Ouvir e ajudar com gentileza significa trabalhar pela paz

Ouvir e ajudar as pessoas «com gentileza» representa «um modo concreto de ser pacificador, “artífice” de paz», recordou o Papa Francisco aos dirigentes e funcionários da Inspetoria de segurança pública do Vaticano, recebendo-os em audiência na manhã de 12 de janeiro, na sala Clementina.

Senhor Chefe da Polícia
Senhor Prefeito e Senhor Diretor
Prezados Funcionários e Agentes!

Dou-vos as boas-vindas a este encontro tradicional, em que se trocam os bons votos no início do ano novo. Agradeço calorosamente ao Chefe da Polícia as amáveis palavras e saúdo todos vós, membros da Inspetoria de Segurança Pública do Vaticano. Dirijo o meu pensamento também às vossas famílias, aos colegas que não estão presentes inclusive, com gratidão, aos Capelães que vos acompanham espiritualmente no vosso caminho diário.

Este encontro oferece-me a oportunidade de renovar a cada um de vós a expressão da minha sincera gratidão pelo serviço que prestais, com abnegação e espírito de sacrifício. E penso nos dias quentes, quentes, quentes, e nos dias frios, frios, frios... Compreendeis bem, não é verdade? A vossa presença na Praça de São Pedro e na área adjacente ao Vaticano é extremamente importante para a tutela da ordem pública. Admiro o trabalho que realizais durante os encontros de fiéis e peregrinos, que vêm do mundo inteiro para se encontrar com o Papa, para visitar o túmulo do Apóstolo Pedro e para rezar diante dos túmulos dos seus sucessores, a maioria dos quais estão na Basílica do Vaticano.

Além disso, não posso esquecer o vosso generoso compromisso por ocasião das minhas viagens à cidade de Roma e das visitas pastorais na Itália. Por tudo isto, reitero de coração a minha estima e o meu apreço pela disponibilidade e pelo serviço atento e qualificado. Faço-vos uma confidência: tenho vergonha de vos incomodar tanto, gostaria de sair sozinho... tenho vergonha, mas obrigado, é preciso fazer isto! Embora corresponda aos vossos deveres como funcionários do Estado italiano, este serviço manifesta também as boas relações existentes entre a Itália e a Santa Sé.

Caros amigos, encorajo-vos a perseverar nos ideais e propósitos que inspiram a vossa vida e o vosso comportamento no exercício das delicadas tarefas que vos foram confiadas. Espero que o vosso trabalho, realizado muitas vezes com renúncias e riscos, seja sempre animado pelo desejo de ajudar o próximo e a coletividade. O nascimento do Senhor Jesus, há pouco celebrado, possa manter sempre vivo em vós o sentido cristão da fraternidade e da solidariedade. Convido-vos a redescobrir a beleza e a força sempre novas do Evangelho, e a torná-lo incisivo na vossa consciência e vida, testemunhando corajosamente o amor de Deus em todos os ambientes, inclusive no do trabalho. A força do Evangelho! Para compreender o Evangelho, é preciso lê-lo. Permito-me dar-vos um conselho: tende um pequeno Evangelho, pequenino, de bolso. Levai-o no bolso, na bolsa, e depois quando estiverdes aqui, ali, e tiverdes um pouco de tempo, lede-o um pouco. Todos os dias, um contacto com o Evangelho! Se o tiverdes convosco, será mais fácil. E isto semeia coisas boas na alma, enchendo-a lentamente com as palavras de Jesus. Este é um conselho, vereis!

Na Mensagem por ocasião do recente Dia Mundial da Paz frisei que, até quando os acontecimentos da nossa existência e da história estão infelizmente cheios de dificuldades e às vezes são dramáticos, «somos chamados a manter o coração aberto à esperança, confiantes em Deus que se faz presente, que nos acompanha com ternura, que nos ampara no cansaço e, sobretudo, orienta o nosso caminho» (n. 1). Até o vosso serviço pode ser sinal da proximidade de Deus aos irmãos e irmãs que encontrais todos os dias e que esperam de vós um gesto de gentileza e acolhimento. Este é um modo concreto de ser pacificador, “artífice” de paz. Receber as pessoas, ouvir as pessoas, ajudar as pessoas com gentileza. E como são necessárias hoje pessoas que trabalhem pela paz, não com palavras bonitas, mas com ações, cumprindo com atenção o seu dever ao serviço do bem comum!

Com estes propósitos, desejo dirigir os meus bons votos de ano novo a cada um de vós e aos vossos familiares. Confio todos vós à proteção materna da Santíssima Virgem e de São Miguel Arcanjo, a fim de que intercedam junto do Senhor e vos obtenham prosperidade e concórdia, e vos amparem de todos os perigos. Que vos acompanhe sempre a minha Bênção, que concedo de coração a cada um de vós e às vossas famílias. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!