epifani as suas amáveis palavras. Tenho o prazer de conhecer todo o grupo de “A Sua Immagine”: além da apresentadora, Senhora Lorena Bianchetti, também os autores, redatores, técnicos e todos os que colaboram com o programa. E dirijo a minha saudação também a quantos vos precederam no passado.

Como sabeis, também eu sigo com frequência, pelo menos em parte, a vossa transmissão: quando chego para o Angelus, quase no final da Missa, para reler, vós começais, e ouço-vos até ao meio-dia. Um pouco como uma “sala de espera” do Angelus. Esta transmissão nasceu da colaboração entre a rai e a Conferência episcopal italiana. Com efeito, o horário dominical coincide, na última parte, com a recitação do Angelus na Praça de São Pedro; assim, antes de ir à janela, gosto de a seguir por alguns minutos, e às vezes mencionei algum conteúdo que me impressionou de modo particular.

Gostaria de felicitar aqueles que, há vinte e seis anos, escolheram o nome para a transmissão: “A Sua Immagine”. Estas palavras remetem-nos para o princípio da Bíblia, para o Livro do Génesis onde, no auge da criação, Deus diz: «Façamos o homem à nossa imagem e semelhança» (Gn 1, 26). Fomos criados “à imagem” de Deus! Não nos devemos habituar a esta expressão, ela não deveria deixar de nos surpreender: em cada ser humano, Deus acendeu de forma única uma centelha da sua luz. Em cada pessoa, boa e má, todos; pois é uma questão de substantivo, não de adjetivo: se é bom, é crente... não. À imagem de Deus: eis o substantivo. Neste tempo em que existe uma crise da “substantividade” e também o uso demasiado indevido de adjetivos, vivemos na era da adjetivação. Quando te perguntam: “Quem é este?” — “É um ladrão, ele é isto e aquilo...”. Primeiro o adjetivo, depois o substantivo. Não! Devemos recuperar o substantivo das coisas. E “A Sua Immagine”, a sua vocação, é procurar a “substantividade” das coisas e libertar-nos desta cultura da adjetivação.

A Sua Immagine. Não deixeis que estas palavras, por hábito, se tornem “palavras ao vento”, nem que se reduzam a uma frase no ecrã. Preservai a maravilha desta Palavra, para poderdes comunicar. É importante! A mudança de época que vivemos, testemunha-nos realmente a perda, por parte de tantas pessoas, precisamente da consciência de ser filhos de Deus, criados “à sua imagem”. Há necessidade de a reavivar. Pois ali, nesta “imagem”, estão a origem e o fundamento da irredutível dignidade humana; a origem e o fundamento do nosso ser todos irmãos, porque filhos do único Pai, amados e criados “à sua imagem”.

Coerentemente com esta visão, o vosso programa apresenta rostos e histórias de homens e mulheres do nosso tempo. Fá-lo, em particular, dando voz aos mais fracos e aos que sofrem; faz isto, falando daqueles que vivem o Evangelho nas periferias geográficas e existenciais da Itália e do mundo; fá-lo, abrindo “janelas” para situações e lugares que muitas vezes escapam aos radares da opinião pública. Através dos hóspedes e dos filmes testemunhais, domingo após domingo, com delicadeza e sem gritar, muitas experiências de vida e de serviço. Recordais-nos que há jovens capazes de se comprometer e de se dedicar aos outros; mostrais também os dramas da humanidade, mas mediante histórias que nos permitem manter viva a esperança, pois nos deixam vislumbrar a beleza do Evangelho vivido.

Encorajo-vos nisto, encorajo-vos a continuar neste caminho! Há necessidade de “globalizar” a solidariedade, não a indiferença. Hoje a indiferença está tão globalizada! Anunciar o Evangelho significa testemunhar com a nossa vida que existe um Deus de misericórdia que nos espera e nos precede, que nos quis e nos ama. E vós, com o vosso trabalho específico, podeis contribuir muito neste sentido. E, a tal propósito, agradeço a vós e à rai porque contribuís para dar ressonância aos apelos que, depois do Angelus ou do Regina Caeli, dirijo pelos nossos irmãos e irmãs em condições de graves dificuldades. Assim ajudais os telespetadores a não os esquecer, a estar perto deles com a oração, com a ajuda concreta e com o empenho diário.

Caros amigos, agradeço-vos pelo vosso trabalho e pelo modo como o desempenhais. Acompanho-o com a minha bênção, e abençoo todos vós e os vossos entes queridos. E peço-vos, por favor, que oreis por mim!