A viagem do Papa à África — Os encontros de Francisco com os jesuítas
A Igreja não
No número de «La Civiltà Cattolica» de 18 de fevereiro foi publicada, assinada pelo diretor da revista, a reportagem dos dois diálogos do Papa Francisco com os jesuítas da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, que se encontraram respetivamente nos dias 2 e 4 de fevereiro, durante a viagem apostólica em terra africana. Publicamos a seguir, na íntegra, o texto das duas conversas.
A 2 de fevereiro, durante a sua viagem apostólica à República Democrática do Congo, o Papa Francisco encontrou-se com 82 jesuítas que trabalham no país, guiados pelo Provincial, padre Rigobert Kyungu. Entre eles estava também o jesuíta D. Donat Bafuidinsoni, Bispo de Inongo. O encontro teve lugar em Kinshasa, na Nunciatura, às 18h30, depois do regresso do encontro de oração com os sacerdotes, os diáconos, os consagrados, as consagradas e os seminaristas na Catedral “Notre Dame du Congo”. Após uma apresentação da Província feita pelo padre Kyungu, foi deixado espaço aos presentes para fazerem perguntas.
Santo Padre, a Companhia de Jesus recebe a sua missão como Papa. Qual é a missão que dá hoje à Companhia?
Concordo com as preferências apostólicas universais que a Companhia elaborou. Consistem antes de mais em mostrar o caminho rumo a Deus através dos Exercícios espirituais e do discernimento.
A segunda é a missão de reconciliação e justiça, que deve ser feita caminhando com os pobres, os excluídos, aqueles que estão feridos na própria dignidade. E depois os jovens: é necessário acompanhá-los a criar o futuro. Depois, a colaboração no cuidado da casa comum, no espírito da Laudato si’.
Aprovei-as, e agora os jesuítas devem encarná-las em cada realidade local específica nas formas mais adequadas e apropriadas, e não de uma forma teórica e abstrata. Então, deveis aplicá-las aqui no Congo.
É evidente que aqui é forte o tema do conflito, das lutas entre fações. Mas abramos os olhos sobre o mundo: o mundo inteiro está em guerra! A Síria está em guerra há 12 anos, e depois o Iémen, Myanmar com o drama dos Rohingya. Há também tensões e conflitos na América Latina. E depois esta guerra na Ucrânia. O mundo inteiro está em guerra, lembremo-nos disso. Mas pergunto-me: a humanidade terá a coragem, a força ou até a oportunidade de voltar atrás? Vai-se em frente, em frente, em frente rumo ao abismo. Não sei: esta é uma pergunta que me faço a mim mesmo. Lamento dizê-lo, mas sou um pouco pessimista.
Hoje parece realmente que o principal problema seja a produção de armas. Ainda há tanta fome no mundo e continuamos a fabricar armas. É difícil voltar atrás nesta catástrofe. E não falemos das armas atómicas! Eu ainda acredito num trabalho de persuasão. Nós, cristãos, devemos rezar muito: «Senhor, tende piedade de nós».
Hoje, fico impressionado com os relatos da violência. Especialmente impressionado com a crueldade. As notícias vindas das guerras no mundo falam-nos de uma crueldade que é até difícil de imaginar. Não só matam, mas fazem-no com crueldade. Para mim, isto é algo novo. Dá-me que pensar. Também as notícias vindas da Ucrânia nos falam de crueldade. E aqui no Congo ouvimo-lo a partir dos testemunhos diretos das vítimas.
Vossa Santidade tem uma boa relação com o Patriarca Bartolomeu. Como se está a preparar a Igreja para 2025, quando se comemora o 1.700º aniversário do primeiro Concílio de Niceia?
Aproveito a tua pergunta para recordar um grande teólogo ortodoxo que faleceu hoje, Ioannis Zizioulas, que era Metropolita de Pérgamo. Ele veio ao Vaticano para apresentar a minha encíclica Laudato si’. Era um perito em escatologia. Uma vez perguntaram-lhe quando se teria chegado à unidade dos cristãos. Ele respondeu, com realismo saudável e talvez até com uma ironia subtil: «No fim dos tempos!». Recordemo-lo nas nossas orações.
