Angelus no final da celebração na basílica de São Pedro

Os jovens sejam protagonistas da missão da Igreja

 Os jovens sejam protagonistas da missão da Igreja  POR-047
23 novembro 2021

Tendo ao seu lado dois jovens de 19 anos da diocese de Roma, Lucrezia Marsecane e Stefano Franchetti, o Papa Francisco guiou a oração do Angelus ao meio-dia de domingo, 21 de novembro, solenidade de Cristo Rei do universo, por ocasião da 36ª Jornada mundial da juventude. «O que fazemos, particularmente no nosso compromisso cristão, pergunto-me: o que conta? Contam os aplausos ou conta o serviço?», disse o Pontífice na sua meditação. A seguir, as palavras do Pontífice.

Estimados irmãos e irmãs bom dia!

O Evangelho da Liturgia de hoje, último Domingo do Ano Litúrgico, culmina numa afirmação de Jesus, que diz: «Eu sou Rei» (Jo 18, 37). Ele pronuncia estas palavras perante Pilatos, enquanto a multidão clama para o condenar à morte. Ele diz: “Eu sou rei”, e a multidão grita para o condenar à morte: que contraste! A hora crucial chegou. Anteriormente, parecia que Jesus não queria que o povo o aclamasse como rei: lembremo-nos daquela vez depois da multiplicação dos pães e dos peixes, quando se retirou sozinho para rezar (cf. Jo 6, 14-15).

O facto é que a realeza de Jesus é bastante diferente daquela mundana. «O meu reino — diz a Pilatos — não é deste mundo» (Jo 18, 36). Ele não vem para dominar, mas para servir. Não chega com sinais de poder, mas com o poder dos sinais. Não está vestido com insígnias preciosas, mas está nu na cruz. E é precisamente na inscrição colocada na cruz que Jesus é definido “rei” (cf. Jo 19, 19). A sua realeza está deveras além dos parâmetros humanos! Poderíamos dizer que ele não é rei como os outros, mas é Rei para os outros. Pensemos nisto: Cristo, diante de Pilatos, diz que é rei no momento em que a multidão está contra Ele, ao passo que quando o seguia e o aclamava, ele distanciou-se daquela aclamação. Por outras palavras, Jesus mostra-se soberanamente livre do desejo de fama e glória terrena. E nós — perguntemo-nos — sabemos imitá-lo nisto? Sabemos governar a nossa tendência a sermos continuamente procurados e aprovados, ou fazemos tudo para sermos estimados pelos outros? No que fazemos, particularmente no nosso compromisso cristão, pergunto-me: o que conta? Contam os aplausos ou conta o serviço?

Jesus não só evita qualquer procura de grandeza terrena, como também torna livre e soberano o coração de quem o segue. Ele, queridos irmãos e irmãs, liberta-nos da submissão ao mal. O seu Reino é libertador, não há nada de opressivo. Ele trata cada discípulo como um amigo, não como súdito. Cristo, embora esteja acima de todos os soberanos, não traça linhas de separação entre si e os outros; em vez disso, deseja irmãos com quem partilhar a sua alegria (cf. Jo 15, 11). Ao segui-lo, não se perde, nada se perde, mas ganha-se dignidade. Porque Cristo não quer servilismo à sua volta, mas pessoas livres. E — perguntemo-nos agora — de onde vem a liberdade de Jesus? Descobrimo-lo ao voltar à sua declaração perante Pilatos: «Eu sou Rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade» (Jo 18, 37).

