No Brasil a beatificação de Benigna Cardoso da Silva

Heroína da castidade com apenas treze anos de idade

 Heroína da castidade com apenas treze anos de idade  POR-043
27 outubro 2022

É considerada uma “heroína da castidade”, pela forma como foi assassinada, resistindo firmemente ao assédio sexual de Raul Alves, um rapaz de 17 anos. Era 24 de outubro de 1941, quando encontrou a morte com apenas 13 anos. Exatamente 81 anos depois, Benigna Cardoso da Silva, mais conhecida como Menina Benigna, foi beatificada no Parque de exposições Pedro Felício Cavalcanti, em Crato. O rito foi presidido pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, em representação do Papa Francisco. É a primeira beata do Ceará.

As informações biográficas são escassas. Benigna nasceu a 15 de outubro de 1928, no Sítio Oitis, Inhumas, Santana do Cariri, Ceará. Era a mais nova dos quatro filhos de Teresa Maria da Silva e José Cardoso da Silva. Muito cedo houve grandes lutos na família: Benigna não conheceu o pai, falecido antes do seu nascimento, e tinha apenas um ano quando também a mãe faleceu. Ela e os seus irmãos foram adotados pelas irmãs Rosa e Honorina Sisnando Leite, proprietárias de uma fazenda. As duas senhoras asseguraram-se que Benigna frequentasse a escola e fosse à missa.

Segundo testemunhas da época, era uma estudante devota e participava assiduamente nas celebrações na igreja de Santana do Cariri. Passou a vida entre as tarefas domésticas e a ajuda às duas senhoras idosas que a tinham adotado.

Benigna começou a ser assediada por Raul Alves Ribeiro, um jovem de 17 anos que vivia no Sítio Oitis. Rejeitava as suas seduções, mas quando a situação se complicou foi ter com o pároco, padre Cristiano Coelho Rodrigues, que a aconselhou a resistir com firmeza e lhe deu um livro ilustrado sobre histórias bíblicas.

Mas o jovem insistia de modo cada vez mais violento. Após várias tentativas, a 24 de outubro de 1941, quando soube que Benigna ia buscar água a um bebedouro perto da sua casa, esperou por ela escondido na vegetação. Surpreendeu-a e tentou agarrá-la. Ela resistiu e ele, cheio de ira, atingiu-a mortalmente com vários golpes de facão.

Dando-se conta da sua ação, Raul fugiu. O cadáver foi encontrado pelo irmão Cireneu, que tinha ido à sua procura. Após a autópsia, os restos mortais foram enterrados na manhã do dia seguinte no cemitério público de São Miguel. A polícia fez uma investigação que inicialmente levou à detenção de vários suspeitos, incluindo o irmão Cireneu. Mas o verdadeiro assassino foi finalmente encontrado e preso num centro de detenção juvenil em Fortaleza, onde cumpriu a pena. Cinquenta anos mais tarde, voltou ao local do crime e declarou o seu arrependimento.

O assassinato causou grande alvoroço na comunidade local, quer pela motivação quer pela crueldade. O lugar onde foi morta e o túmulo de Benigna tornaram-se depressa meta de peregrinação, graças ao padre Coelho Rodrigues que promoveu o conhecimento desta pequena mártir.