Uma peregrinação às fontes da fraternidade, da Europa e da humanidade: assim o Papa definiu, numa mensagem vídeo divulgada a 27 de novembro, a viagem que se prepara a fazer a Chipre e à Grécia de 2 a 6 de dezembro.
Estimados irmãos e irmãs de Chipre
e da Grécia, kaliméra sas! [bom dia!].
Faltam poucos dias para o nosso encontro e preparo-me para ir como peregrino às vossas magníficas terras, abençoadas pela história, pela cultura e pelo Evangelho! Vou com alegria, precisamente em nome do Evangelho, no sulco dos primeiros grandes missionários, especialmente dos Apóstolos Paulo e Barnabé. É bom voltar à origem e, para a Igreja, é importante redescobrir a alegria do Evangelho. É com este espírito que me disponho a esta peregrinação às fontes, e peço a todos que me ajudem a prepará-la com a oração.
Encontrando-me convosco, poderei saciar-me nas fontes da fraternidade, tão preciosas no momento em que iniciamos um itinerário sinodal universal. Há “uma graça sinodal”, uma fraternidade apostólica que desejo fortemente e com grande respeito: é a expetativa de visitar as queridas Beatitudes Chrysostomos e Ieronymos, Chefes das Igrejas ortodoxas locais. Como irmão na fé, terei a graça de ser recebido por vós e de me encontrar convosco em nome do Senhor da paz. E vou até vós, queridas irmãs e irmãos católicos, reunidos naquelas terras em pequenos rebanhos que o Pai ama tão ternamente e às quais Jesus, bom Pastor, repete: «Não temais, pequeno rebanho!» (Lc 12, 32). Vou com afeto para vos levar o encorajamento de toda a Igreja católica!
Visitar-vos também me oferecerá a oportunidade de me saciar nas antigas nascentes da Europa: Chipre, ramificação da Terra Santa no continente; Grécia, pátria da cultura clássica. Mas ainda hoje a Europa não pode prescindir do Mediterrâneo, mar que assistiu à propagação do Evangelho e ao desenvolvimento de grandes civilizações. O mare nostrum, que une muitas terras, convida a navegar juntos, não a dividir-nos, seguindo caminhos individuais, especialmente neste período em que a luta contra a pandemia ainda exige muito esforço e a crise climática incumbe gravemente.
O mar, que abraça muitos povos, com os seus portos abertos lembra-nos que as fontes do viver juntos residem na aceitação recíproca. Sinto-me desde já recebido pelo vosso afeto e agradeço a quantos, há muito tempo, preparam a minha visita. Mas penso também naqueles que, durante estes anos e ainda hoje, fogem de guerras e da pobreza, chegam ao litoral do continente e a outros lugares, e não encontram hospitalidade, mas hostilidade e também são instrumentalizados. São nossas irmãs e irmãos. Quantos perderam a vida no mar! Hoje o “nosso mar”, o Mediterrâneo, é um grande cemitério. Peregrino às fontes da humanidade, irei de novo a Lesbos, na convicção de que as nascentes do viver comum só voltarão a florescer na fraternidade e na integração: juntos! Não há outro caminho, e é com esta “ilusão” [desejo] que vou até vós.
Caros irmãos e irmãs, é com estes sentimentos que não vejo a hora de me encontrar com todos vós, com todos! Não só católicos, todos! E sobre todos invoco a bênção do Altíssimo, e apresento-lhe desde já os vossos rostos e expetativas, as vossas preocupações e esperanças. Na íste pánda kalá! [Estai sempre bem!].