Reunidos como «única Igreja universal a caminho»: o Papa Francisco «deseja uma Igreja sinodal deste tipo», frisou o cardeal Kevin Farrell, falando a 17 de outubro no encontro internacional preparatório da Jmj de 2023 em Lisboa. Promovido pelo comité organizador local, em colaboração com o Departamento juvenil do Dicastério para os leigos, a família e a vida, o encontro realizou-se até ao dia 19 de outubro, em Fátima. Participaram cerca de 300 delegados de 100 países e representantes de Conferências episcopais, movimentos e associações.
Falando durante a sessão inaugural, o prefeito do Dicastério recordou que na exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit o Pontífice «elabora uma pastoral juvenil sinodal» que é um «maravilhoso poliedro» (n. 207). Nela, os próprios jovens são os «protagonistas da mudança» (n. 174). A este propósito, o cardeal convidou os participantes a «deixarem que os próprios jovens sejam os protagonistas». Com efeito, eles «terão grandes ideias criativas sobre como dar forma à peregrinação da Jmj». Uma boa ocasião de preparação, acrescentou ele, pode ser a Jornada mundial da juventude diocesana, que o Papa Francisco decidiu celebrar na festa de Cristo Rei: a propósito, o Dicastério deu algumas indicações na publicação Orientações pastorais para a celebração da Jornada mundial da juventude nas Igrejas particulares.
Segundo Farrell, o princípio da sinodalidade também tem «relevância direta para o nosso encontro aqui em Fátima». Porque se os esforços mais relevantes na perspetiva da Jmj são os do Patriarcado de Lisboa e do Comité organizador, isto não significa que «todos os outros» estejam destinados a ser meros «consumidores de uma oferta». Esta «não seria uma Igreja sinodal»; ao contrário, salientou, «somos todos co-organizadores da próxima Jornada mundial da juventude. Somos corresponsáveis».
O cardeal salientou que «sendo o maior evento juvenil do mundo», a Jmj requer «grandes esforços organizativos e logísticos». No entanto, «os seus frutos estão a outro nível». Muitas vezes estão escondidos e são pequenos: «há a escuta silenciosa da chamada de Cristo ao serviço sacerdotal e à vida consagrada, há os primeiros vislumbres ternos de um futuro matrimónio, e há os apelos dos necessitados e da criação que levam os jovens a erguer-se e a agir». Todos estes são movimentos que «vêm de Cristo». O seu amor move os jovens «como moveu Maria às colinas da Judeia para visitar a sua prima Isabel». A este propósito, Farrell citou as palavras do Papa Francisco, na sua mensagem para a 37ª Jmj, quando recordou as visitas da Mãe de Deus ao seu povo. Foi precisamente de Fátima que a Virgem «enviou a todas as gerações a poderosa e admirável mensagem do amor de Deus que chama à conversão, à verdadeira liberdade». Eis o convite a formar «uma forte comunidade de oração neste lugar especial».
O encontro, primeiro na presença dos delegados da pastoral juvenil depois da Jmj no Panamá — devido à pandemia, de facto, a última reunião tinha sido realizada online em novembro de 2020 — contou com a presença do cardeal Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, do arcebispo Ivo Scapolo, entre outros, núncio apostólico, de D. José Ornelas Carvalho, presidente da Conferência episcopal portuguesa, de D. Américo Aguiar, auxiliar de Lisboa e coordenador-geral da Jmj, membros da comissão organizadora e de Augusto Santos Silva, presidente do parlamento de Portugal.