Sim, estamos a preparar um encontro para 2025. Com o patriarca Bartolomeu queremos chegar a um acordo sobre a data da Páscoa, que precisamente naquele ano coincide. Vejamos se conseguimos chegar a um acordo sobre isto para o futuro. E queremos celebrar este Concílio como irmãos. Estamos a preparar-nos. Pensai que Bartolomeu foi o primeiro Patriarca que, depois de tantos séculos, veio à inauguração de um ministério do Papa!
Como jesuíta professo, fez voto de não procurar papéis de autoridade na Igreja. O que o levou a aceitar o episcopado e depois o cardinalato e por fim o papado?
Quando emiti aquele voto, fi-lo a sério. Quando me propuseram ser bispo auxiliar de São Miguel, não o aceitei. Então, foi-me pedido para ser bispo de uma área no norte da Argentina, na província de Corrientes. O núncio, para me encorajar a aceitar, disse-me que havia ali ruínas do passado dos jesuítas. Eu respondi que não queria ser guardião das ruínas, e recusei. Recusei estes dois pedidos por causa do voto que fiz. A terceira vez que o Núncio veio, mas já com a autorização assinada pelo prepósito-geral, padre Kolvenbach, que consentiu que eu deveria aceitar. Como auxiliar de Buenos Aires. Por isso aceitei, num espírito de obediência. Depois fui nomeado arcebispo coadjutor da minha cidade, e em 2001 cardeal. No último conclave, vim com uma pequena mala para regressar imediatamente à diocese, mas tive de ficar. Acredito na singularidade jesuíta sobre este voto, e fiz tudo o que pude para não aceitar o episcopado.
Santo Padre, a bacia do rio Congo, o segundo pulmão verde do planeta depois da bacia do Amazonas, está ameaçada pela desflorestação, poluição e exploração intensiva e ilegal dos recursos naturais. Pensa que será possível realizar um Sínodo sobre esta região como o que foi realizado para a Amazónia?
O Sínodo sobre a Amazónia foi exemplar. Falou-se de quatro «sonhos»: social, cultural, ecológico e eclesial. Aplicam-se também à bacia do Congo: há uma semelhança. O equilíbrio planetário também depende da saúde da Amazónia e do bioma do Congo. Não haverá um Sínodo sobre o Congo, mas seria certamente bom que a Conferência Episcopal se empenhasse sinodalmente a nível local. Com os mesmos critérios, mas para antecipar um discurso mais ligado à realidade do país.
Fala-se da sua possível renúncia. Tenciona realmente abandonar o ministério petrino? E o Geral da Companhia? Na sua opinião, o seu cargo deve ser por toda a vida?
É verdade que escrevi a minha renúncia dois meses após a minha eleição e dei essa carta ao cardeal Bertone. Não sei onde está essa carta. Fi-lo no caso de ter algum problema de saúde que me impedisse de exercer o meu ministério e não estar plenamente consciente o suficiente para me demitir. Contudo, isto não significa de modo algum que os papas demissionários se devam tornar, digamos, uma «moda», uma coisa normal. Bento xvi teve a coragem de o fazer porque não tinha força para continuar devido à sua saúde. Isto não está, no momento, na minha agenda. Creio que o ministério do Papa seja ad vitam. Não vejo razão para que não o deva ser. Pensai que o ministério dos grandes patriarcas é sempre para toda a vida. E a tradição histórica é importante. Se, por outro lado, estivermos a ouvir a “tagarelice”, bem, então deveríamos mudar de Papa de seis em seis meses!
Sobre a Companhia de Jesus: sim, sobre isto eu sou «conservador». Deve ser para toda a vida. Mas, claro, coloca-se a mesma questão que para o Papa. O padre Kolvenbach e o padre Nicolás, os dois últimos gerais, renunciaram por motivos de saúde. Penso que também é importante lembrar que um motivo do generalato por toda a vida na Sociedade é evitar cálculos eleitorais, fações, tagarelices...
