Ao capítulo geral das cónegas de Santo Agostinho da Congregação de Nossa Senhora

Próximas dos jovens em crise por causa da pandemia

 Próximas dos jovens  em crise por causa da pandemia  POR-005
01 fevereiro 2022

A pandemia «causou uma crise multifacetada, em particular um forte impacto sobre a educação e os jovens». Por isso, o Papa Francisco exortou as participantes no capítulo geral das cónegas de Santo Agostinho da Congregação de Nossa Senhora — recebidas em audiência na manhã de 24 de janeiro, na sala Clementina — a estar «mais próximas das pessoas que vivem o isolamento, a tristeza e o desânimo».

Queridas irmãs!

Dou-vos as boas-vindas por ocasião do vosso Capítulo Geral. Agradeço à Superiora as suas gentis palavras, até com um bom sentido de humor, avec le sens de l’humour. Saúdo calorosamente cada uma de vós e, através de vós, manifesto a minha proximidade espiritual a todas as Irmãs da vossa Congregação em vários países.

Convosco, dou graças ao Senhor pela obra do seu Espírito que se manifesta no vosso carisma educativo, ao serviço das novas gerações e das famílias, por um humanismo integral e por um mundo mais fraterno. Hoje, enfrentamos o desafio da formação e da educação da pessoa humana. Em fidelidade às intuições evangélicas dos vossos fundadores, São Pedro Fourrier e a Beata Alix Le Clerc, estais comprometidas a favor da educação popular, da educação na fé, da educação na justiça, da proximidade aos pobres. Nos vários países em que trabalhais, encorajo-vos a ser discípulas missionárias e comunidades de esperança e de alegria, pois «o grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada: o drama da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres» (Exortação Apostólica Evangelii gaudium, 2).

Queridas irmãs, o tema que escolhestes para o vosso Capítulo, “Pacto educativo da Congregação de Nossa Senhora”, é um forte convite a refletir sobre os novos caminhos possíveis para alcançar os jovens na sua realidade diária, a fim de contribuir para o seu desenvolvimento integral. Com efeito, «um caminho de vida necessita da esperança fundada na solidariedade e toda a mudança requer um percurso educativo para construir novos paradigmas capazes de responder aos desafios e emergências do mundo atual, de compreender e encontrar as soluções para as exigências de cada geração e de fazer florir a humanidade de hoje e de amanhã».1 Perante os desafios e perigos que ameaçam os jovens, espero que o vosso esforço e entusiasmo, forjados na força do Evangelho, lhes restitua o gosto pela vida e o desejo de construir uma sociedade digna de tal nome (cf. Carta Encíclica, Fratelli tutti, 71).

Prezadas Irmãs, conto convosco e tenho confiança em vós, a Igreja confia em vós. Com as vossas palavras, ações e testemunho, transmitis uma mensagem forte ao mundo que rejeita as categorias vulneráveis. Que possais beber, mediante a oração e a adoração, da fonte da bondade e da verdade, encontrando na comunhão com Cristo morto e ressuscitado a força para lançar um olhar positivo, um olhar de amor, um olhar de esperança, um olhar de compaixão e ternura sobre o mundo, prestando particular atenção às camadas desfavorecidas da sociedade. É deste modo que a vossa missão de educadoras poderá dar frutos de qualidade no meio do povo, para o bem da sociedade. Graças ao vosso carisma, que visa fazer com que cada pessoa descubra o amor de Cristo, contribuís para abrir novos horizontes e para criar espaços de fraternidade. Com efeito, «educar é sempre um ato de esperança que nos convida à comparticipação, transformando a lógica estéril e paralisadora da indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum».2

Estimadas irmãs, neste momento em que a pandemia de Covid-19 causou uma crise multifacetada, em particular um forte impacto sobre a educação e os jovens, convido-vos a estar mais próximas das pessoas que vivem o isolamento, a tristeza e o desânimo. Com efeito, «deve-se privilegiar a linguagem da proximidade, a linguagem do amor desinteressado, relacional e existencial que toca o coração, alcança a vida, desperta esperança e anseios» (Exortação Apostólica pós-sinodal Christus vivit, 211).

Confio cada uma de vós e todas as vossas irmãs de hábito ao Senhor e à Virgem Maria, enquanto vos abençoo de coração. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!

1 Mensagem vídeo por ocasião do encontro organizado pela Congregação para a Educação Católica: “Global Compact on Education. Together to look beyond” (15 de outubro de 2020).

2 Ibidem.