«Debaixo do mesmo céu» — como recita o slogan deste ano inspirado na figura de Abraão — os crentes das principais religiões monoteístas e mulheres e homens de boa vontade encontraram-se a 4 de fevereiro em várias partes do mundo para celebrar o segundo Dia internacional da fraternidade humana. Desejado pelas Nações Unidas no mesmo dia em que, em 2019, o Papa Francisco e o grão-imã de Al-Azhar assinaram em Abu Dhabi o documento que estabelece a fraternidade entre os homens como fundamento «em prol da paz mundial e da coexistência comum», a principal celebração está também a ter lugar nos Emirados Árabes Unidos (Eau), não na capital, mas em Dubai, sede da Expo 2020, a Exposição universal que deveria ter sido realizada há dois anos e que foi adiada devido à pandemia.
Mesa redonda da aliança
«The Human Fraternity and the Global Tolerance. Alliance Roundatable» é o tema do evento celebrativo — com a participação do cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso — organizado pelo ministério dos Emirados para a tolerância e convivência e pelo alto Comité para a fraternidade humana (Hchf), com o apoio da Santa Sé e da universidade Al-Azhar do Cairo. Na prática, os mesmos protagonistas do já “histórico” 4 de fevereiro de há três anos “encontraram-se novamente” — alguns em presença, outros de modo virtual — para reafirmar os compromissos assumidos pela Igreja católica e pela principal instituição académica do Islão sunita sediada na capital do Egito.
Desde então, foram dados vários passos em frente, graças aos esforços da família real dos Emirados: no dia seguinte, de facto, o xeque Mohamed bin Zayed, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, anunciou com um tweet a construção de uma Casa abraâmica «para espelhar a coexistência pacífica de diferentes comunidades nos Eau» e «comemorar a visita do Papa Francisco e do grão-imã Ahmad Al Tayyeb», que foram também os primeiros destinatários do prémio Zayed para a fraternidade humana. Em agosto do mesmo ano, foi criado o Comité para a implementação do documento (Hchf), com Ayuso Guixot como presidente e o juiz egípcio Mohamed Mahmoud Abdel Salam, já colaborador estreito do grão-imã, como secretário-geral.
As palavras
do grão-imã Al Tayyeb
Também ele, como o Papa Francisco, enviou uma mensagem de vídeo para a mesa redonda de Dubai, realizada no Pavilhão da sustentabilidade, a algumas centenas de metros daquela da Santa Sé. «Esta celebração significa a procura de um mundo melhor» a — disse o xeque Al Tayyeb — e «uma esperança de fornecer instrumentos eficazes para enfrentar as crises e os desafios da humanidade», de modo que prevaleça um espírito de tolerância, solidariedade e colaboração. Olhando para os mais vulneráveis, como os órfãos, os pobres e os deslocados, mas também para aqueles cujos corações estão endurecidos pela riqueza e poder, o grão-imã exortou a «livrar-se dos preconceitos e conflitos que muitas vezes levam ao derramamento de sangue e a guerras entre pessoas», até «entre seguidores da mesma religião». Por fim, encorajou o trabalho do Hchf a ser uma «inspiração para aqueles que percorrem esta espinhosa estrada».
Carta
do presidente americano Biden
O presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, também quis unir-se ao Dia, com uma carta na qual pede aos povos para superarem as divisões, cooperando para enfrentar os desafios globais, como a covid-19 e a crise climática, a fim de defender «os direitos humanos universais e promover a paz e a segurança para todos». É necessário o esforço das pessoas «de todas as origens, culturas, credos e crenças» — explicou o presidente americano — falando uns com os outros «em diálogo aberto para promover a tolerância, a inclusão e a compreensão».