O que lhe dá alegria sobre a inculturação congolesa e especialmente sobre o rito congolês? Celebrou duas vezes no Vaticano, neste rito. E a terceira vez foi aqui. Parece que gosta muito. Quero ainda fazer-lhe uma pergunta sobre a imagem da Igreja como hospital. Como nos pode explicar isso?
Eu gosto do rito congolês, porque é uma obra de arte, uma obra-prima litúrgica e poética. Foi feito com sentido eclesial e sentido estético. Não é uma adaptação, mas uma realidade poética e criativa, para ser significativa e adaptada à realidade congolesa. Por isso, sim, eu gosto e dá-me alegria.
A Igreja como um hospital de campo. Para mim, a Igreja tem a vocação do hospital, de serviço para o cuidado, a cura e a vida. Uma das piores coisas da Igreja é o autoritarismo, que é então um espelho da sociedade ferida pela mundanidade e corrupção. E a vocação da Igreja é para as pessoas feridas. Hoje, esta imagem é ainda mais válida, considerando o cenário de guerra que estamos a viver. A Igreja deve ser um hospital que vai onde as pessoas estão feridas. A Igreja não é uma multinacional de espiritualidade. Olhai para os santos! Curai, cuidai das feridas que o mundo está a sofrer! Servi as pessoas! A palavra “servir” é muito inaciana. «Em tudo amar e servir» é o lema inaciano. Quero uma Igreja de serviço.
Quis bispos jesuítas. Entre nós está um jesuíta chamado ao episcopado. O que espera deles?
A escolha de um jesuíta como bispo depende unicamente das necessidades da Igreja. Acredito no nosso voto de que os jesuítas não devem ser bispos, mas se serve o bem da Igreja, então este último bem prevalece. Digo-vos a verdade: quando o geral ou os provinciais sabem que está a ser considerado fazer um bispo jesuíta, intervêm e sabem como “defender” a Companhia. Se, no entanto, for decidido que é necessário, então faz-se. Noutras ocasiões — e estou a pensar num caso específico — se o primeiro da terna for um jesuíta, mas depois há um segundo que pode de qualquer forma ser bom, então é escolhido o segundo da terna. Acredito no voto, mas prevalecem as necessidades da Igreja.
Quais são as suas maiores consolações e desolações?
A maior consolação é quando vejo pessoas simples que acreditam. Isso faz-me bem. A minha consolação é o povo fiel de Deus, pecador, mas crente. A minha desolação, por outro lado, são as elites, os pecadores e os não-crentes. Que os sacerdotes sejam pastores do povo e não monsieur l’abbé, nem sequer «clérigos de Estado».
Em alguns países, existem acordos entre o Estado e a Igreja. Receio que isto possa dar grande poder aos bispos. O que pensa?
Frequentemente isto diz respeito às relações entre o Estado da Cidade do Vaticano e os vários países. O sentido destes acordos é ajudar a Igreja a ir em frente, e certamente não encobrir uma certa mundanidade eclesiástica. Precisamos de segurança para o ensino, ministérios, a pregação livre do Evangelho. Por conseguinte, o objetivo não é proteger outros interesses. O acordo deve ser sobre serviço e não sobre mundanidade.
O encontro concluiu-se com uma foto de grupo e a entrega de alguns presentes ao Santo Padre, que saudou quantos estavam no encontro, um por um.
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Durante a viagem apostólica ao Sudão do Sul, a 4 de fevereiro, por volta das 11h15, o Papa Francisco teve um encontro em Juba com os 11 jesuítas que trabalham no país e o padre Kizito Kiyimba, Superior da Província da África Oriental, que inclui o Sudão, o Sudão do Sul, a Etiópia, o Uganda, o Quénia e a Tanzânia. Francisco tinha acabado de regressar da catedral de Santa Teresa, onde se encontrara com os bispos, os sacerdotes, os diáconos, os consagrados, as consagradas e os seminaristas. O provincial apresentou as atividades da Companhia no país e na Província, e depois cada um dos participantes fez uma breve apresentação de si. Seguiram-se as perguntas.
