Saudação aos participantes no Christmas Contest

O Natal não é evasão mas abertura do coração à gratuidade

 O Natal não é evasão mas abertura do coração à gratuidade  POR-048
30 novembro 2021

A beleza do Natal «não é alienante, não é superficial, não é evasiva; pelo contrário, dilata o coração, abre-o à gratuidade!», recordou o Papa Francisco recebendo em audiência na manhã de 22 de novembro os participantes e os organizadores do Christmas Contest, promovido pela pontifícia Fundação Gravissimum educationis e pelas Missões de Dom Bosco Valdocco.

Caros irmãos e irmãs!

Uma cordial saudação a todos vós que participais de vários modos no Christmas Contest. Agradeço à Pontifícia Fundação Gravissimum Educationis e às Missões de Dom Bosco Valdocco por ter proposto este concurso que dá voz aos jovens, convidando-os a criar canções inéditas, inspiradas no Natal e nos seus valores. E portanto, dou especiais boas-vindas a vós, jovens, que aceitastes com entusiasmo o desafio; bem como a quantos vos acompanham: desportistas, com as suas Federações, e cantores.

Estou feliz por me encontrar convosco, já às portas do Advento, o período que todos os anos nos introduz no Natal e no seu Mistério. Também este ano, as suas luzes serão moderadas, devido às consequências da pandemia, que ainda pesa no nosso tempo. Com maior razão, somos chamados a interrogar-nos e a não perder a esperança. A festa do Nascimento de Cristo não é dissonante em relação à prova que vivemos, porque é por excelência a festa da compaixão, a festa da ternura. A sua beleza é humilde e cheia de calor humano.

A beleza do Natal transparece na partilha de pequenos gestos de amor concreto. Não é alienante, não é superficial, não é evasiva; pelo contrário, dilata o coração, abre-o à gratuidade — gratuidade, uma palavra que os artistas bem podem compreender! — ao dom de si, e pode gerar também dinâmicas culturais, sociais e educativas.

Foi com este espírito que demos vida ao Pacto Educativo Global, uma ampla aliança educacional «para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes, e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna».1

Para alcançar estes objetivos, é preciso ter coragem: «A coragem de colocar a pessoa no centro» e de «se colocar ao serviço da comunidade».2 É preciso ter coragem e também criatividade. Por exemplo, compusestes novas canções de Natal e compartilhaste-las para um projeto maior, um projeto que acredita na beleza como caminho de crescimento humano, para sonhar juntos um mundo melhor.

Gosto de repetir as palavras de São Paulo vi : «O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero».3 Que beleza? Não a falsa, feita de aparência e de riqueza terrena, que é vazia e geradora de vazio. Não! Mas aquela de um Deus que se fez carne, beleza dos rostos — a beleza dos rostos — a beleza das histórias, das criaturas que constituem a nossa casa comum e que — como São Francisco nos ensina — participam no louvor ao Altíssimo.

Agradeço-vos, caros jovens, artistas e desportistas, porque não vos esqueceis de ser guardiães desta beleza, que o Natal do Senhor faz resplandecer em cada gesto diário de amor, de partilha e de serviço. Obrigado e muitas felicitações a vós e às vossas famílias!

1) Mensagem para o lançamento do Pacto Educativo, 12 de setembro de 2019.

2) Ibidem.

3) Mensagem aos artistas, 8 de dezembro de 1965, n. 4.