O Papa no Coliseu para o encontro internacional de oração pela paz
O apelo de Roma

Um imediato
cessar-fogo universal

portoghese.jpg
27 outubro 2022

Publicamos o texto do apelo de Roma, assinado pelo Papa Francisco e pelos líderes cristãos e das religiões mundiais que participaram no Encontro internacional de oração pela paz, que teve lugar no Coliseu no final da tarde de 25 de outubro, por iniciativa da Comunidade de Santo Egídio.

Reunidos em Roma no espírito de Assis, rezamos pela paz, segundo as várias tradições, mas concordes. Agora nós, representantes das Igrejas cristãs e das Religiões mundiais, dirijamo-nos preocupados ao mundo e aos responsáveis dos Estados. Façamo-nos voz de quantos sofrem devido à guerra, dos refugiados e das famílias de todas as vítimas e dos que morreram.

Com firme convicção, digamos: não à guerra! Acabemos com todos os conflitos. A guerra só traz morte e destruição, é uma aventura sem retorno, na qual somos todos perdedores. Silenciem as armas, declare-se imediatamente um cessar-fogo universal. Antes que seja demasiado tarde, ativem-se depressa negociações capazes de levar a soluções justas para uma paz estável e duradoura.

Que se retome o diálogo para anular a ameaça das armas nucleares.

Depois dos horrores e das dores da segunda guerra mundial, as Nações conseguiram cicatrizar as profundas lacerações do conflito e, através de um diálogo multilateral, fazer nascer a Organização das nações unidas, fruto de uma aspiração que, hoje mais do que nunca, é uma necessidade: a paz! Agora não se deve perder a memória da tragédia que é a guerra, geradora de morte e de pobreza.

Estamos perante uma encruzilhada: ser a geração que deixa morrer o planeta e a humanidade, que acumula e comercializa armas, na ilusão de nos salvarmos sozinhos contra os outros, ou a geração que cria novos estilos de vida em conjunto, não investe em armas, revoga a guerra como instrumento de resolução dos conflitos e impede a exploração anormal dos recursos do planeta.

Nós, crentes, devemos trabalhar pela paz de todas as maneiras possíveis. Temos o dever de ajudar a desarmar os corações e de exortar à reconciliação entre os povos. Infelizmente, até entre nós, às vezes dividimo-nos, abusando do santo nome de Deus: peçamos perdão, com humildade e vergonha. As religiões são, e devem continuar a ser, um grande recurso de paz. A paz é santa, a guerra nunca o pode ser!

A humanidade deve pôr fim às guerras, ou será uma guerra a pôr fim à humanidade. O mundo, nossa casa comum, é único e não pertence a nós, mas às gerações vindouras. Portanto, libertemo-lo do pesadelo nuclear. Voltemos a abrir imediatamente um diálogo sério sobre a não-proliferação nuclear e o desmantelamento das armas atómicas.

Recomecemos juntos a partir do diálogo, que é um remédio eficaz para a reconciliação dos povos. Invistamos em todas as vias de diálogo. A paz é sempre possível! Nunca mais a guerra! Nunca mais uns contra os outros!