Deixemo-nos contagiar pela esperança que encoraja a reconstruir e a recomeçar

Olhar sempre para
as estrelas

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09 março 2021

Nas vésperas da partida rumo a Bagdad para a trigésima terceira viagem internacional do pontificado, na quinta-feira 4 de março o Papa Francisco enviou ao povo iraquiano a seguinte mensagem em vídeo.

Amados irmãos e irmãs no Iraque, assalam lakum! [a paz esteja convosco]!

Dentro de poucos dias, finalmente estarei no vosso meio! Desejo tanto encontrar-vos, ver os vossos rostos, visitar a vossa terra, antigo e extraordinário berço de civilização. Vou como peregrino, como peregrino penitente para implorar do Senhor perdão e reconciliação depois destes anos de guerra e terrorismo, para pedir a Deus a consolação dos corações e a cura das feridas. E chego ao vosso meio como peregrino de paz, que repete: «Vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8). Sim, vou como peregrino de paz mendigando fraternidade, animado pelo desejo de rezarmos juntos e caminharmos juntos, incluindo os irmãos e irmãs de outras tradições religiosas, sob o signo do pai Abraão que reúne numa única família muçulmanos, judeus e cristãos.

Queridos irmãos e irmãs cristãos, que testemunhastes a fé em Jesus no meio de provas muito duras, aguardo ansiosamente por vos ver. Sinto-me honrado por encontrar uma Igreja mártir: obrigado pelo vosso testemunho. Os muitos, demasiados mártires que conhecestes nos ajudem a perseverar na força humilde do amor. Conservais ainda no olhar as imagens de casas destruídas e igrejas profanadas e, no coração, as feridas de afetos deixados e casas abandonadas. Quero levar-vos o carinho afetuoso de toda a Igreja, que está solidária convosco e com o Médio Oriente atormentado e anima-vos a prosseguir. Quanto aos sofrimentos terríveis que experimentastes e que lamento profundamente, não permitamos que prevaleçam. Não nos rendamos à vista do mal que se difunde: as antigas fontes de sabedoria das vossas terras apontam para outra direção, isto é, para fazer como Abraão que, apesar de deixar tudo, nunca perdeu a esperança (cf. Rm 4, 18); e, confiando em Deus, deu vida a uma descendência numerosa como as estrelas do céu. Queridos irmãos e irmãs, contemplemos as estrelas. Nelas, está a nossa promessa

Queridos irmãos e irmãs, nestes anos, muito pensei em vós; em vós que tanto sofrestes, mas não vos deixastes abater. Em vós, cristãos, muçulmanos; em vós, povos, como o povo yazidi, os yazidis que sofreram tanto, tanto; sois todos irmãos, todos. Agora vou à vossa bendita e ferida terra como peregrino de esperança. Das vossas partes, em Nínive, ressoou a profecia de Jonas, que impediu a destruição e levou uma nova esperança, a esperança de Deus. Deixemo-nos contagiar por esta esperança, que anima a reconstruir e recomeçar. E, nestes duros tempos de pandemia, ajudemo-nos a reforçar a fraternidade, para construir juntos um futuro de paz; juntos, os irmãos e as irmãs de cada tradição religiosa. Das vossas partes, milénios atrás, Abraão começou o seu caminho; hoje cabe a nós continuá-lo, com o mesmo espírito, percorrendo juntos os caminhos da paz! Para isso invoco, sobre todos vós, a paz e a bênção do Altíssimo. E a vós todos peço para fazerdes o mesmo que Abraão: caminhar na esperança e nunca deixar de contemplar as estrelas. E a todos peço, por favor, que me acompanheis com a oração. Shukran [obrigado]!