A liberdade de Jesus vem da verdade. É a sua verdade que nos liberta (cf. Jo 8, 32). Mas a verdade de Jesus não é uma ideia, algo abstrato: a verdade de Jesus é uma realidade, é Ele próprio que faz a verdade dentro de nós, liberta-nos das ficções, das falsidades que temos dentro, da linguagem dupla. Ao estarmos com Jesus, tornamo-nos verdadeiros. A vida do cristão não é uma recitação na qual se possa usar a máscara mais conveniente. Porque quando Jesus reina no coração, liberta-o da hipocrisia, do subterfúgio, da duplicidade. A melhor prova de que Cristo é o nosso rei é o desprendimento do que polui a vida, tornando-a ambígua, opaca, triste. Quando a vida é ambígua, um pouco aqui, um pouco ali, é triste, é muito triste. Certamente, temos sempre de fazer as contas com limitações e falhas: somos todos pecadores. Mas, quando se vive sob o senhorio de Jesus, não nos tornamos corruptos, não nos tornamos falsos, propensos a encobrir a verdade. Não se leva uma vida dupla. Recordai bem: pecadores sim, todos somos, corruptos nunca! Pecadores sim, corruptos jamais. Que Nossa Senhora nos ajude a procurar todos os dias a verdade de Jesus, Rei do Universo, que nos liberta da escravidão terrena e nos ensina a dominar os nossos vícios.

No final do Angelus, o Papa recordou a celebração da Jornada mundial da juventude em todas as Igrejas particulares, convidando os dois jovens romanos a dirigir uma saudação. Em seguida, encorajou as iniciativas para o Dia mundial da pesca, recordou as vítimas de acidentes rodoviários e o compromisso das Nações Unidas contra o comércio de armas. Dirigiu também um pensamento especial aos fiéis polacos que celebravam a beatificação, em Katowice, do pe. João Francisco Macha. Por fim, o Pontífice saudou os numerosos grupos presentes na praça de São Pedro.

Estimados irmãos e irmãs!

Hoje, pela primeira vez na Solenidade de Cristo Rei, celebra-se a Jornada Mundial da Juventude em todas as Igrejas particulares. Por este motivo, ao meu lado estão dois jovens de Roma, que representam toda a juventude de Roma. Saúdo de coração os rapazes e as moças da nossa Diocese, e espero que todos os jovens do mundo se sintam parte viva da Igreja, protagonistas da sua missão. Obrigado por terdes vindo! E não vos esqueçais que reinar é servir. Como é? Reinar é servir. Todos juntos: reinar é servir. Como nos ensina o nosso Rei. Agora pedirei aos jovens que vos saúdem.

A jovem: Feliz Jornada Mundial da Juventude a todos vós!

O rapaz: testemunhamos que acreditar em Jesus é muito bom!

Papa: Mas reparai, isto é bom! Obrigado! Permanecei aqui.

Hoje celebra-se também o Dia mundial da pesca. Saúdo todos os pescadores e rezo por quantos vivem em condições difíceis ou por vezes infelizmente de trabalhos forçados. Encorajo os capelães e voluntários da Stella Maris a prosseguir no serviço pastoral a estas pessoas e às suas famílias.

E neste dia recordamos também todas as vítimas de acidentes rodoviários: rezemos por elas e empenhemo-nos na prevenção de acidentes.

Gostaria também de encorajar as iniciativas em curso nas Nações Unidas para conseguir um maior controlo sobre o comércio de armas.

Ontem em Katowice, Polónia, foi beatificado o sacerdote João Francisco Macha, assassinado por ódio à fé em 1942, no contexto da perseguição do regime nazista contra a Igreja. Na obscuridade da prisão, encontrou em Deus a força e a mansidão para enfrentar aquele calvário. Que o seu martírio seja uma semente fecunda de esperança e paz. Um aplauso ao novo beato!

Saúdo todos vós, fiéis de Roma e peregrinos de vários países, especialmente os da Polónia e dos Estados Unidos da América. Saúdo os escoteiros da Arquidiocese de Braga, em Portugal. Uma saudação especial à comunidade equatoriana em Roma, que celebra a Virgen de El Quinche. Saúdo os fiéis de Sant’Antimo (Nápoles) e de Catânia; os jovens da Crisma de Pattada; e os voluntários do Banco alimentar, que se preparam para o Dia da coleta alimentar do próximo sábado. Muito obrigado! E também aos jovens da Imaculada.

Desejo a todos bom domingo. E por favor não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!