Nos mosteiros e nas comunidades religiosas a invocação ao Deus da paz

 Nos mosteiros e nas comunidades religiosas  a invocação ao Deus da paz  POR-010
08 março 2022

Por ocasião do Dia de jejum e oração pela paz na Ucrânia, convocado pelo Papa Francisco a 2 de março, quarta-feira de Cinzas o cardeal João Braz de Aviz e o arcebispo franciscano José Rodríguez Carballo — respetivamente prefeito e secretário do Congregação para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica — enviaram aos consagrados e consagradas, no dia 28 de fevereiro, a seguinte carta.

Caríssimas Consagradas e caríssimos Consagrados!

O que temíamos aconteceu: a guerra voltou, mais uma vez, às ruas e ao povo. Voltou a um continente que parecia ter aprendido com as atrocidades do passado. Voltou trazendo consigo o risco de um novo conflito mundial. Ela retornou e trouxe aos nossos olhos a tragédia que milhões de pessoas, em outras partes do mundo, estão vivendo.

Juntemo-nos aos homens, mulheres e crianças que vivem na Ucrânia e em todos os países profundamente marcados pela guerra, ou por conflitos e violência internos. Confiemos à Mãe de Deus o sofrimento, a vida e a morte de tantas irmãs e irmãos nossos, perpassados pelo horror e pela insensatez da guerra, e façamos nosso o apelo do Papa Francisco «para fazer no próximo 2 de março, quarta-feira de Cinzas, um Dia de jejum pela paz» (Apelo, 23 de fevereiro).

Quanto mais compartilhamos sua dor, tanto mais intensificamos nossas orações ao Deus da paz que se tornou próximo na nossa vida, tem compaixão pelo destino da humanidade ferida  (Papa Francisco, Angelus, 14 de fevereiro de 2021).

Nós o sabemos bem: nunca haverá vencidos ou vencedores, mas somente homens, mulheres e crianças devastados em seu ser pelo conflito. Seguindo o exemplo de Cristo, que da cruz abraçou o justo e o pecador, «que desejava estar unido tanto ao justo como ao culpado, que abraçou a todos com um só amor... não com compreensão, mas com compaixão» (Antonij Bloom, exarca emérito do Patriarcado de Moscou para a Europa ocidental) nossa oração é pela salvação de todos.

Na escola de tantos santos fundadores e fundadoras, de tantos homens e mulheres consagrados, acreditamos no poder da oração, porque «é preciso rezar sempre, até quando tudo parece vão, quando Deus nos parece surdo e mudo, e que perdemos tempo. Mesmo que o céu se ofusque...» (Audiência geral, 11 de novembro de 2020). Rezemos para que a guerra cesse, que não vença uma economia que mata, que o amor substitua o ódio, que a solidariedade substitua a indiferença, que o diálogo seja mais forte que as armas.

Pedimos isto especialmente às irmãs contemplativas que, naturalmente, já estão oferecendo suas vidas pela paz, neste momento. Mas a oração incessante seja o coração ardente de cada um e de todas e todos. Rezemos individualmente, em nossas comunidades, promovamos oportunidades de oração, façamos isso — onde for possível — com nossos irmãos e irmãs das Igrejas cristãs, indo até eles para expressar nosso desejo de compartilhar, envolvamos os outros na oração.

Não nos cansemos de rezar. E, com a mesma paixão, façamos gestos de paz onde quer que estejamos, com todo homem e mulher de boa vontade. Deixemo-nos converter pelo Espírito Santo às obras de paz, para que nossas vidas possam falar e ser, na mansidão e na verdade, testemunhas da misericórdia, dom que o Pai nos concedeu.

A Maria, Rainha da paz, confiemos juntos a Europa e o mundo inteiro!