Encontro com a comunidade de Milão “La Zolla” antes da audiência geral na basílica de São Pedro

A escola seja partilha e acolhimento

 A escola seja partilha e acolhimento  POR-012
22 março 2022

O Papa Francisco rezou pela paz na Ucrânia com os alunos da escola milanesa “La Zolla” durante o encontro realizado na basílica de São Pedro antes da audiência geral.

Queridos estudantes do Instituto
“La Zolla”!

Tenho o prazer de vos dar as boas-vindas e dirijo uma saudação cordial aos vossos pais e professores, aos vossos avós: há muitos avós aqui. É muito importante para vós, jovens e crianças, falar com os avós: é muito importante falar com os avós. A vossa escola de inspiração cristã é uma realidade preciosa para a região de Milão e oferece um valioso serviço educativo em colaboração com as famílias. É importante construir uma comunidade educativa na qual, com os professores, os pais possam ser protagonistas do crescimento cultural dos seus filhos. E este é o pacto educativo, o diálogo entre pais e professores. Há sempre um diálogo, para o bem dos jovens e das crianças. Este pacto educativo, que foi interrompido tantas vezes, deve ser sempre mantido. Diálogo e também trabalho conjunto, tal como fazeis vós, pais e professores. É importante construir uma comunidade educativa, isto é muito importante.

E a vós, meninos e meninas, gostaria de dizer duas palavras que me vêm do coração: partilha e acolhimento. Partilhar e acolher, digamos juntos: “partilhar e acolher”. Só os meninos e as meninas, os adultos não! Dizei-o: partilha e acolhimento, todos! [repetem: “partilha e acolhimento!”]. Pois então, aprendei bem isto. Partilha: não vos canseis de amadurecer com as pessoas à vossa volta: companheiros de escola, pais, avós, educadores, amigos. Há necessidade de “trabalhar em grupo”, de crescer não só no conhecimento, mas também no tecer laços para construir uma sociedade mais solidária e fraterna. Porque a paz, de que tanto precisamos, é construída artesanalmente através da partilha. Não há máquinas para construir a paz, não: a paz faz-se sempre artesanalmente. Paz na família, paz na escola... E como se faz artesanalmente? Com o meu trabalho, com a minha partilha.

A segunda palavra: acolhimento. O mundo de hoje levanta tantas barreiras entre as pessoas. E o resultado destas barreiras é a exclusão, a rejeição. Isto é perigoso, se se descartar. Também na escola — ouvi bem, meninos e meninas — na escola há por vezes um companheiro que é um pouco estranho, um pouco ridículo ou de quem não gostamos: nunca os descartemos! Nem sequer bullying: não, por favor, não bullying, nenhum, somos todos iguais. Mesmo que um companheiro seja um pouco antipático, pobrezinho, aproximo-me dele com simpatia. Construí sempre pontes, não descarteis ninguém, por favor! Não descartar. Porque as guerras começam sempre com o descarte. O resultado das barreiras é a exclusão, a rejeição. Existem barreiras entre Estados, entre grupos sociais, mas também entre pessoas. E muitas vezes até o telefone para o qual continuais a olhar torna-se uma fronteira que vos isola num mundo que tendes ao vosso alcance. Como é belo olhar nos olhos das pessoas, ouvir as suas histórias, e acolher a sua identidade; construir pontes através da amizade com irmãos e irmãs de diferentes tradições, grupos étnicos e religiões. Só fazendo isto construiremos, com a ajuda de Deus, um futuro de paz. Gostei do vosso lema — “Admirados”: é lindo. Sempre admirados, ver a beleza, surpreendidos e gratos. Mas tomai cuidado, porque há o perigo de vos tornardes estúpidos: não, não! Admirados, não estúpidos. Compreendeis?

Obrigado por este encontro, obrigado pelo vosso testemunho. Rezo por vós, e vós, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. E agora peço-vos que penseis, que tenhais um pensamento: pensemos em tantas crianças, meninos e meninas que estão em guerra, que hoje sofrem na Ucrânia. São como nós, como vós: seis, sete, dez, catorze anos e vós tendes um futuro à vossa frente, uma segurança social de crescer numa sociedade em paz. Em vez disto, estes pequenos, até muito pequeninos, têm de fugir das bombas. Eles sofrem tanto. Com aquele frio que faz lá... Pensemos. Cada um de nós pense nestas crianças, nestes meninos, nestas meninas, nestes jovens. Hoje sofrem; hoje, a três mil km daqui. Oremos ao Senhor. Eu farei a oração e vós com o vosso coração, com a vossa mente, rezareis comigo. “Senhor Jesus, peço-vos pelas crianças e pelos jovens que vivem debaixo das bombas, que veem esta guerra terrível, que não têm comida, que têm de fugir deixando a casa, tudo. Senhor Jesus, olhai para estas crianças, estes jovens: olhai para eles, protegei-os. Eles são as vítimas da soberba dos adultos. Senhor Jesus, abençoai estas crianças e protegei-as”. Rezemos juntos a Nossa Senhora para os proteger: Ave Maria...

E assim, em silêncio como estamos, recebamos a bênção do Senhor: Pai, Filho e Espírito Santo.

E obrigado por este encontro: obrigado, obrigado. E não vos esqueçais: admirados e gratos. Todos juntos: admirados e gratos!