Santo Padre, a fé move-se em direção ao Sul do mundo. O dinheiro não. Tem algum temor, alguma esperança?
Se não se tiver esperança, pode-se fechar a porta e ir embora! No entanto, o meu medo diz respeito à cultura pagã muito generalizada. Os valores pagãos de hoje contam cada vez mais: dinheiro, reputação, poder. Devemos estar conscientes de que o mundo se move numa cultura pagã que tem os próprios ídolos e deuses. Dinheiro, poder e fama são coisas que Santo Inácio aponta nos seus Exercícios espirituais como pecados fundamentais. A escolha de Santo Inácio de pobreza — a ponto de fazer emitir um voto especial aos professos — é uma escolha contra o paganismo, contra o deus dinheiro. Hoje, a nossa é também uma cultura pagã de guerra, onde conta quantas armas se tem. Todas estas são formas de paganismo.
Mas, por favor, não sejamos tão ingénuos a ponto de pensar que a cultura cristã é a cultura de um partido unido, onde todos unidos fazem força. Mas assim a Igreja torna-se um partido. Não! Em vez disso, a cultura cristã é a capacidade de interpretar, discernir e viver a mensagem cristã, que o nosso paganismo não quer compreender, não quer aceitar. Chegámos ao ponto de, se pensarmos nas exigências da vida cristã na cultura atual, as consideramos como uma forma de extremismo. Temos de aprender a avançar num contexto pagão, que não é muito diferente daquele dos primeiros séculos.
Qual é o seu sonho para a África?
Quando o mundo pensa na África, pensa que, de uma forma ou de outra, deve ser explorada. É um mecanismo coletivo inconsciente: a África deve ser explorada. Não, a África deve crescer. Sim, os países do continente obtiveram a independência, mas a do solo para cima, não sobre as riquezas que estão por baixo. Sobre esta questão, em novembro passado, tive um encontro com estudantes africanos através de videoconferência durante quase uma hora e meia. Fiquei surpreendido com a inteligência destes jovens. Gostei muito do modo de pensar deles. A África precisa de políticos que sejam pessoas assim: bons, inteligentes, que façam crescer os seus países. Políticos que não se deixam enganar pela corrupção, sobretudo. A corrupção política não deixa espaço para o país crescer, destrói-o. Fere o meu coração. Não se pode servir dois senhores; no Evangelho, isto é claro. Ou se serve a Deus ou se serve ao dinheiro. Interessante que ele não diga o diabo, mas o dinheiro. É preciso formar políticos honestos. Essa é também a vossa tarefa.
Qual é o segredo da sua simplicidade?
Eu? simples? Sinto-me demasiado complicado!
Que orientação nos pode oferecer para situações em que uma fé forte colide com uma cultura forte?
Mas o conflito não se encontra no mesmo nível! A cultura e a fé estão em diálogo e devem estar. Claro, pode ser que uma cultura forte não aceite a fé. E esta base do paganismo nunca se extinguiu na história. Mas cuidado: uma forma de paganismo é também o formalismo exterior de ir à missa ao domingo só porque se deve, ou seja, sem alma, sem fé. A cultura forte é uma vantagem se for evangelizada, mas não pode ser reduzida a uma impossibilidade de diálogo com a fé. A este respeito, a Conferência geral do Episcopado latino-americano, realizada em Puebla em 1979, foi importante. Ali foi cunhada a expressão «evangelização da cultura e inculturação da fé». No encontro entre a cultura e a fé, a fé é inculturada. É por isso que aqui em Juba não se pode viver uma fé que seja boa em Paris, por exemplo. É necessário anunciar o Evangelho a cada cultura específica, que tem a própria inadequação e riqueza.
Santo Padre, como reza?
