Francisco relançou a sua visão de desporto indicando duas campeãs de hóquei

Sarah, Marie-Philip e o sentido de “fazer grupo”

 Sarah, Marie-Philip e o sentido de “fazer grupo”  POR-031
02 agosto 2022

A sensibilidade e a visão do Papa Francisco em relação ao desporto é um dos pontos altos do seu serviço no pontificado. A tal ponto que incluiu a palavra “desporto” na constituição apostólica Praedicate evangelium (confiando o seu cuidado ao Dicastério para a cultura e a educação — artigo 154) e que promoveu o clube polidesportivo oficial Athletica Vaticana.

Com este estilo de dignidade cultural para o desporto como autêntica experiência humana, a 29 de julho em Iqaluit o Papa falou também de hóquei: sabe bem que no Canadá os jogos no gelo são mais do que um desporto, porque unem povos e gerações. São cultura, linguagem comum, ponto de encontro, oportunidade de diálogo. E indicou duas jogadoras de hóquei muito populares — Sarah Nurse e Marie-Philip Poulin — porque sabem “fazer grupo”, para estar presentes quando realmente é necessário. Francisco não propôs “apenas” uma análise técnica, pois até para as campeãs o desporto tem a ver com relações, solidariedade, inclusão, respeito, fraternidade, para que ninguém fique sozinho. “Fazer grupo”, caso contrário perde-se: Nurse e Poulin recordam-no concretamente.

Aos jovens de Moçambique, a 5 de setembro de 2019, Francisco tinha proposto, em particular, a história de Maria Mutola, a mulher mais famosa do país, capaz de vencer os 800 metros nas Olimpíadas, superando lesões e quedas, e hoje na vanguarda, oferecendo uma oportunidade às crianças mais frágeis.

Também Sarah Nurse e Marie-Philip Poulin — significativamente duas mulheres — não marcam “apenas” golos no gelo ardente do hóquei. Poulin, 31 anos, desde junho ocupa-se da formação de futuros campeões, não só técnica mas também culturalmente porque, diz, «quero ser recordada pelo meu trabalho ético e pelo espaço que sempre dei a outras pessoas». Não apenas pelos títulos, embora ninguém tenha vencido mais medalhas olímpicas e mundiais do que a “capitã”. Nem sequer entre os homens. Ninguém marcou mais golos nem fez passagens mais decisivas nas finais. Talvez um dia as estatísticas a coloquem precisamente ao lado de Sarah Nurse, quatro anos mais nova, que aos numerosos golos e passagens acrescenta uma campanha na linha da frente, para que se elimine todo o tipo de racismo.