Apresentado o evento “Economy of Francesco” que terá lugar em Assis de 22 a 24 de setembro

Os jovens protagonistas da renovação

 Os jovens protagonistas da renovação  POR-037
15 setembro 2022

A “Economy of Francesco”, nascida há quase quatro anos de uma intuição do Papa — que este ano tem lugar em Assis de 22 a 24 de setembro — é uma iniciativa na qual os jovens são protagonistas. Recordou D. Domenico Sorrentino, arcebispo-bispo de Assis — Nocera Umbra — Gualdo Tadino e de Foligno, durante a apresentação do encontro feita na Sala de imprensa da Santa Sé a 6 de setembro.

A consciência da qual teve origem a “Economy of Francesco” é que hoje «a economia mundial precisa de renovação». A esta exigência tentaram responder «quer o pensamento económico dominante quer o pensamento económico alternativo». E o Papa perguntou-se: «por que não tentar com os jovens? Eles têm o talento do entusiasmo, da criatividade, do futuro».

D. Sorrentino — que é também presidente do comité organizador — repercorreu as etapas que levaram à organização do evento. Em particular, recordou que em 1 de maio de 2019, o Pontífice escreveu uma carta aos jovens economistas, empresários e empresárias de todo o mundo, convidando-os a fazer um «pacto» — entre eles e com ele — «para mudar a economia atual e dar uma alma à economia de amanhã». Para este ambicioso objetivo, salientou o prelado, o Pontífice escolheu «um ícone que durante oito séculos nunca deixa de inspirar e surpreender: São Francisco». E agendou o encontro com os jovens na cidade do santo, «quase para se inspirarem diretamente na paisagem por ele marcada há oito séculos».

A propósito, o Papa recordava que o santo se despojou dos seus bens para «ser todo de Deus e dos pobres». Aquele gesto não foi, «contrariamente a quanto poderia parecer à primeira vista, um “não” à economia», mas uma espécie de «refundação» da mesma. Por isso Francisco fala de uma «nova visão da economia que continua atualíssima».

O segundo ponto de referência é o pensamento do Papa, que é essencialmente «o pensamento social da Igreja com os acentos que o atual Pontífice lhe deu», especialmente nalguns documentos como Evangelii gaudium, Laudato si’ e Fratelli tutti. A “Economy of Francesco” então não é «uma espécie de brain storming juvenil sem rumo, mas um percurso desafiador, certamente criativo e esperançosamente genial, mas dentro do quadro de alguns valores precisos». Um deles, fundamental, é a custódia da criação.

D. Sorrentino recordou que a data inicial do evento estava fixada para 26-28 de março de 2020. Depois, devido à emergência sanitária, houve um adiamento que se tornou «providencial» pois o que aconteceu nos últimos anos, «desde a pandemia ao atual cenário marcado pela guerra na Ucrânia e pela crise energética, deu ao panorama da economia mundial elementos que a tornam ainda mais problemática e necessitada de renovação». Na iniciativa foram envolvidos o Instituto Seráfico de Assis e, no início, também o município da cidade da Úmbria, com uma série de parceiros: as famílias franciscanas, o santuário da Espoliação, a Pro-Civitate Cristiana, com a valiosa colaboração do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, cuja secretária, irmã Alessandra Smerilli, falou a seguir ao arcebispo.

A religiosa — que é também delegada para a Comissão Covid-19 do Vaticano e membro do Comité científico da “Economy of Francesco” — salientou que, após tanta espera e tanto trabalho à distância, é uma grande alegria ver finalmente reunidos em Assis «os jovens economistas e empresários que querem empenhar-se num pacto para mudar a economia atual, dar uma alma à economia do futuro». Trata-se de «um processo que já está em curso, um conjunto de iniciativas, uma rede mundial de jovens, que verá um momento público em Assis, e de lá partirá para continuar na vida quotidiana».

Depois dela, a guatemalteca Lourdes Hércules, jornalista e membro do staff da “Economy of Francesco”, ilustrou em detalhes o programa do encontro — que terá o momento central com a participação do Pontífice nos trabalhos no sábado 24 de setembro — enfatizando entre outras coisas «a sustentabilidade do evento». Porque, disse, «a profecia económica deve também ser uma profecia ecológica: as duas dimensões são inseparáveis». Foram planeadas e implementadas ações para a salvaguarda da criação, como instalações sustentáveis e redução de materiais plásticos de utilização única; utilização de materiais biodegradáveis e compostáveis; para a restauração, utilização de matérias-primas e produtos provenientes de bens confiscados ao crime organizado e a quilómetro zero; aumento da recolha de lixo diferenciado; diário e kit sustentável; cálculo do impacto e atividades de neutralização e/ou compensação.

A brasileira Tainã Santana, estudante de economia, explicou depois que ao longo destes três anos, a “Economy of Francesco” desenvolveu-se em 12 “aldeias”. Trata-se de outras tantas grandes áreas temáticas que representam as sessões de trabalho dos membros da comunidade sobre os grandes temas da economia de hoje e de amanhã.

Estes 12 âmbitos, disse, tomaram a forma de “aldeias” porque «são e serão sempre pessoas que, encontrando-se podem dar uma alma a todos os aspetos da vida, e a economia não é uma exceção». As aldeias são frequentemente «encruzilhadas de estradas e caminhos, lugares de encontro entre pessoas e culturas diferentes. E também, claro, espaços de diálogo e confronto, de perguntas e perspetivas, de reflexões e propostas».

A filipina Aiza Asi, doutoranda em economia e gestão, ofereceu uma espécie de “fotografia” dos mil participantes: 3% da América do Norte e da Oceânia, 8% da Ásia, 10% da África, 31% da América Latina, e o restante de países europeus. Em termos de contexto, os participantes pertencem a três grandes categorias: empresas, pesquisa e changemakers. De facto, 30% provêm do mundo empresarial: são, portanto, empresários, managers e jovens envolvidos em atividades de start-up ou também com projetos definidos e em fase de desenvolvimento. Outros 30% estão comprometidos na pesquisa: são estudantes de mestrado e doutoramento e académicos em economia e outras disciplinas relacionadas. Os demais (40%) são changemakers, ou seja, «promotores de atividades ao serviço do bem comum e de uma economia justa, sustentável e inclusiva nas respetivas comunidades. São aqueles que empreendem ações criativas para resolver os problemas económicos».

Por fim, Giulia Gioeli, doutoranda em ciências da economia civil, explicou que a alma académica da “Economy of Francesco” é das mais importantes. De facto, um dos primeiros projetos que surgiram graças a esta presença é a eof Academy, uma rede internacional de jovens estudantes criada com o objetivo de conduzir e promover a pesquisa científica sobre os temas em exame. Trata-se de 20 pessoas de mais de 15 países do mundo, envolvidas na organização projetual do evento e protagonistas do programa.