Comunicado de imprensa do Sínodo dos bispos

A Igreja está a caminho

 A Igreja está a caminho  POR-006
08 fevereiro 2022

No dia 26 de janeiro, o xv Conselho ordinário do Sínodo dos bispos reuniu-se presencialmente e em modalidade online. No centro dos trabalhos estiveram a análise do andamento do processo sinodal e uma nota sobre a realização dos “relatórios” das dioceses, conferências episcopais, sínodos das Igrejas orientais ou de outros organismos eclesiais.

Cerca de três meses após a abertura do processo sinodal, o Conselho ordinário expressou grande satisfação com o progresso do processo a nível local. 98% das Conferências episcopais e sínodos das Igrejas orientais de todo o mundo nomearam uma pessoa ou um grupo inteiro para implementar o processo sinodal. A avaliação do Conselho ordinário tem sido apoiada pelos resultados dos intercâmbios durante quinze reuniões online organizadas pela secretaria geral do Sínodo dos bispos com os responsáveis do sínodo em todo o mundo.

O processo sinodal a nível global

A Igreja está a caminho! São muitas as dioceses e outras realidades eclesiais que iniciaram o sinodal. Os leigos, organizados ou não, e a vida consagrada em particular, estão a mostrar grande entusiasmo, o que se traduz numa miríade de iniciativas para promover a consulta e o discernimento eclesial. Confirmam-no os numerosos testemunhos que chegam à secretaria geral de todas as partes do mundo, publicados periodicamente no website synodresources.org: além de ser um motivo de esperança, são também um sinal de que o Espírito Santo está em ação. Aqueles que até agora experimentaram uma experiência sinodal contam ter vivido uma experiência que lhes dá alegria e falam de uma verdadeira transformação na sua pertença à comunidade eclesial.

Em geral, é evidente que o momento da abertura, as modalidades de consulta e a participação do Povo de Deus variam de uma região do mundo para a outra. Em particular, o processo sinodal é acolhido com alegria e entusiasmo em vários países da África, América Latina e Ásia. Onde um processo sinodal diocesano ou nacional já estava em curso ou prestes a começar, foi possível harmonizar as duas dinâmicas sinodais. O alargamento da fase de escuta ao Povo de Deus foi particularmente bem apreciado.

Os documentos publicados pela secretaria geral foram bem recebidos e foi feito um esforço louvável para os traduzir a nível local. Em alguns países, a tarefa é complicada pelas distâncias e pela multiplicidade de línguas locais.

A dimensão ecuménica está bastante bem integrada e segue as indicações sugeridas na carta de 29 de outubro. As outras denominações cristãs estão também a demonstrar a nível local um certo entusiasmo e o desejo de contribuir para o caminho percorrido pela Igreja católica. No que diz respeito à dimensão inter-religiosa, esta impõe-se naturalmente nos países onde os cristãos representam uma minoria. Também aqui se espera uma contribuição significativa.

Tem sido feito um esforço coerente para promover a comunicação através dos vários meios e plataformas online. Em muitas dioceses e conferências episcopais, foram criados websites e páginas nas redes sociais, com o objetivo de proporcionar e narrar a viagem nas próprias realidade. Por sua vez, a secretaria geral utiliza, para além do site institucional synod.va, outros instrumentos como um boletim informativo semanal, um website para recolher as experiências e recursos produzidos a nível local (synodresources.org) e um website de oração pelo o sínodo (prayforthesynod.va) criado em conjunto com a Rede mundial de oração do Papa e a União internacional de superiores-gerais.

O desafio

Se o processo sinodal é entendido por muitos dos fiéis como um momento crucial para a Igreja, um processo de aprendizagem, conversão e renovamento da vida eclesial, também surgem algumas dificuldades. Assinalam-se com efeito o medo e a reticência entre alguns grupos de fiéis e entre o clero. Existe também uma certa desconfiança entre os leigos que duvidam que a sua contribuição seja realmente considerada.

A atual situação da pandemia constitui também um grande obstáculo, limitando em grande medida os encontros presenciais. A consulta do Povo de Deus não pode ser reduzida a um simples questionário, uma vez que o verdadeiro desafio da sinodalidade é precisamente a escuta mútua e o discernimento comunitário.

O processo sinodal também mostra alguns desafios recorrentes, tais como 1) a necessidade de formação, especialmente na escuta e discernimento, para que o Sínodo seja autenticamente um processo espiritual e não seja reduzido a um debate parlamentar; 2) evitar a autorreferência nas reuniões de grupo porque a escuta mútua, que encontra o seu fundamento na oração e na escuta da Palavra de Deus, só pode levar à abertura aos outros na ótica do anúncio do Evangelho. Uma Igreja sinodal é uma igreja missionária onde cada batizado se sente corresponsável pela missão da Igreja; 3) a necessidade de encontrar novas formas de melhorar a participação dos jovens; 4) o envolvimento daqueles que vivem à margem das instituições da Igreja; e, finalmente, 5) a desorientação manifestada por alguns membros do clero.

Conclusão

Concluindo, pode dizer-se que a novidade do processo sinodal suscita certamente muita alegria e dinamismo, mas também a um certo número de incertezas que precisam de ser afrontadas. Há uma consciência crescente de que a conversão sinodal a que cada batizado é chamado é um processo longo que levará mais tempo do que o próprio processo. De muitos quadrantes é manifestado o desejo de que o caminho iniciado a nível local prossiga durante todo o processo e para além dele, de modo a que a comunidade eclesial possa cada vez mais tornar tangível a sinodalidade enquanto dimensão constitutiva da Igreja.

Nota para a preparação
de relatórios

Em resposta aos numerosos pedidos recebidos pela secretaria geral, está a ser preparada uma Nota para a preparação de “relatórios” pelas dioceses e conferências episcopais. Trata-se de um instrumento ao serviço das várias realidades eclesiais que se empenharão nos próximos meses na elaboração dos resultados do seu discernimento eclesial. A Nota propõe a ideia de que a redação do relatório é em si um ato de discernimento, ou seja, o fruto de um processo espiritual e de trabalho de grupo.