A paz é «o dom que o mundo espera». Por isso o Papa Francisco — depois do Regina Caeli recitado no domingo 29 de maio com os fiéis reunidos na praça de São Pedro — renovou o convite a unir-se a ele na recitação do Rosário que terá lugar na tarde de 31, na basílica de Santa Maria Maior, no final do mês mariano. Precedentemente, o Pontífice recordou a solenidade da Ascensão, comentando o trecho evangélico de Lucas, que narra a última aparição de Jesus aos discípulos.
Estimados irmãos e irmãs
bom dia!
Hoje na Itália e em muitos países, celebra-se a Ascensão do Senhor, ou seja, o seu regresso ao Pai. Na Liturgia, o Evangelho segundo Lucas narra a última aparição do Senhor Ressuscitado aos discípulos (cf. 24, 46-53). A vida terrena de Jesus culmina precisamente com a Ascensão, que também professamos no Credo: «E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai». O que significa este evento? Como devemos entendê-lo? Para responder a esta pergunta, detenhamo-nos em duas ações que Jesus realiza antes de subir ao céu: primeiro anuncia o dom do Espírito e depois abençoa os discípulos. Anuncia o dom do Espírito e abençoa.
Em primeiro lugar, Jesus diz aos seus amigos: «Mandar-vos-ei o Prometido do meu Pai» (v. 49). Ele fala do Espírito Santo, o Consolador, Aquele que os acompanhará, guiará, apoiará na missão, defenderá nas batalhas espirituais. Então compreendemos algo importante: Jesus não abandona os discípulos. Ele sobe ao céu, mas não nos deixa sozinhos. Aliás, precisamente ao ascender para o Pai Ele garante a efusão do Espírito Santo, do seu Espírito. Noutra ocasião, Ele disse: «Convém a vós que Eu vá! Porque, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós» (Jo 16, 7), ou seja, o Espírito. Também nisto se pode ver o amor de Jesus: a sua é uma presença que não quer limitar a nossa liberdade. Pelo contrário, dá-nos espaço, porque o verdadeiro amor gera sempre uma proximidade que não esmaga, não é possessivo, é próximo mas não possessivo; pelo contrário, o verdadeiro amor torna-nos protagonistas. E assim Cristo assegura: “Volto para o Pai, e vós sereis revestidos do poder do alto: enviar-vos-ei o meu próprio Espírito, e pelo seu poder continuareis a minha obra no mundo” (cf. Lc 24, 49). Assim, subindo ao céu Jesus, em vez de permanecer perto de alguns com o seu corpo, faz-se próximo de todos com o seu Espírito. O Espírito Santo torna Jesus presente em nós, além das barreiras do tempo e do espaço, para nos fazer suas testemunhas no mundo.
Imediatamente depois — é a segunda ação — Cristo levanta as mãos e abençoa os apóstolos (cf. v. 50). É um gesto sacerdotal. Deus, desde a época de Aarão, tinha confiado aos sacerdotes a tarefa de abençoar o povo (cf. Nm 6, 26). O Evangelho quer dizer-nos que Jesus é o grande sacerdote da nossa vida. Jesus volta para o Pai a fim de interceder por nós, de lhe apresentar a nossa humanidade. Assim, diante dos olhos do Pai, há e sempre haverá, com a humanidade de Jesus, as nossas vidas, as nossas esperanças, as nossas feridas. Assim, enquanto Ele faz o seu “êxodo” para o Céu, Cristo “abre o caminho” para nós, vai preparar-nos um lugar e, desde então, intercede por nós, para que sejamos sempre acompanhados e abençoados pelo Pai.
Irmãos e irmãs, pensemos hoje no dom do Espírito que recebemos de Jesus para sermos testemunhas do Evangelho. Perguntemo-nos se realmente o somos; e também se somos capazes de amar os outros, deixando-os livres e abrindo-lhes espaço. E depois: sabemos ser intercessores pelos outros, ou seja, sabemos rezar por eles e abençoar a sua vida? Ou servimos os outros para os próprios interesses? Aprendamos isto: oração de intercessão, interceder pelas esperanças e sofrimentos do mundo, intercedendo pela paz. E abençoemos com o olhar e com as palavras aqueles que encontramos todos os dias!
Agora oremos a Nossa Senhora, a bendita entre as mulheres que, cheia do Espírito Santo, reza e intercede sempre por nós.
No final do Regina Caeli, o Papa recordou a beatificação do padre Luigi Lenzini, celebrada no dia anterior em Modena. Depois, falou sobre o Dia mundial das comunicações sociais e do Dia nacional do alívio, antes de convidar os fiéis a recitar o Rosário pela paz.
Ontem, em Modena, foi beatificado o padre Luigi Lenzini, mártir da fé. Foi assassinado em 1945 porque era culpado de indicar os valores cristãos como via mestra da vida, no clima de ódio e conflito daquela época. Que este sacerdote, pastor segundo o coração de Cristo e mensageiro da verdade e da justiça, nos ajude do Céu a dar testemunho do Evangelho com caridade e franqueza. Aplaudamos o novo Beato!
Hoje celebra-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais, sobre o tema Escutar com o ouvido do coração. Saber ouvir, além de ser o primeiro gesto de caridade, é também o primeiro ingrediente indispensável do diálogo e da boa comunicação. Saber ouvir, deixar que os outros digam tudo, não cortar ao meio, saber escutar com os ouvidos e com o coração. Desejo que todos cresçam nesta capacidade de ouvir com o coração.
Hoje, na Itália, é o Dia Nacional do Alívio. Recordemos que «o doente é sempre mais importante do que a sua doença» e que «mesmo quando não se pode curar, é sempre possível tratar, consolar e fazer sentir à pessoa uma proximidade» (Mensagem para o Dia Mundial do Doente, 2022).
Depois de amanhã, último dia do mês de maio, festa litúrgica da Visitação de Maria Santíssima, às 18 horas, na Basílica de Santa Maria Maior, recitaremos o Rosário pela paz, em ligação com numerosos Santuários em muitos países. Convido os fiéis, as famílias e as comunidades a unir-se a esta invocação, para obtermos de Deus, por intercessão da Rainha da Paz, o dom que o mundo espera.
Saúdo todos vós, romanos e peregrinos. Em particular, saúdo os fiéis que vieram da Holanda, Espanha e Austrália. Saúdo a paróquia de São Roberto Bellarmino em Roma, que conclui o Ano Jubilar do quarto centenário da morte de São Roberto Bellarmino. Saúdo os polacos — são sempre tantos! — com uma bênção para aqueles que na pátria participam na grande peregrinação ao Santuário Mariano de Piekary Śląskie. Saúdo os alunos da escola de San Vincenzo de Olbia e as crianças da Crisma de Luras.
Depois de saudar os peregrinos na praça, o Pontífice anunciou a decisão de criar vinte e um cardeais durante o Consistório de 27 de agosto (anúncio que publicamos na primeira página), e despediu-se dos fiéis com estas palavras.
Rezemos pelos novos Cardeais para que, confirmando a sua adesão a Cristo, me ajudem no meu ministério como Bispo de Roma para o bem de todo o Santo Povo fiel de Deus.
Desejo-vos bom domingo! Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!