Quando as mulheres são mais fortes do que o terramoto

 Quando as mulheres são mais fortes do que o terramoto  POR-007
16 fevereiro 2023

Correr para se salvar ou correr para proteger? No meio das imagens de devastação que nos chegam nestes dias da Turquia e da Síria, destroçadas pelo terramoto de 6 de fevereiro, há também fotografias que falam de gestos capazes de acender uma pequena luz na espessa escuridão desta terrível tragédia. É o caso de um grupo de enfermeiras do hospital da cidade turca de Gaziantep que — quando a terra começou a tremer — não correram para a saída do edifício, mas foram na direção oposta. Para a unidade de cuidados intensivos onde havia bebés nascidos prematuramente. Ali, as enfermeiras ficaram ao lado dos recém-nascidos até ao fim do terramoto, segurando as incubadoras que, balançando violentamente, corriam o risco de cair, esmagando as criancinhas.

Talvez não soubéssemos nada sobre este extraordinário gesto de defesa da vida se não tivesse sido filmado por algumas das câmaras de videovigilância do hospital. Aquelas enfermeiras não sabiam quanto tempo duraria o terramoto, e muito menos quão destrutivo seria. Não sabiam se seriam salvas ao fazer essa escolha. Mas sabiam, com certeza, que se não interviessem, aqueles recém-nascidos correriam o perigo de morrer. E decidiram protegê-los.

Muitas vezes nestes dez anos de Pontificado — e mais recentemente na sua viagem à África — Francisco recordou-nos: as mulheres dão a vida. As mulheres protegem a vida. As mulheres são baluartes de paz, antes de mais porque sabem (sabem-no de forma visceral) que a guerra destrói aquela vida que geraram. Aquelas enfermeiras deram testemunho precisamente desta força, gentil e tenaz, da qual o Papa nos fala. Uma força natural que não procura o poder, mas que se manifesta como dom.

Aquelas crianças salvas naquela noite trágica não eram os seus filhos. No entanto, agora tornaram-se tal, de alguma forma, porque “nasceram uma segunda vez” graças à sua coragem e amor. «Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro», lê-se no Talmud. Aquelas enfermeiras salvaram o mundo inteiro.

Alessandro Gisotti