Viktoria e o filho Lev na maratona de Florença com Athletica Vaticana

A mãe que corre
pela Ucrânia

 A mãe que corre pela Ucrânia  POR-048
01 dezembro 2022

Arelançar imediatamente — nos dias 26 e 27 de novembro, no meio da beleza do humanismo de Florença — com Athletica Vaticana a força das palavras de paz pela Ucrânia, escritas pelo Papa Francisco na Carta nove meses depois do início da guerra, estava também Viktoria Gudyma, a mãe maratonista ucraniana, que escapou de Kyiv sob as bombas, com o filho Lev de 11 anos.

Apoiada pelos “atletas do Papa” — que já a tinham acolhido em março para a maratona de Roma — Viktoria, 31 anos, correu no domingo os 42,195km em Florença, precisamente «pela paz na Ucrânia».

Na tarde de 26 de novembro participou na missa do maratonista, na basílica de Santa Maria “Novella”. Athletica Vaticana organizou a celebração, presidida pelo assistente espiritual, monsenhor Andrea Palmieri. E como já na missa do maratonista celebrada a 26 de março em Roma (presidida pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as relações com os Estados e as Organizações internacionais), Viktoria leu a intenção de oração pela paz em todos os pontos quentes do planeta e, em particular, na sua Ucrânia. Sim, a fim de que também a experiência desportiva contribua concretamente para a construção de novas relações de fraternidade.

No final da celebração foi concedida a bênção aos atletas e teve lugar a recitação da Oração do maratonista, traduzida em 37 línguas: inclusive em ucraniano e russo.

«Precisamente a 26 de novembro o meu povo ucraniano recorda o aniversário do genocídio do Holodomor, o extermínio por fome provocado de 1932 a 1933 por Stalin», disse Viktoria. «Também o Papa Francisco, que tive a alegria de conhecer em 30 de março passado e ao qual agradeço de coração os seus contínuos apelos a favor da paz, convidou a rezar pelas vítimas do genocídio e inclusive pelos numerosos ucranianos — crianças, mulheres, idosos — que hoje padecem o martírio da agressão».

Viktoria fugiu da sua Kyiv com o filho, «depois das primeiras noites de guerra, passadas na estação central do metro, para se proteger das bombas», disse. «Em primeiro lugar sou mãe e pensei em salvar o meu filho: peguei no carro e guiei por 20 horas sem parar rumo ao ocidente. Perdemos tudo, mas estamos vivos!». Primeiro uma pausa nos Cárpatos, depois em Varsóvia e agora na Grã-Bretanha, onde Viktoria continua a trabalhar para uma empresa de videojogos. Ela fala muito bem italiano porque, explicou, «sou apaixonada pela cultura e beleza, e também a maratona é cultura e beleza».

Com Athletica Vaticana acendeu-se imediatamente a centelha da amizade: «Não nos conhecíamos, mas receberam-nos em Roma como uma família e agora, em Florença, abraçamo-nos de novo».

Viktoria tem um “personal best” na maratona de 3h13’46”, obtido em Chicago. Mas no domingo em Florença ela não olhou para o cronómetro: «Correr a maratona pela paz — desde o início da guerra estive em Roma, Boston, Helsinki e agora Florença — significa afirmar que o caminho é longo e cansativo, há sofrimento, mas no final chega-se à meta. A maratona é resistência e perseverança. E esta metáfora impele-me a correr e a rezar para que os sofrimentos do meu povo acabem e finalmente volte a vida».

giampaolo mattei