Claramente celebro a missa e recito o ofício. A oração litúrgica diária tem a sua densidade pessoal. Depois, às vezes recito o terço, outras leio o Evangelho e medito sobre ele. Mas depende muito do dia. Para a oração pessoal, eu, como todos os outros, tenho de encontrar a melhor maneira de a viver dia após dia. Em Kinshasa, quando conheci pessoas que foram vítimas da guerra no leste do país, ouvi histórias terríveis de feridos, mutilados, maltratados... Contaram coisas indescritíveis. Depois não consegui rezar com o Cântico dos Cânticos. É preciso rezar imerso na realidade. É por isso que tenho medo de pregadores de oração que fazem orações abstratas, teóricas, que falam, falam, mas com palavras vazias. A oração é sempre encarnada.
Quando será beatificado o Padre Arrupe?
A sua causa está a avançar, porque uma das etapas já foi concluída. Já falei sobre isso com o padre-geral. O maior problema diz respeito aos escritos do padre Arrupe. Ele escreveu muito e é necessário ler tudo. E isto atrasa o processo. E volto à oração. Arrupe era um homem de oração, um homem que lutava com Deus todos os dias, e é daí que vem o seu forte apelo para a promoção da justiça. Vemos isto no seu “testamento”, o discurso que proferiu na Tailândia antes do derrame, quando reiterou a importância da missão com os refugiados.
Como se sentiu quando a viagem ao Sudão do Sul foi cancelada?
Senti-me desanimado. Eu devia fazer a viagem ao Canadá, mas foi-me dito para adiar a viagem à África porque não seria capaz de a fazer por causa do meu joelho. Algumas pessoas maliciosas disseram que eu preferia ir ao Canadá para estar com os ricos, mas não foi o caso. Foi uma viagem para conhecer os Aborígenes abusados. Fui lá para consolar os abusados e para fazer as pazes com os indígenas vítimas do sistema escolar em que a Igreja também estava envolvida. Mas assim que foi possível, vim. Desejava esta viagem! Mas infelizmente não pude ir a Goma — uma etapa que no ano passado estava planeada — por causa da guerra e dos consequentes riscos para o povo.
Como foi recebida na África a Laudato si’?
Bem. A Amazónia e o Congo têm reservas de oxigénio para o mundo. E ambas são áreas exploradas. E a África ainda mais devido aos minerais dos quais é rica. É importante um discurso sobre os cuidados com a criação para ambos os países. Os jesuítas em Kinshasa perguntaram-me se haverá um Sínodo sobre o Congo, como houve para a Amazónia. Respondi que naquele Sínodo e na Exortação pós-sinodal já existem elementos e critérios que também são úteis para o Congo.
O que espera dos Jesuítas aqui no Sudão do Sul?
Que sejam corajosos, que sejam ternos. Não vos esqueçais que Inácio foi um grande da ternura. Ele queria jesuítas que fossem corajosos com ternura. E queria que fossem homens de oração. Coragem, ternura e oração são suficientes para um jesuíta.
Tem uma mensagem especial para os jesuítas da África Oriental?
Que estejam próximos do povo e do Senhor. As atitudes fundamentais do Senhor são a proximidade, a misericórdia e a ternura. A proximidade é clara. Instituições sem proximidade e ternura também trabalham bem, mas são pagãs. Os jesuítas devem ser diferentes.
Pensa em renunciar?
Não, não me passou pela cabeça. Contudo, escrevi uma carta e entreguei-a ao cardeal Bertone. Ela contém a minha renúncia no caso de não estar nas condições de saúde e de consciência para poder demitir-me. Pio xii também escreveu uma carta de renúncia se Hitler o levasse para a Alemanha. Teriam, então, capturado Eugenio Pacelli e não o Papa.
O Papa agradeceu a todos os presentes. O provincial disse que não trouxe uma prenda, mas uma canção. «Mas a prenda sois vós próprios», disse Francisco. Todos se levantaram e, de mãos dadas — incluindo o Papa — elevaram juntos um cântico de oração. Em seguida, Francisco saudou um grupo de leigos que trabalham para o «Jesuit Refugee Service».
Depois de saudar todos, um por um, o Papa comentou: «Bonito. Há vida aqui...».
Antonio Spadaro