Uma novidade para o Sínodo

Para favorecer a participação

20 outubro 2022

Ocaminho começou. Não sem esforço, mas já teve início. O sonho é transformar a vida comum da Igreja graças à participação e ao envolvimento de todos, para renovar o seu rosto e tornar as comunidades cristãs cada vez mais fiéis ao Evangelho e, portanto, cada vez mais missionárias.

O anúncio de Francisco feito no Angelus, que a próxima Assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos se realizará em duas sessões à distância de um ano uma da outra, em outubro de 2023 e em outubro de 2024, indica que o Papa tem a peito este sonho que, pouco a pouco, se torna realidade. É preciso valorizar as numerosas contribuições que chegaram e chegarão das Assembleias continentais, para que cada batizado se sinta chamado a percorrer este caminho em comunhão com os seus pastores. Há necessidade de não desperdiçar esta grande oportunidade, evitando a aplicação de velhos esquemas e antigas agendas — a “retrocedista” ou a progressista — que dão sempre por certo e garantido o ponto de partida, a fé do povo de Deus, acabando por se concentrar unicamente em temas individuais, para batalhas ideológicas de retaguarda e autorreferenciais.

A 11 de outubro passado, na homilia para o 60º aniversário do início do Concílio ecuménico Vaticano ii , Francisco disse: «Antes de mais, a Igreja deve ser vista do alto, com os olhos apaixonados de Deus. Perguntemo-nos se, na Igreja, partimos de Deus, do seu olhar apaixonado por nós. Existe sempre a tentação de partir do eu, antes que de Deus, colocar as nossas agendas antes do Evangelho, deixar-nos levar pelo vento da mundanidade para seguir as modas do tempo ou rejeitar o tempo que a Providência nos dá e voltar-nos para trás».

Partir do olhar apaixonado de Deus, e da alegria que brota do sentir-se amado, acolhido e acompanhado por Ele, é também a chave para compreender o Sínodo. A Igreja existe para anunciar o Evangelho: as suas estruturas, sempre sujeitas a reformas, existem unicamente para isto.

O anúncio do Papa Francisco no Angelus diz-nos que a sinodalidade na Igreja é um processo, não maquillage, ou seja, um ajustamento apressado de alguma estrutura eclesial, para que na realidade nada mude. Prolongar o tempo da Assembleia ordinária do Sínodo, levando-o de um a dois anos, significa afinal considerar o método mais importante do que os temas individuais até agora evidenciados, que também serão abordados. O processo de participação, encetado em 2021 pelas Igrejas locais, levou 112 (de 114) Conferências episcopais a realizar um discernimento em relação àquilo que sobressaiu da escuta do povo de Deus. Trata-se de um início no sinal da esperança.

Andrea Tornielli