«A pandemia não pode nem deve tornar-se um álibi para justificar omissões na justiça ou na segurança» relativas ao mundo do trabalho, afirmou o Papa saudando os membros da Associação italiana de químicos do couro, recebidos em audiência na manhã de 29 de janeiro, na sala Clementina.
Estimados amigos
bom dia e bem-vindos!
Gosto de ver as mães ali, que acariciam os filhos. É bom quando vêm com os filhos. Se quiserem caminhar, deixai-os, que façam o que quiserem; e se tiverem fome, que comam. Eles são os reis!
Agradeço ao Presidente pelas suas amáveis palavras e por me ter apresentado brevemente o vosso trabalho. Saúdo-vos, a vós aqui presentes e a todos os membros da Associação Italiana de Químicos do Couro.
Tenho o prazer de vos receber, por vários motivos. Em primeiro lugar, porque sois uma categoria muito específica de trabalhadores que, no grande “poliedro” da sociedade global, oferece uma contribuição original e caraterística. A vossa profissão aplica conhecimentos científicos e técnicos a uma atividade artesanal com uma antiga tradição, tanto na Itália como noutros países, entre os quais o meu, a Argentina. Quando era jovem, estudei num instituto técnico de química, e isto aproxima-me um pouco da vossa categoria.
Neste tempo de crise económica e social muito complexa, aproveito também esta ocasião para manifestar a proximidade, minha e a da Igreja, ao mundo do trabalho. Muitos trabalhadores, trabalhadoras e famílias vivem situações difíceis, agravadas pela pandemia. Mas a pandemia não pode e não deve tornar-se um álibi para justificar omissões na justiça ou na segurança. Pelo contrário, a crise pode ser abordada como oportunidade para crescer juntos na solidariedade e na qualidade do trabalho. Que o exemplo e a intercessão de São José vos ajudem a não ceder ao desânimo, a valorizar com criatividade os vossos talentos e a vossa grande experiência para ir em frente e abrir novos caminhos. Com esta finalidade, é muito importante fazer encontrar a sabedoria dos idosos e o entusiasmo dos jovens. Que se encontrem, eis o segredo! Imagino os jovens apaixonados por um campo original como o vosso, e têm necessidade de encontrar “velhos da profissão” que têm muito para ensinar, e não só no plano técnico, mas também a nível humano. Para mim, neste momento, o desafio é o encontro entre avós e netos, talvez contornando os pais, mas trata-se de um encontro fundamental e devemos trabalhar para que os jovens se encontrem com os idosos. É um desafio deste momento!
Há outro aspeto que quero abordar convosco, porque é um ponto crítico e sei que é importante para vós, também o vosso Presidente o mencionou. Refiro-me ao impacto ambiental de atividades que, como a vossa, utilizam substâncias químicas para tratar os materiais, no vosso caso as peles destinadas a tornar-se bolsas, sapatos, e assim por diante — muitas coisas que usamos todos os dias, e não pensamos no trabalho que há por detrás! Portanto, também vós sois chamados a dar a própria contribuição específica para o cuidado da casa comum; e podeis fazê-lo precisamente no modo de delinear o vosso trabalho. Por isso, é deveras precioso fazer associação, porque se põem em comum os conhecimentos, as experiências, assim como as atualizações jurídicas e técnicas; e assim ajudais-vos uns aos outros a crescer juntos num estilo de responsabilidade social e ecológica. E isto é muito importante! Hoje temos mais consciência da responsabilidade ecológica; crescemos nisto, é uma grande coisa, crescemos nisto!
Caríssimos, obrigado por esta visita. Desejo-vos todo o bem para o vosso trabalho e para a atividade associativa; concedo-vos a bênção, assim como às vossas famílias. E peço-vos, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim, pois preciso disso. Obrigado!